quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ano próspero: Lentilhas com funghi secchi

A primeira passagem de ano que eu comemorei nesta minha casa, éramos somente nós: casal e 3 filhos. Tínhamos acabado de mudar para esta casa, que fora recém construída, no seu básico para viver. Ela tinha ainda aquele cheirinho de cimento e de tinta e muitas coisas fora do lugar. Assumimos o nosso modelo de família feliz e ficamos neste espaço querido, juntinhos e indiferenciados com os nossos filhotes pequenos de 9, 7 e 5 anos. À epoca, a nossa casa era a única plantada num pedaço de terra, em um raio de 1 km. Era a única luz da quadra. Resolvemos que não íamos sair para qualquer reveillon e que íamos ficar isolados, ali no nosso ninho. Afinal, era a primeira passagem de ano em nossa própria casa e com a nossa família completa. Entramos no novo ano, só nós mesmos, apreciando a vista da cidade distante. Delícia!

Não me lembro, mas se me conheço bem, devo ter enchido minha casinha de flores e preparado um delicioso jantar. Certamente não servi lentilhas, pois ainda não conhecia a superstição de que ela trazia sorte e prosperidade. Mas logo, logo, assimilei isto. E partir daí, sempre que fiz festa de reveillon em minha casa, servi lentilhas. Mesmo porque, trata-se de uma ingrediente delicioso, saudável e versátil.

Este ano, não será diferente, servirei arroz com lentilhas e cebolas crocantes aos meus queridos, como acompanhamento de um sensacional pernil.

Porém recomendo também como entrada uma preparação de lentilhas num tipo caldo, que pode ser servido como sopa ou como molho de uma massa. É deliciosa. Em setembro eu a preparei para festejar o niver do meu cunhado. Vejam só que beleza de prato.


Para 10 pessoas eu coloco para hidratar 100g de funghi secchi em 3 copos de água fria, por uma hora. Depois de amolecido, escorro os cogumelos em uma peneira e reservo eles e a sua água.

Cozinho à parte 500g lentilhas, submersas em uma quantidade de água suficiente (uns 2 L) , até ficar ao dente, com 3 folhas de louro e um pouco de sal. Reservo.

Refogo em farto azeite de oliva 1 cebola média picadinha, 3 dentes de alho picadinhos e o funghi hidratado, picado em laminas e escorrido. Não desprezo a água usada na sua hidratação. Ao contrário, eu passo por um guardanapo para retirar os resíduos, reservo e a uso no final da preparação. Tal sabor não pode ser desperdiçado.

Espero o refogado de funghi adquirir cozimento e textura macia e deglaço com uma xícara de vinho branco seco. Espero ferver e junto uma lata de tomates pelados picados, com o seu caldo e 2 tabletes de caldo de carne (ou de vegetais). Espero cozinhar um pouco. Junto as lentilhas e a água do funghi e espero apurar um pouco. Acerto o sal, salpico pimenta do reino moida no moinho, deixo cozinhar mais um pouco e pronto. Sirvo sobre um penne cozido ou como uma sopa, com salsinha picada.

Podem acreditar, o sabor é inigualável. Quanto a prosperidade que este caldo traz, sei não....

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O caldo bom: torta com sobras de aves

Sempre fui expert em aproveitar sobras ( de arrozde frango, queijos e frutas secasde ceia). Desde moça, após um dia inteiro de aulas, chegava em casa de noitinha, abria a geladeira e encontrava nada mais além de sobras...Bem, glutona como sempre fui e exigente nos sabores, eu fazia dessas sobras, verdadeiros manjares.

Na ultima semana, aproveitei todas as sobras da geladeira, tais como as de uma picanha assada há dois dias, do bacon inutilizado da feijoada da quinta, das sementes do tomate usado em um Bobó de sábado, da mandioca amassada e sobrada no preparo do mesmo bobó, da cebola, do alho e de outros tantos temperos que sobram (graças a deus) de outras preparações culinárias executadas em minha casa.

Juntei isto tudo picado num mesmo refogado, com sua base em azeite cebola e alho. Temperei com sal, pimenta do moinho, azeite, louro, um tantico de creme de leite fresco e... a saborosa maravilhosa gastronomica se fez.... Um caldo com textura, sabor e cor que creio, não conseguirei produzir mais.

É assim, minha gente, dá o maior jogo, usar as sobras da semana numa sopa, num caldo, numa salada, num mexido, num risoto, numa torta.... são tantas a opções de reaproveitamento!!! Não dá para desperdiçar. E se reaproveitamos, com criatividade e bom humor, produzimos pratos únicos, com sabores inéditos..

