terça-feira, 16 de novembro de 2010

Tem sogra que é boa e ensina o que sabe (carne de lata)

Poderia dizer que o meu tipo inesquecível de mulher é a dona Gel, minha sogrinha. Ainda vou falar muito dela aqui. Quando eu a conheci, ela era uma excelente cozinheira. Nunca comi qualquer comida mineira tão boa como a dela. Ela aprendeu a começar do começo, matando o porco, sangrando o porco, separando as suas partes e processando as suas carnes. Ela fazia a sua própria banha para cozinhar em casa.
 Mesmo antes de surgir a Dona Lucinha e o Xapuri, propus a ela de abrirmos um restaurante de comida mineira, do tipo daquele maravilhoso que tinha em Nova Lima: bem  caseiro e exclusivo. Ela não quis. Hoje eu sei que ela não gostava de cozinhar. Cozinhava por obrigação e maravilhosamente bem, não por prazer, mas somente por amor ao marido e aos filhos. Não é lindo, isso? Foi só o meu querido sogro morrer e ela nunca mais cozinhou com antes.
Toda receita tem uma história. Se não tiver história, duvido que a comida seja boa. Pode ser uma história simples e de momento, mas que remete à alguma coisa do passado, ainda que de um minuto atrás.  
Pude aprender com a minha sogrinha, uma carne cozida conservada em banha, dentro da lata (na época que ela aprendeu a receita, não tinha geladeira). Aqui em casa, faço no fogão a lenha, mas no fogão tradicional, também fica muito boa.
Apresento, a seguir, os passos para realizar esta maravilha para 10 pessoas ou mais.
Uso um pedaço de aproximadamente dois kilos de chã de fora,limpo e sem gordura, recheada com pedaços de toucinho fresco ( com pernil sem osso e sem recheio também é bom).  Tempero, de véspera, com sal, pimenta do reino, vinagre e louro. Douro a carne em banha ( é isto mesmo senhoras e senhores, em Ban-ha de Por-co, pois o prazer do sabor, certamente, vai superar este excesso de gorduras). Coloco o tempero usado na vinha d’alhos e um pouco de água na carne meio frita e, em uma panela de pressão, deixo cozinhar por uns 50 minutos ou até a carne ficar cozida. Tiro da pressão e vou fritando/cozinhando, secando e retornando com os líquidos.
E aí está o segredo, é um fritar/dourar  e cozinhar simultâneos: se a carne começou a torrar na gordura, jogo um pouco de água e deixo secar. Se secou, ponho um pouco de água. Este  processo se desenvolve até a carne ficar totalmente cozida, macia e começando a desfiar. No meio dele, dá muito certo colocar algumas batatas pequenas, inteiras e descascadas para cozinhar/fritar/dourar junto à carne. Mas aí, não deixem de acertar o sal.

Uau, é muito bom!!!!
DICA: se sobrar carne, o que eu duvido, dá para fazer um excepcional Ragu de Carne: o  da minha nona, de preferência. Mas aí, é uma outra receita e uma outra história.

2 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...