quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Flor de cera e a salada de abacate

Ao passear pelo meu jardim, verifiquei que a minha Flor de Cera está renascendo das cinzas. Tal trepadeira faz parte das minhas mais remotas lembranças de infância. Ela sobressaia dentre um dos jardins que eu admirava, no caminho de quatro quarteirões, que eu fazia à pé até o meu Grupo Escolar.

Nesse caminho, eu me encantava, sobretudo, com todas as roseiras floridas de todos os jardins. Eu sabia de cor e salteado a sua época de florir, bem como a cor das flores de cada uma delas. Confesso que ás vezes, não resistia, roubava uma flor, por mim já flertada, a fim levar para o meu quarto e poder admirar sua beleza, sem pressa e sem hora marcada.

Mas a Flor de Cera, por sua inflorescencia particular, em cachos de flores cor-de-rosinhas "de cera"dura, recobertas de veludo, me intrigava mais do que as rosas. Trata-se de uma rara flor de antigamente. Esta muda que eu tenho me foi dada por minha mãe, há vinte anos atrás e foi retirada como "muda" daquela que foi plantada no Retiro. Tal muda, depois de crescer e florescer em minha casa, por vários anos, ao ser transferida do vaso para um canteiro, esmoreceu e quase morreu. Permaneceu em latência por muitos anos. Hoje, renascida, mostra-se cheia de cachinhos por florir.

Ela é muito linda. Vejam só na imagem abaixo, que emprestei da internet.


Embora exista uma boa distância entre a flor de cera e os abacates, me lembrei deles. Trata-se do efeito emocional Retiro, muitas vezes manifestado neste meu blog e que é representado por uma tanto de lembranças jardinais e gastronômicas, que surgem juntas e misturadas às histórias da infância, tudo num mesmo instante e contexto.

No Retiro, dentre muitas outras frutíferas, tínhamos também abacateiros, os quais eram produtivos por demais. Na época das frutas, todas os visitantes voltavam para sua casa com uma leva de abacates maduros , dadas por meus pais, para produzir pretensas vitaminas. Digo pretensas, porque sobravam abacates para o tamanho da vontade por vitaminas. Sabemos que com abacates, só rolava fazer dulcíssimas vitaminas, posto que as maravilhosas preparações salgadas com tal fruta, não faz parte da nossa cultura culinária.

Todavia, para mim este contexto mudou. Gulosa que sou e apaixonada pela culinária mexicana, não pude deixar de me deparar com o tradicional guacamole, preparação essa que endeusa o abacate, por sua criatividade, cor e, sobretudo, sabor. Vai daí que hoje, o uso dos abacates em várias preparações (como aqui) passou a fazer parte da minha cozinha, com muita honra.

No meu guacamole, eu não uso coentro, que substituo por salsinha. Sorry... Eu não gosto de coentro! Sei que por isso, tomaria um zero em qualquer prova de culinária, uma vez que tal erva é a queridinha de muitos chefs. Mas eu não gosto e pronto, falei...

Corto o abacate pela casca, em um corte transversal por todo ele, contornando sua semente. Segurando firme em cada parte, dou uma rodada com as mãos, a fim de solta-las. Ainda na casca, eu faço cortes quadriculados, com a faca e depois retiro tudo, já picado, com uma colher. Amasso, pouquinho, os quadradinhos com um garfo e junto, um tomate sem sementes e uma cebola, picados como para vinagrete; um dente de alho e uma pimenta dedo de moça sem sementes picadinhos; uma "mão" de salsinha também picada. Tempero com sal e suco de limão.

Tal receita é giga versátil, podendo ser excluído dela qualquer ingrediente (menos o abacate, é claro). Ela pode ser servida como tira gosto, sobre pão ou tortilhas ou como uma saladinha de entrada, servida sobre folhas de alfaces ou de endívias. Vejam só...



Deliciosa e refrescante!


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Contemplação forçada: corte de cabelo

Quem está na mesma situ que eu, nem consegue pensar em ir para a cozinha  para se divertir.