Neste natal, um dos melhores dos últimos anos, preparei um lindo, suculento e saboroso peru. Com suas sobras de peru, nada melhor do que uma torta inspirada em uma sensacional receita do J. Oliver. Ela pode ser feita também com qualquer sobra de outras aves ou de presuntos e outros embutidos.

Faço o recheio da torta em uma frigideira grande e quente, na qual frito 2 fatias de bacon em azeite de oliva e manteiga. Adiciono 2 alhos porró bem picado em rodelas (pode ser cebola também), tempero com sal e pimenta e deixo cozinhar um pouco. Junto ao refogado as sobras de peru( 800g) picadas em tamanhos grandes, 2 colheres de sopa de farinha de trigo, tomilho e misturei tudinho. Adiciono 2 litros de caldo de frango ou de legumes e 2 colheres de sopa de creme de leite fresco para dar cremosidade e acerto o sal e a pimenta. Depois de tudo cozido e engrossado, coloco tal refogado em uma peneira para separar as carnes e legumes doo caldo, que uso como molho.

Abro uma massa folhada comprada pronta, adiciono nela folhas de salvia (ou de outro tempero fresco) e castanhas portuguesas cozidas e picadas (ou outra castanha qualquer), dobro aberta a massa sobre elas e abro-a com rolo outra vez e delicadamente a fim de incorporar a massa.

Coloco o refogado de peru e legumes sem seu caldo numa assadeira de tamanho médio , reservando o caldo que foi coado. Cubro tudo com a massa aberta, faço um talhos nela, a fim de liberar o vapor do cozido e pincelo com gema de ovo. Levo ao forno médio pré aquecido (190 graus) por 40 minutos ou até dourar. A do Jamie ficou assim:


Aí é só servir com o molho e uma salada de folhas bem temperada, com o molho por cima.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Quinta de flores no natal e os pedacinhos de felicidade

Tenho cá comigo que a felicidade plena não existe, sendo ela inalcansável no meu mundo. Mas sinto alguns pedacinhos dela, vez por outra.

Estar no passeio da floricultura, acompanhando o descarregamento do caminhão de flores, me afogando no meio delas e experimentando as infinitas opções de arranjos para a minha casinha é, com certeza, um dos meus pedacinhos de felicidade.

Ontem me apaixonei pela Gloriosa, lírio que eu já conhecia de arranjos feitos por minha amiga paulista. Ela é a cara do momento, por sua forma de bola de natal antiga e por suas cores fortes. Vejam só:


De pronto solicitei ao meu florista um monte delas, mas todas já estavam vendidas. Tratava-se de uma encomenda feita por outro cliente. Bem, me conformei e fui buscar outras opções e me dei bem. Encontrei um único molho de Lisiantus rosa seco e outro único de cravos quase da mesma cor. Selecionei também, para me consolar da perda da Gloriosa, Feijãozinho e Astromélia, buscando impor na minha casa as cores do natal.

Vejam só os arranjos que eu montei.

Este acima, foi feito com cravos, lisiantus e lupinus que montei em 3 alturas diferentes. 

Acima, os cafezinhos com astromélias laranja.

Concluidos os arranjos, fui comer nachos preparados pelo meu genro, numa mesa rodeada de queridos, o que também é para mim um pedaço de felicidade.

Ainda, preparar os meus arranjos de flores para o natal escutando minha filha estudar ao piano a belíssima composição de Schubert op 94 n 2 é um pedação de felicidade.

 Abaixo compartilho tal peça interpretada por outro pianista, Narek Gazaryan.

É isto: que todos vocês estejam tendo um período de natal como o meu, cheio de pedaços de felicidade!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Na última hora: Presentes e Bacalhau à Mia

Somente ontem, há quatro dias do natal, dei início a maratona das compras de presentes de natal, a qual nos anos anteriores tinha como ponto de partida o mês de outubro. Estou bege com a minha falta de expediente, num dos momentos mais importantes deste ano. Creio que ainda estou meio perplexa mediante ao excesso da minha alegria, por estar junto com toda a minha família. Há dois meses, éramos 3 e hoje somos 9.

Creio que muitos estão na mesma lerdeza que eu, quer seja por motivos similares aos meus ou porque estão às voltas com os compromissos pendentes que devem ser resolvidos ainda neste ano de 2011.

Muita calma minha gente, ainda há tempo, mesmo que na última hora. Ano passado dei dicas presentes, para aqueles que são como eu era: precavidos e antecipados. Neste ano, estou simplificando, adotando critérios dar conta, no apagar das luzes, da missão de compra de presentes de natal:

  1. Fiz uma lista de cada querido ou querida que eu quero presentear e pesquisei os interesses e necessidades deles por observação ou por consulta;
  2. Foi regra neste ano a compra de presentes simples, fáceis e de preferência, comprados no comércio da esquina;
  3. Para os idosos listei chinelos de espuma laváveis, roupas de dormir, roupas de banho e cheirinhos de toda sorte;
  4. Para os rapazes selecionei camisetas básicas, bermudas, sandálias, calções, livros e discos;
  5. Para as mocinhas pensei em bolsas, sandálias, camisas, maquiagens, perfumes, cremes,   lenços, biquinis, viseiras, bijus; 
  6. Para os meus ajudantes e suas famílias listei peru, vinho, bombons e outros pequenos agrados que sempre trago de viagens;
  7. Para os que nos prestaram seus valiosos serviços com competência, amizade e carinho comprei vinhos e livros;
  8. Para o companheiro busquei aquele sabido objeto do  seu desejo, sempre.
Utensílios de cozinha, objetos de casa, artigos importados ou de informática, obras de arte, pequenas jóias poderiam ser uma opção de presentes mais sofisticados. Mas declinei desta vez. Seria muita produção, pois exigiria uma pesquisa mais apurada e muito dinheiro no bolso e isto está totalmente fora da minha disponibilidade.

De última hora também, pensei em fazer um bacalhau bem sofisticado para o almoço de natal. Digo "de última hora", ao refletir sobre o tempo necessário para demolha-lo, que varia de 2 a 3 dias. Mesmo assim, lembrei-me do maravilhoso  Bacalhau à Mia servido recentemente por meu compadre, sobre o qual me esbaldei. Vejam só a foto da delícia.



Para 6 a oito pessoas eu demolho 2 Kg de bacalhau do Porto com a sua pele. Já sem sal, eu retiro a pele, os espinhos e corto em pedaços( files) grandes e afervento em água por uns cinco minutos e reservo. 

Cozinho na água de fervura do bacalhau, 1,5 Kg de batatas com sua casca, deixando-as um pouco duras, corto-as em rodelas grossas (1,5 cm) e reservo. 

Cozinho, lentamente, em um vidro de azeite de oliva de excelente qualidade, em fogo baixíssimo, 3 dentes de alho picados e 1,5 kg de cebolas cortadas em rodelas até ficarem transparentes, tempero com sal e pimenta do reino do moinho, desligo o fogo, verto 2 colheres de vinagre de vinho branco e reservo.

Monto em um refratário camadas na seguinte ordem: parte da mistura de cebolas, os files de bacalhau, as batatas, um punhado de azeitonas pretas portuguesas e o restante do molho de cebolas. Levo ao forno médio, pré aquecido, a 180 graus por 30 minutos ou até que o azeite ferva. Salpico um punhado de salsinha picadinha e sirvo com arroz e nada mais.

É simplesmente  fabuloso!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sempre cabe mais um: Arranjos de mesa

Sinto saudades da mesa de refeições da casa dos meus pais. O centenário móvel, fabricado por meu avô paterno, em maciço jacarandá negro, comporta de 10 a 12 pessoas e é lindissimo. Embora negra, imensa e maciça, apresenta um desenho delicado, suave e em forma ovalada. Já mencionei em outros posts algo sobre as artes do meu avô por aqui. Porém esclareço um pouco mais, meu avô Pedro veio da Itália para o Brasil aos 30 anos, se estabeleceu como um comerciante de madeiras e um artista da marcenaria nos idos de 1800 e tanto. Foi um dos pioneiros na construção de BH. Por exemplo, o corrimão daquela bela escada espiralada do Palácio da Liberdade, foi produzido por ele. Muito legal!!!

Então, além de ter crescido cercada de orgulho por este homem tão especial, seus belíssimos móveis convivem comigo, desde que eu nasci até hoje.

A minha falta de tal mesa se fez presente nestes últimos dias, posto que a minha família  aumentou muito nestes tempos de festas. Ou seja, as refeições familiares em minha casa tem acontecido num maior aperto. Na minha mesa de 6 lugares, tenho de acomodar 10 comensais. Uso o meu móvel de louças para dispor os preparados frios, posto que os quentes com vapor podem estragar o lindo óleo da amiga Liliane Dardot ( abaixo) com cuidado para não ele não se expor ao vapor . No fundo eu me divirto com tal produção, mas gostaria de receber todos os meus com mais conforto.