Eu acredito que o mal estar, a febrinha chata, a tosse excessiva e as noites sem dormir direito, são os fatores que maculam a produção das boas comidas. Além do que, sob a influência dos sintomas desta gripe, só é possível ficar na cama, contemplando uma TV ou planejando as feituras culinárias, restritas aos nossos próprios pensamentos. Mas confesso... testar a minha receita de mantecato, como me propus aqui, seria perfeito, pois já comprei todos os ingredientes para os testes. Porém por contingência e necessidade estou adiando a preparação até eu melhorar.

Por outro lado, pesquisar sobre futilidades, é ótimo neste estado gripal, uma vez que trata-se de contemplação pura e genuína. É assim que por necessidade  e diversão fui explorar na net opções de cortes de cabelos, posto que vou mexer nas madeixas em breve e pretendo mudar um pouco o visual. Minha estilista de cabelos resiste, pois, assim como eu, adora os meus cabelos longos, como eu nunca os tive nestes últimos anos em que estou com ela.

Convenhamos, os meus cabelos já estão totalmente brancos (e, consequentemente, tintos), lisos demais e , triste, caindo no rosto como numa cara de uma égua lambida.  Então, eu os prendo num rabicó banal para ter mais conforto. Já falei sobre os tratos com o cabelos aqui e aqui e ressalto, mesmo ciente deles, minha situação não se resolve por sí só.

Fiquei impressionadíssima com o look de uma atriz do Emmy, a inglesa, Lena Headey. Ao meu ver, ela trajava um vestido maravilhoso ( prá não dizer o mais lindo de todos), uma maquiagem perfeita e os cabelos do número exato do meu desejo atual. O corte é meio curto e está na cabeça de um deusa, é verdade, mas a inspiração para o que eu quero é perfeita. Vejam só.


O vestido é da Alessandra Rich e vejam só os sapatos rosa choque , sensacionais! E abaixo um close do make e do cabelo. Tudo lindo!



Bem, não poderia deixar de mostrar abaixo, e sem entrar em detalhes, um dos looks mais cafonas da noite. O que vocês acham?


Este estilo couve flor, de cabeça prá baixo, ninguem merece!

SOCORRO!!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Revendo sabores: sardinhas assadas com vinagrete especial

Não sei quanto à vocês, mas para mim as sardinhas em latas sempre foram um coringa na hora do aperto, por sua versatilidade , bom rendimento e baixo preço. Em minha casa, era assim: na falta de qualquer opção de fonte de proteína, a lata delas era aberta, as sardinhas eram amassadas com um garfo e em seu próprio molho, juntava-se muita cebola picada, cheiro verde também e bastante limão ou usava-as para enriquecer um molho de tomate. Tais misturas eras saboreadas com pão ou numa massa caseira de pizza ou até sobre um espaguetti.

Eu, sinceramente, detestava  aquele sabor forte, tão representativo da nossa falta de recursos. Mas, que jeito, muitas vezes eu não tinha outra opção de comida para saciar a minha gulodice e enfrentava tal preparo. Então, ao ficar independente e mais poderosa, nunca usei sardinhas em lata no meu lar de casada.

Vou presentear meu cunhadinho, que comemora 60 anos, com duas opções de preparo. Como ele da adora tomates, preparei o meu excelente tomate à provençal (aqui), fazendo uma adaptação para servir em festa. Ao invés dos tomates inteiros recheados, usei vários tipos de tomates diferentes ( cereja, tomatinho, italiano, macã), picados grandes e cobertos com a tal mistura crocante dos provençais.

Como segunda opção, fiz sardinhas frescas assadas, sob um vinagrete todo especial. Sei das dificuldades do meu cunhado ( tal como as minhas) com tal preparo e até estranho eu ter optado por esta receita que, à priori, ele não gosta. Mas acredito ter chegado a hora de rever os maus conceitos do passado, ainda que aos 60 anos. E mais, estou convicta de que nos dois vamos gostar das sardinhas frescas assadas com o vinagrete especial que eu preparei.