Neste contexto de família grande, festeira e comilona é difícil pensar e viabilizar uma decoração de mesa, uma vez que nela muitos se acomodam cedo, no momento dos tira gostos e só se levantam após a última garrafa de cerveja. Vez por outra disponho sobre ela arranjos de flores e de frutas, mas confesso, eles duram somente até a primeira parte da maratona a dos petiscos. Obviamente que em dia festas grandes, produzo uma mesa com as minhas preparações culinárias dispostas em minhas louças e poucas pratas antigas, enfeito com heras e flores sobre uma toalha de mesa de linho e voi la. Ela fica semelhante a da imagem abaixo.


Penso que as ceias e almoços de natal  e reveillon merecem uma decoração mais caprichada. Então mostro abaixo uma seleção de fotos que fiz na internet, para me servirem de inspiração.

Uma alternativa bem legal é enfeitar com flores comestíveis frescas (brócolis, couve flor, alcachofras, figos), como abaixo.


Outra, é açucarar as flores comestíveis coloridas ( violeta, capuchina. rosas, amor perfeito) e as frutas frescas, como abaixo.



Esse processo é super fácil de fazer. Bastar pincelar as frutas e flores com clara de ovo e a seguir, passa-las por açúcar (eu prefiro o cristal). Após duas horas, elas estarão perfeitas, com este jeitinho orvalhado e meio que cristalizado e podem ser usadas sobre as mesas e com decoração de travessas.

Aproveitar a ocasião para usar minha coleção de pratos antigos também é bem legal. Gosto de usa-los todos misturados, em tons complementares e com arranjos de flores desses mesmos tons, como abaixo.


E se eu tiver um ataque de modernidade posso me inspirar na idéia abaixo.


Agora, para ser muito chique mesmo posso me inspirar no video Marie Claire Maison. Importante nessas inspirações são os arranjos de flores e frutas montados baixos, para não atrapalhar o convívio dos comensais. Não há nada pior do que ter de ficar empurrando para lá e para cá um enfeite, que ainda que ele esteja lindo, tampa os rostos dos nossos companheiros de mesa.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pausa para futilidades: removedor de esmalte

Vida dura esta minha! estava quietinha no meu canto, me fazendo de morta, sem pensar qualquer delírio consumista. Aí me escreve a filhinha de Paris, de malas semi prontas para a viagem de festas de fim de ano no Brasil, fazendo a tal pergunta que eu resisti em antecipar a resposta: mãe, tem promoção na Sephora, quer que eu te leve alguma coisa?Esta é a hora.

Bem, tudo aquilo que estava ali adormecido no fundo do meu ser, explodiu. Enlouqueci! Vai daí que passei uma tarde explorando as belíssimas futilidades da loja on line, montei uma humilde lista de 5 itens e enviei para ela no mesmo dia. Depois disso, me acalmei e voltei ao meu a...normal de pessoa que vive com o básico e que se dedica à missão atual de organizar as festas de fim de ano com a família unida.

Nesses dois últimos dias, tive que interromper a execução de tal projeto, mais uma vez, pois  me dediquei a apreciar as minhas belezuras trazidas do mundo de lá. Vejam só:

Á direita o maravilhoso lápis Khaki Electro (07) da Sephora ( detalhes na próxima imagem) e escovinha para tirar os horrendos excessos de rimel dos doces cílios.

Esta escovinha é o canal, naquele momento crucial em que usamos a máscara de cílios e os pequenos embolotam e grudam entre si. De sobra, uso a sobra que resta na escovinha sobre as sombrancelhas, para mascarar os fios brancos.

Este lápis eu descobri há mais de dois anos e nunca mais larguei dele. Ele é macio, com o brilho exato e de um verde acinzentado lindo!


Acima o estojo Pirates of The Caribbean da Urban Decay ( edição limitada) com 6 cores escandalosas, além de primer para pálpebras e lápis preto.

Mas a melhor de todas as surpresas foi o Bain Dissolvant Express Sephora. Trata-se de um removedor instantâneo de esmaltes. É enfiar a unha na buchinha que ocupa toda a embalagem e tantantantan... a unha sai limpinha, sem qualquer residuo do esmalte. Finalmente acabou aquela lamúria de ficar horas passando removedor com algodão na minhas unhas pintadas, sobretudo se o esmalte for escuro (marron, vermelho, preto, os meus preferidos). Então vamos combinar que pelo menos este produto não é fútil.



Vocês sabem que desde de novembro de 2011, a sacks, vende essa excelente marca de comésticos. Mas ainda não se acha tal produto. Então, aquelas que viajarem para o exterior não deixem de obtê-lo, pois vale super à pena.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ceia de natal: Peru incrementado

Todos já conhecem a minha predileção por aves como já expressei  em Frango de Vitrine e em Pato. Porém, o meu marido é desses que tem restrições organolépticas receitas produzidas com tais  animais. É assim que, afora o franguinho do dia a dia, que preparo de forma a mascarar as sua propriedades clássicas e tradicionais, devo reconhecer que poucas foram à vezes que me dediquei a explorar a culinária sobre os perus, patos, codornas e afins, como já comentei aqui.

Num destes últimos fins de semana tive a oportunidade de saborear, num dos meus encontros saborosos, promovido por meu grupo de amigas cozinheiras, uma codorna assada com molho agridoce, servida à moda do sul, com polenta mole. Estava simplesmente fantástica.



Mesmo tendo recebido todas as orientações sobre o preparo de tal delícia, sei que, por motivos óbvios, dificilmente o reproduzirei em minha casa. Também o tradicional perú assado, belíssimo prato que me seduz nas ceias de ação de graças encenadas nos filmes americanos (não tiro olho dele, gente!) não irá merecer a minha atenção, exceto nas ceias de natal e muito de vez em quando.É o caso deste natal, posto que fiquei encarregada de preparar o peru para a ceia da minha família.

No lar da minha juventude, vez por outra, era servido o peru assado no natal. Isto acontecia quando era adquirido de véspera, uma ave ainda viva que dormia bêbada no terreiro da casa. Naquela época não existiam perus congelados e disponíveis no mercado.Trata-se de um preparo que  sempre considerei difícil em termos de sabor. Via de regra, diferentemente do frango,o peru assado guarda uma carne fica seca e sem graça.

Mas desta vez estou animada em explorar o seu máximo em sabor e textura, usando um preparo inspirado em receitas dos ingleses J. Oliver e  G. Ramsay.

Limpo, em temperatura ambiente, um peru pequeno (sem as patas e nem o pescoço).  Tempero por dentro com sal e pimenta do reino moída. Separo com as mãos, bem delicadamente, a pele do peito, da sua carne, de um lado e de outro. Ali, entre a pele e a carne eu insiro uma manteiga de ervas, em pequenas partes, espalhando bem por todo o peito, empurrando-a delicadamente com as mãos. Essa manteiga é preparada com 200g de manteiga fria amassada com raspas de um limão siciliano, suco de meio limão siciliano, sal, pimenta do reino, 2 ramos de tomilho picados, 2 dentes de alho amassados, um ramo de alecrim picado e um fio de azeite. Abaixo mostro uma imagem desta técnica sobre um frango e realizada com faca. Mas eu prefiro fazer com a mão, pois acho mais seguro.

Com todo o carinho, arrumo a pele sobre a ave de modo a cobri-la por inteiro. Recheio o peru com uma cebola, uma folha de louro, um limão siciliano inteiro ou uma laranja azeda e aferventada. Fecho o peito com palitos e amarro as coxas para ele ficar de pernas fechadas e bonito. Para assar o peru, eu prefiro mais usar este tipo de recheio do que a farofa, por proporcionar à parte interna da ave um cozimento equilibrado, suculento e cheio de sabor. Unto toda a ave com a manteiga de ervas que sobrou e massageio delicadamente, para não extrair a manteiga sob a sua pele. Rego com um pouco de azeite.

Asso, numa assadeira que possa ir ao forno e ao fogo, em forno alto, pré-aquecido a 220 graus, por 20 minutos ou até ele dourar. Retiro do forno e cubro o peito com um pacote de bacon cortado em fatias finas. Volto o preparo para o forno médio, a 180 graus e asso por mais umas 3 horas (30 minutos,para cada quilo). De vez em quando, eu rego o peru com o molho que vai se formando na assadeira. Sempre fico em dúvida se devo cobrir o assado com papel alumínio. Mas sempre decido sobre isto ali, na hora do cozimento. Se acho que ele está dourando muito rápidamente eu cubro com o laminado. E claro, se o bacon ficar crocante, antes do peru, eu o retiro, reservo e deixo seguir o seu cozimento.

Ao ficar assado, corado e lindo, retiro o bacon, o recheio de cebola, as duas asinhas, o sobre e o transfiro para outra panela, cubro com um laminado e espero descansar por umas 3 horas. Este é o segredo do peru macio, suculento e saboroso: o descanso do guerreiro pelo mesmo tempo do cozimento.