Usei 10 sardinhas frescas e limpas, sem vísceras e nem cabeça. Retirei a cauda e as espinhas e lavei bem. Temperei com sal, limão e pimenta do reino e coloquei para assar em um tabuleiro regado com um bom azeite, por 20 minutos à 180 graus( forno médio a quente). À parte preparei um vinagrete. no fogo médio, em azeite e refogando, num susto, uma cebola , 2 dentes de alho, 2 pimentas dedo de moça sem sementes, meio pimentão amarelo, uma colher de alho porró e uma xícara de azeitonas pretas sem sementes, tudo muito bem picadinho e somente salteado, sem deixar amolecer. Ao desligar o fogo, juntei salsa, cebolinha, mangericão e erva doce, tudo muito bem picadinho. Acertei o sal e juntei aos filezinhos de sardinha. E pronto. Vejam só tal produção na imagem abaixo.


Um tira gosto nota 10, que num bom pão crocante, faz frente a uma cervejinha gelada, a bebida preferida do aniversariante do dia. 



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Valentes X Mentecaptos: Mantecatos espanhóis, a experiência...

Minha mãe sempre foi uma mulher de fibra, abnegada e determinada. Ela é que nem vinho maduro: quanto mais envelhece, melhor fica. Já fale dela aqui, mas não suficiente. Então, ainda falarei muito...

Confesso que eu quero ser como ela quando eu crescer e se ainda tiver tempo de vida para apreender as tantas coisas boas e divertidas que ela desenvolve .

Me pergunto: como é possível, hoje, uma mãe sobreviver bem e evoluir, mediante a criação das 6 filhas, de um apaixonante marido, cheio de carisma e ao mesmo tempo difícil de conviver no cotidiano da vida doméstica. Respondo: várias, todas elas de antigamente, que como ela conseguiram superar e prosseguir com a vida, primorosamente, a despeito de todas as dificuldades, dos problemas familiares, da vida difícil, enfim. Hoje eu acho isto quase que impossível!

Nestes meus momentos de perplexidade e impotência mediante a situação de uma amiga, que passa por um perrengue inimaginável ( para mim) com seu jovem filho, só poderia me mirar na mamãe, que atravessou tantos deles e atravessa, até hoje. Mas ela sempre superou todos e com a cabeça erguida.


Madona Litta de Da Vinci

Então pensando nessas fortes mães, vou homenagear a minha amiga, efetuando uma pesquisa, com direito a experiências práticas (até chegar no ponto certo), sobre os maravilhosos biscoitos Mantecatos. Tal receita, trazida por minha avó da Espanha( outra mãe de fibra), era o preparo preferido das quitandas dos lares da minha família. Contudo, a tradição de tal preparo, ficou perdida no tempo e na ausência progressiva de suas mulheres. Minha mãe preparava maravilhosos mantecatos, sem consultar qualquer escrito. Mas hoje, depois de tanto tempo sem o exercício de tal preparo, se esqueceu das medidas, embora se lembre dos ingredientes: banha, farinha de trigo, açúcar, sal, cachaça e erva doce.

Buscando lá no fundo dos meus conhecimentos culinários e me lembrando do sabor, da textura e da forma dos tais biscoitinhos preferidos da minha infância, arrisco a minha primeira experiência. Vou usar 250 g de banha gelada, amassada, com um garfo, com um copo de farinha de trigo, meio copo de açúcar, uma colher de sobremesa de erva doce, uma colher de chá de sal, de modo a obter uma farofa. Vou ajuntar duas colheres de sopa de cachaça (ou mais) até formar uma bola lisa. Levarei a geladeira por meia hora para descansar. Viu enrolar a massa, cortar e marcar com um garfo, como para um nhoque. Levarei ao forno quente (180graus) em forma untada com banha, por vinte minutos ou até dourar.

Bem, vamos ver se dá certo. Senão vou ajustando a receita e editando ela por aqui até dar certo. Eu creio que a minha memorável gulodice histórica vai me nortear no acerto deste preparo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Comida boa, saúde boa 2 : Lombo de caça

Continuando com aquele sábado de festa, resolvi fazer no almoço uma boa carne cozida.