Enquanto isto, coloco a assadeira que saiu do forno sobre o fogo baixo, junto com as asinhas e o recheio picados (cebola e cítricos), uma colher de manteiga, uma colher de farinha de trigo e depois de bem quente, deglaço com uma garrafa de sidra seca ou dois copos de vinho branco seco. Adiciono um pouco de caldo de galinha para diluir um pouco o molho. Deixo em fogo baixo por algum tempo, até cozinhar tudo muito bem, quase que desmanchando e para engrossar. Amasso os legumes, passo a mistura por uma peneira, espremendo bem os pertences para extrair todos os sabores , acerto o sal e a pimenta e sirvo o caldo numa molheira à parte. Se tenho, adiciono nozes quebradas no final do preparo.

Para acompanhar tal preparo sugiro o recheio do Oliver, que pode ser servido assado ou uma farofa de castanhas , substituindo o biscoito por pão dormido e esmigalhado e adicionando o bacon crocante e picadinho.

Melhor do que isto, não tem jeito de ficar!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Presentes de natal: Embrulhos

Hoje é dia da Santa Çãozinha, padroeira de BH, último dia para a montagem da árvore de natal, de acordo com a tradição da minha família. Então, no lar da minha infância, nesse dia, já com todos os enfeites providenciados e a base da árvores montada para a finalização dos projetos de arranjos natalinos. Eu adorava aqueles encontros como minha mãe e minhas irmãs, que sempre se transformava em uma festa antecipada. Gostava mais ainda de, a partir de então, poder compartilhar com elas a lista dos meus desejos de presentes, mesmo sabendo que nem todos seriam satisfeitos.

No grande dia da véspera, minha casa era de muita animação, durante todo o dia, na arrumação da casa e no preparo as delícias da ceia. À noite vestia o meu melhor vestido para esperar os convivas, que eram muitos. Afinal, minha avó morava conosco e pelo menos as famílias de 10 de seus 13 filhos e enteados, participavam do encontro. Festinha para ao menos 70 pessoas. Confesso que aqueles momentos para mim compunham a verdadeira felicidade.

Depois da ceia, na hora de ir para a cama eu já sabia que tinha que dormir logo, ou pelo menos fingir, para que o Noel colocasse os meus pedidos ao pé da cama. Cedo eu descobri, que os meus pais e minhas 3 irmãs mais velhas é que faziam as vezes do bom velhinho. Porém, o segredo desta descoberta eu guardei comigo por muitos anos, para continuar experimentando aquele momento de alegria deles. Eles se divertiam muito com a manutenção do mistério sobre a existência de Papai Noel. E vamos combinar: é divertido mesmo.

Eu mantive esta tradição com os meus filhos e neto. Listava os desejos deles no dia da montagem da árvore e na madrugada de natal, eu e o meu marido esperávamos todos dormirem para, então ,arrumar os presentes sob ela. Aí, ao acordarmos na manhã de 25, comentávamos em alto e bom tom de mistério pela casa: Olha...Papel Noel chegou! Todos pulavam da cama e corriam para a árvore para abrir os presentes.Era uma verdadeira delícia, mesmo mediante às decepções que eles tinham ao verificar que nem tudo que foi pedido, foi atendido.

A despeito de conviver com a dura realidade de inexistência de Papai Noel, nós seguimos até hoje colocando os presentes sob a árvores de natal. E sempre mantendo o ar de mistério e de surpresa que a tradição exige.

No ano passado, postei algumas idéias para embrulhos de presentes de natal. Continuo acreditando que o mais simples dos presentes torna-se o mais sofisticado se embrulhado de uma forma bacana. Afora que uma bela árvore de natal não pode ser desmerecida com presentes mal embrulhados sob ela. Ao pesquisar sobre embrulhos de presentes encontrei inúmeras opções de montagem. Eu tenho predileção pelos mais simples, sobretudo por aqueles que possam utilizar dos inúmeros papéis, retalhos, botões, fitas e linhas que guardo em casa.

Mostro abaixo, imagens emprestadas da internet sobre algumas das idéias que me servirão de inspiração.


 Este vai me ajudar a utilizar as fitas.


 Este, num estilo oriental minimalista, é fácil simples e elegante
 Usando paninhos e flores naturais secas.

Usando sobrinhas de lã.


Usando papéis impressos


Usando enfeites, retalhos e fios de outros carnavais.

Quem quiser pesquisar mais idéias inspiradoras pode navegar por aqui,aqui e aqui.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sob pressão: lençóis

Hoje eu vou discutir uma questão importantíssima, completamente desvinculada do espírito natalino (ao qual eu me propus submeter nestes próximos dias) e que acomete a maioria das donas de casa: como dobrar os lençóis de elástico.

Pode parecer banal. Mas para mim não é. Para não me irritar, eu nem abro mais o armário da minha casa, dentro do qual estes elementos desorganizadores estão guardados. Pois ali é um fusué só. Tudo embolado ocupando espaço demais. Irritante! Pôxa, lençol de elástico é tão bom! Não merecia ser tão odiado por mim, nos seus momentos de desuso.

O pior é que eu, há priscas eras e com muita dificuldade, aprendi a dobra-los com a madame Martha Stewart. Ensinei esse truque para a minha ajudante, que aprendeu com precisão. Porém, em menos de dois tempos, ela desaprendeu todo o processo...e eu também. Creio que neste caso, não calam as raízes, vindas da história de crescer sem o conforto dos tais lençóis. Pura falta de costume. Além disso, sabem como é, o estilo Martha é complexo e perfeito, exige braços fortes, muita atenção e um bom controle motor. Ou seja, é muito fácil de esquecer. Com muita tristeza, reconheço que jamais terei os predicados domésticos desta estrela. Ela, realmente, não tem nada a ver comigo.

Vai daí que eu, na minha missão de buscar uma excelência em organização doméstica, como já confessei várias vezes (aqui), resolvi investir, mais e outra vez, na solução deste problema, buscando dominar a arte das dobraduras lençolinas. Quem sabe eu consigo ter um armário de roupas de cama mais decente!

É assim que ao assistir ao programa Santa Ajuda do GNT , me deparei com um jeito muito simples de fazer as tais dobraduras (como dobrar lençois de elástico). O procedimento exige alguma habilidade e uma mesa de bom tamanho. No mais, é mole.

E vamos combinar, dormir numa cama lisinha é ótimo, ter armários organizados e arrumadinhos também. Além do vídeo que compartilhei acima, mostro abaixo um esquema para auxiliar ainda mais no desenvolvimento do processo.

Ressalto que após o passo 4, deve-se ficar atenta ao tamanho do local onde os lençóis serão guardados, para dobra-los na medida adequada a tal espaço.

Aproveitando o embalo, compartilho abaixo um vídeo que dá dicas sobre diferentes formas de dobrar toalhas. A mocinha é meio chatinha, mas as dicas dela são boas. Portanto, relevem.



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Meus enfeites de natal e as visitas virtuais do mundo de lá

Ai que aflição! Eu estou aqui encalacrada com o meu trabalho de profissional reconhecida e ansiosa com aquele outro, o doméstico, que está em quase que total falta.

Falta quase tudo para as festas de fim de ano que eu planejei com a família. Tanta coisa para eu resolver por aqui, antes do natal! Às vezes penso: hum, é melhor cascar fora com a família para passar um natal/reveillon na praia. Mas aí me vem aquele enlevo de querer arrumar a minha casa e as minhas delícias, para presentear os meus queridos, como eu venho sonhando. E convenhamos, na idade dos meus filhos e do meu neto, que está voraz pelas coisas da terrinha, eu não acredito que eles queiram sumir daqui. Enfim, para eles e para mim, nada melhor do que a nossa casinha nesta época.

Honestamente, alguma coisa eu consegui arrumar, sim. E foi justo aos intervalos em que o computador pifou, a rede caiu, a luz apagou ou a visita inesperada chegou. E claro, que nesses espaços de tempo de trampo, cuidei, em primeiro lugar, dos meus enfeites incompletos de natal. Resolvi propor á família uma primeira arrumação, já posta e colocada. Se os que chegarem quiserem melhorar, acho ótimo.

Devo confessar que ainda não entrei em qualquer loja física, desde que começaram os apelos natalinos. Portanto, tudo que eu arrumei em casa foi às custas das tranqueira que trago ao longo de muitos anos (enfeites de natal). Ao meu ver, os arranjos ficaram bem bonitinhos, mas muito ordinários. Merece algum up grade. Vejam só.

 Minha árvore de natal montada com bolinhas vermelhas e luzinhas multi-coloridas, num cacho seco do coqueiro da minha casa


Enfeite da porta de entrada, arranjado com fitas douradas e bronze e bolas douradas


Meu cacho de quiabos e pimentas vermelhas de Tiradentes, enfeitado com bolas prateadas.