Me inspirei, mais uma vez na Marcela Hazan (aqui e aqui), que explica a origem dos cozidos italianos. Eles eram feitos nas segundas feira , dia em que as mamas se ocupavam dos afazeres domésticos mais pesados, como a lavagem das roupas da casa. Então elas tinham que preparar refeições que podiam ser "esquecidas" no fogão durante seu cozimento, para dar tempo de cumprir com a rotina doméstica. Acho lindo isto: maravilhosas receitas inventadas por uma contingência do cotidiano de uma mulherzinha dona de sua casa.

Escolhi para este dia, o delicioso lombo de porco preparado ao jeito do javali. Esse "porcão", na Toscana, ameaça os vinhedos comendo suas plantas jovens, sendo portanto muito caçado, processado em embutidos ou gloriosamente preparados como eu fiz.

Usei 1k de lombo de porco ( escolhi um lombo pequeno), temperado de véspera em uma vinha d'alhos composta de  1/4 de xícara de azeite extra virgem, 1 xícara de cebola cortada finamente,3 dentes de alho descascados e amassados na faca,4 folhas de louro inteiras, 1/4 de xícara de salsão picado, 1 colher de alecrim fresco picado, sal, pimenta do reino e 1 xícara de vinho tinto seco ( usei um Shiraz que mais frutado). Retirei o lombo do tempero, sequei-o com um pano de prato e cortei-o ao meio. Levei-o a uma frigideira grande, super quente e com um pouco de azeite e dourei de todos os lados. Retirei o lombo bem douradinho e reservei. Vejam só abaixo.



Na mesma frigideira, coloquei toda a vinha d'alhos e deixe cozinhar os legumes em fogo baixo até ficarem macios.



Enquanto isto, em outra frigideira super quente com um pouquinho de manteiga, salteei 500 gramas de cogumelos shitakes frescos, fatiado sem os talos. Eu não gosto de lavar os shitakes, para eles não encharcarem. Eu uso um pincel de cozinha para limpa-los e se os lavo, faço isto rapidamente enxugando-os com um pano de prato, logo em seguida.



Misturei os shitakes salteados ao molho formado pela vinha cozida, colocando os dois pedaços de lombo a seguir. Cozinhei a carne por 30 minutos, virando a carne no meio deste tempo. E pronto...

Gente, o lombo tem de ser pequeno para cozinhar melhor, mas neste preparo a carne de porco não fica super cozida como estamos acostumados a comer. Ele fica, macio e suculento. Sensacional!

Servi a delícia, com polenta, é óbvio! Mas, como sempre, não fotografei o prato pronto, pode?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Comida boa, saúde boa 1 : Petiscos

Trago por minha vida afora a fama de acreditar que tudo se resolve pela comida. Minha família se espanta com o meu prazer em comer e com a minha preocupação com aqueles que não sentem o mesmo prazer. Confesso, acho que quem não tem tal prazer, está mal. Então gente, não é fama, é a pura realidade saúde para mim é igual a comer bem e prazeirosamente.

Desde de menina eu funciono mediante aos estímulos alimentares. Ter fome, seguido do desejo de comer e do consequente prazer, ou pelo contrário, a inapetência e a indiferença por sabores, explicam o meu grau de saúde e o dos meus amados. Se alguém não tem fome, comeu sem prazer e nem sente desejo de qualquer delícia, no meu mundo, está mal de saúde. Exagero, eu sei. Mas sei também que quem está bem de saúde, física e mental, apura sua capacidade de saborear os alimentos com prazer... e sem dó nem piedade!.

Lembro-me aqui do João Ceschiatti, que ainda criança frequentava a cozinha da minha avó. Por lá ele deve ter aprendido as maravilhas culinárias italianas e espanholas, numa cozinha das antigas, em que os ingredientes por lá chegavam, aos balaios trazidos nos lombos de burros. O João era um grande homem de teatro, mas para nós, da família ele era muito mais que isto. Era um grande amigo cozinheiro, que tinha um restaurante privê montado em sua própria casa no Barro Preto. Só os poucos e bons amigos, tinham o privilégio de se deliciar com as delicias do João. Eu tive este privilégio.

A história do João me marcou não só por sua convivência com meus pais, minha avó e tios, mas também por  sua doença terminal, um câncer na boca, que dele tirou o prazer do paladar, daquela alma marcada por sabores. Triste! Mesmo assim, antes de morrer ele serviu a minha família, nos idos da década de 80, um sensacional jantar: casquinha de siri ( nunca tinha visto isto na minha vida), camarões VG grelhados  e muitas outras coisas que nem me lembro o sabor. Mesmo assim, jamais me esqueci dessa história e nem do seu clima.

No último sábado preparei um almoço dos deuses para os meus convidados e  muitas delícias para os amigos que por minha casa passaram buscando boas notícias. As notícias eram muito boas, à altura das minhas delícias. Gente, a um certo momento, eu me vi, feliz da vida, às voltas com umas vinte pessoas queridas circulando em minha casa.

Nestes momentos, eu me inspiro na história da minha família acolhedora e, agora, na do João, que também é "cria" desta história.

Servi de entradas, com ótimos pães italianos e franceses, um maravilhoso palmito confit ( aqui), conserva de pimentões vermelhos e amarelos ( são assados com casca até ficarem escuros, descascados, picados e temperados sal, azeite extra virgem e alho descascaso e amassado), cebola caramelizada ( roxa, em rodelas, cozidas até quase desmanchar em azeite, açucar mascavo, sal, pimenta do reino, suco de limão e vinagre balsâmico);tomatinhos confit (aqui), dentre outras delícias. Vejam só as fotos abaixo.

 Palmito fresco confitado


cebola caramelizada

 conserva de pimentões


tomatinhos confitados

Ainda gostaria de repassar o cardápio do almoço. Mas este post está longo por demais. Em breve, posto a segunda parte dele.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Falta, criatividade, presença: Bacalhau em lascas à Lagareiro

Não é novidade para ninguém a minha fissura por preparar e saborear um bacalhau, como já postei aquiaquiaqui e aqui. Ops, já passei várias preparações dessa iguaria para vocês. Mas sempre acho que é pouco. As alternativas deliciosas usando esse produto são infinitas.

Confesso que mesmo adorando tudo aquilo que é feito com bacalhau, eu tenho a minha receita preferida. Trata-se daquela que não faz miséria com o uso de tal peixe, o que para mim é inusitado. O meu aprendizado na feitura deste peixe sempre foi permeado por dificuldades de acesso ao lado nobre do bacalhau, me sendo somente permitido usar  as lascas de um bacalhau alternativo, de origem duvidosa e pobre em processamento. Trocando em miúdos, aprendi a usar o máximo do sabor dele, espalhado nos pedaços de um bacalhau de quinta, com o mínimo da presença daquele que me inspira até hoje: o verdadeiro bacalhau do porto, ou o Cod ou o que seja. É aquele que possui uma parte grossa e magra ( acima de 5 cm, após o dessalgado), laminável e que enche a boca de sabor.

Então gente, poder saborear um "lombo de bacalhau" preparado "em si", sem qualquer despiste, é ainda para mim, um privilégio! Hoje me sinto muito honrada por poder preparar e servir um lombo de bacalhau de primeira, sem muitas dificuldades. Adooooooro!!!!

A preparação clássica do Lagareiro se trata de um lombo alto de bacalhau do Porto com seus temperos e aromas. É só, e estamos combinados! Huummm tudo de bom...

Neste último feriado me vi diante a um bacalhau que comprei em lascas, pensando em usa-lo num arroz, ou num "espiritual". Enfim, no frigir dos ovos, me ví a fim de preparar um Lagareiro, sem ter em mãos os produtos adequados para prepara-lo.Não me fiz de rogada, busquei compatibilizar o espirito de tal receita com a minha realidade de cozinha disponível para o momento. Me dei bem. Culinária também é isto: saber aproveitar o máximo do que se tem, para buscar aquilo que gente quer comer.

De posse de tal inspiração, inventei uma receita de um ótimo bacalhau "Lagareiro em lascas".

Para 4 a 6 pessoas usei 600g de lascas de bacalhau do Porto dessalgadas ( já passei a manha desta técnica neste aqui). Aqueci duas xícaras de azeite com 3 dentes de alhos inteiros e descascados e uma xícara de azeitonas pretas portuguesas ( aquela pretinhas e miudinhas), a fim de aromatizar tal azeite. Mantive tal mistura em fogo baixissimo, sem deixar ferver e por uns 15 minutos, ou até o alho amaciar.

À parte, assei, até ficar "al dente", 4 batatas pequenas cortadas em 4 "palitos", untadas com azeite e temperadas com um tantico de sal e pimenta do reino. Depois disso, juntei as  batatas às lascas de bacalhau ( sem qualquer espinha ou pele), duas cebolas médias finamente fatiadas e reguei com o azeite no qual curti as azeitonas ( tirei as mesmas para fazer uma salada com pimentão grelhado). Levei tudo ao forno quente, em uma forma coberta com papel alumínio, por uns 40 minutos, ou até a batata ficar macia.

Servi com arroz, salada de folhas com pimentão vermelho grelhado e azeitonas( as que sobraram no azeite do bacalhau) e feijão preto. Delícia...

 Vejam só a delícia  do prato que eu saboreei.

 Acrescentei aí a salada de pimentões vermelhos com azeitonas portuguesas e alface.

A minha família se esbaldou com o prato abaixo .


Bom por demais!!!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Cabelos verdes versus cabelos louros

Quando jovem, eu adorava uma piscina e nadava quase que diariamente. Cheguei a ser nadadora do Minas, treinando todos os dias e ganhando medalhas em competições realizadas aqui e acolá. Mas ao adolescer na privação do lazer, imposta por tal esporte, devido ao treinamento diário e às competições semanais, desisti deste meu futuro brilhante de atleta.

Nesta época, tinha cabelos longos e louros, que na verdade viviam verdes, devido ao excesso de cloro. Não me importava muito com isto, pois a minha vaidade era próxima de zero.

Ao longo da mocidade, busquei me exercitar em outras atividades físicas como o ballet, que também me dava muito prazer, ao contrário  das ginásticas oferecidas à época, que eu detestava ( e dou um tostão para quem gostava!). Trago comigo essa antipatia até hoje, que se estendeu pelas práticas físicas mais modernas, tais como a musculação, a caminhada e a corrida.  É assim que embora, por necessidade e obrigação, eu tenha praticado anos de musculação, sempre a executei dentro da máxima: "fazer o mínimo necessário e nada mais".

Hoje estou completamente sedentária e sempre encontro uma boa desculpa para não me exercitar. Porém agora não vai ter jeito não! Vou correr atrás de uma natação básica, na expectativa de sair do sedentarismo, me reencontrando com as piscinas inesquecíveis da minha juventude e ter algum prazer. Nem é necessário ter prazer, só não precisa ser um sacrifício.

Como já estava arrumando mais uma desculpa para não nadar ("ai, ai os meus cabelos vão ficar um lixo!" ) resolvi reagir a ela e pesquisar sobre os cuidados com os cabelos na natação. Afinal, uma mulherzinha como eu, não pode jamais se abater por uma questão que terá uma solução bem cosmética, exigindo o consumo fútil.

Então é assim:

  1. Vou passar um bom protetor de cabelos. Estudos comprovam, por exemplo, que o extrato de girassol é excelente contra ação do sol nos fios. Para finalizar, os protetores para cabelos formam um filme que impede que o sal e o cloro se depositem sobre a fibra. Por isso, são excelentes para quem faz natação. 
  2. Vou usar touca de silicone. Para facilitar sua colocação, vou prender os cabelos em um rabo de cavalo no meio da cabeça, enrolar em coque, segura-lo com uma das mãos e coma a outra, colocar a touca. Com o protetor aplicado, a touca deslizará melhor.
  3. Recomenda-se também o uso de uma touca de tecido, por baixo da de silicone. Para mim é produção demais, vou dispensar.
  4. Depois da piscina, lavarei os cabelos com um shampoo sem sal, secarei delicadamente os cabelos com uma toalha, aplicarei um creme para pentear e desembaraçarei com um pente grosso.
Será que vai funcionar? Diz a minha amiga Iara, nadadora de carterinha, que não tem jeito, os cabelos ficam horríveis, mesmo assim. Em compensação, segundo ela, a pele fica dourada e o humor vai lá prá cima. Será? Vou tentar! 

Nesta perspectiva, compartilho abaixo uma imagem emprestada da internet, com a qual eu mais me identifiquei.




Pliocênica Preguiça Nadadora

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Carinho e aconchego: Canja de galinha

Para mim, ter de passar alguns dias "morando" num hospital é horrivel. Nem tanto pela preocupação e ansiedade com os nossos ( isto dá prá fazer), ou por não estar na minha casinha ( também dá prá fazer), mas sobretudo pela comida ( comida ruim, não dá prá fazer). Não é lenda, é fato: comida de hospital, pelo menos em BH, é péssima. E o pior, depois do paciente passar dos 60 anos ( idoso...), seus acompanhantes tem direito às refeições, que são pagas pelo convênio. Então, não tem mais aquela saída estratégica de arrumar alguém para nos render, em uma saidinha básica, para  almoçar algo decente.

Nestes dois dias que eu almocei e jantei no hospital, só não passei fome, porque não tinha como sair de lá. Em sendo faminta e gulosa, eu comia o que vinha na minha marmita. Não diferenciava, muitas vezes, se estava comendo carne de porco ou de vaca! Fiquei pensando sobre como a comida hospitalar é descuidada em termos de sabor e apresentação. Concordo que deve-se evitar o sal e a gordura e que é mais prático usar embalagens e talheres de plástico descartáveis, apesar de não serem sustentáveis. Mas poxa, mesmo a comida sendo preparada para muita gente e com restrições nutricionais, dá para ser muito melhor do que as que eu comi. Afinal, alho, cebola, ervas e azeite só fazem bem, impõem um ótimo sabor e não são tão caros assim. E mais, um enfermo em recuperação e seu acompanhante estressado e exausto, mais que merecem uma comida saborosa. Comida saborosa aconchega e demonstra carinho de quem a produz.

É assim que, desprezando todas as péssimas possibilidades apresentadas pela nutricionista do hospital, ofereci para o enfermo nauseado que eu acompanhava uma canja de galinha preparada em minha casa. Tal preparo, embora simples, tem de seus macetes para cumprir a sua sina de ser um prato "levanta defunto". O principal macete é que deve-se utilizar frango caipira com pele e gordura na receita. É sabido que tal gordura preparada em uma canja, tem predicados especiais na recuperação do indivíduo, possuindo algum poder antiinflamatório. Fato é que além de funcionar bem na recuperação de enfermos (experiência própria), ela é deliciosamente simples e completa, em termos de nutrientes.

O melhor é usar a carcaça do frango, os seus pés e o seu pescoço, os quais são mais ricos na tal gordura do bem. Mas como o meu enfermo não gosta de frango ( mas adora a minha canja), eu usei o peito com pele e os seus ossos.

Em uma panela eu refogo, em pouco azeite, 1 cebola e 2 dentes de alho picadinhos. Junto meio peito de frango caipira, com osso e pele, e deixo dourar. Junto uma batata descascada e uma cenoura limpa, picadas em cubos, além de uma folha de louro. Adiciono 2 copos de água e deixo cozinhar até o peito até ficar macio e se desprendendo do osso. Provo e se faltar sabor adiciono um cubo de caldo de galinha e ajusto o sal. Retiro o peito, desprezo a pele, desfio a carne e a retorno à sopa. Sei que no caldo já ficaram todas as propriedades contidas na pele e nos ossos. Não preciso deles mais. Adiciono duas xícaras de arroz cozido e temperado; se uso arroz cru, lavo-o e o insiro na preparação no momento de adicionar a água.

Eu só provei a maravilhosa canja. Como vim dormir em casa hoje, fiz somente prá mim um ribeye (aqui) e cabelinho de anjo com molho de queijos. O molho de queijos é uma mistura das sobras dos queijos da casa, grosseiramente raladas e aquecidas com um pouco de leite, em fogo médio com um tanto de creme de leite fresco. Uma pitada de noz moscada na hora é indispensável. Aí, é só acertar o sal e misturar o molho à massa. Vejam só a minha deliciosa e confortável comida.


É tudo que eu precisava, depois de tanto estress, muito mal acompanhado de muita comida ruim!
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