Agora uma coisa é certa, as minhas dicas de natal estão fazendo sucesso. Ao pesquisar as estatísticas do meu blog, verifiquei que as minhas visitas aumentaram muito ultimamente. Várias delas, vem do mundo de lá: Portugal, França, Rússia, Tunísia, Usa, Inglaterra, Croácia. Mas a maioria é mesmo daqui. Que bom!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Desejo de quê? Conserva de beringela

Não me lembro de ter tido "desejos" nas minha gravidezes. Tinha sim, imensos e frequentes enjôos, o que me fazia comer mais amiúde, e seletivamente (alguns alimentos eu não podia nem sentir o cheiro), por acreditar que ia melhorar do mal estar. Porém, adotando tal prática, eu só fazia enjoar mais e engordar...

Fico pensando com os meus botões, será que este mito de que mulher grávida tem desejos de comer coisas diferentes venha daí? do enjôo? Pode ser, como quase tudo enjoa, a gente fica querendo alguma coisa que supomos não enjoar. Daí é que devem surgir as idéias estranhas! Eu nos meus enjoos, tinha predileção por alimentos ácidos e detestava as frituras. Mas cada uma é cada qual!

Trago uma crença comigo desde que eu me conheço: comer resolve todos os problemas de saúde física ou emocional. Vai daí que as perguntas que eu mais faço aos meus, diante à qualquer doença ou mal estar é: Você comeu? quer comer? quer que eu te preparo alguma coisa!

Bem, hoje uma amiga manifestou desejo de comer conserva de beringelas e me pediu alguma receita, que claro, eu vou atender aqui prontamente. Afinal, ela, além de ser minha amiga, está grávida e eu sei que comer com prazer sempre faz bem.

Eu amo todas as preparações com beringelas, sobretudo aquela "à milaneza" que eu saboreava na minha infância, quando ainda era magra. Também, as conservas de legumes e frutas ocupam um lugar especial na minha mesa como as conservas de tomates e de abobrinhas. Desde a infância, fui acostumada com elas, sobretudo com o sensacional picles de legumes crus que o meu pai preparava.

Dentre as várias receitas de conserva de beringela, eu prefiro as mais ácidas que eu creio, irão satisfazer a minha amiga mais plenamente. A minha forma de preparo da conserva de beringela foi inspirada numa receita de um maravilhoso espaguete ao pomodoro e fios de beringelas fritos em azeite misturada com queijo parmesão, que foi preparado em minha casa por Salvatore, um amigo napolitano. Vou dar tal dica ao longo da minha receita.

Eu fatio as beringelas descascadas no sentido do comprimento, em tirinhas superfinas (se possível, da espessura de um talharim). Deixo as mesmas de molho em água com sal por mais de uma hora. Depois, vou lavando as tais tirinhas, e espremendo-as com a mão até parar de sair aquela água escura. Após a última espremida, eu seco as tirinhas ainda mais, torcendo-as com um pano de prato bem limpo, até ficarem bem sequinhas.

PAUSA: Neste ponto, é que o Salvatore frita a beringela em azeite super quente, cujos fios misturados com queijo ralado sobre uma massa ou uma polenta de molho vermelho, fica simplesmente estonteante.

Bem, continuando com o preparo da conserva, se quero ela mais  crocante e se as tiras estiverem super fininhas e secas, eu as uso cruas mesmo. Senão, eu as cozinho em água com vinagre, à gosto, em fogo baixo por 5 minutos, escorrendo-as bastante depois. Aí é só misturar com alho cru fatiado, grãos de pimenta do reino e muito azeite extra virgem, de excelente qualidade, até cobrir todo o preparo. Eu gosto simplinho assim. Mas pode-se incorporar ainda azeitonas, alcaparras... Vejam só a delícia na imagem que emprestei na internet.


Aproveitando a oportunidade, a querida amiga que me inspirou nesta postagem me enviou um endereço super bacana de enfeites de natal feitos em papel, o qual compartilho aqui.




terça-feira, 29 de novembro de 2011

Comidinhas de natal 2: Açorda de Bacalhau

Eu por aqui continuo com os tais projetos natalinos, todos eles muito motivados também pela chegada daqueles que continuam nos mundos de lá e que se juntarão à família brasileira neste natal. Oba! Estou ficando meio repetitiva nesta história de reencontrar os meus. Me desculpem! E nesse contexto, compartilho a linda Encontros e Despedidas do Milton e Brant, abaixo.




Continuando...Então, é momento de refletir sobre cardápios deliciosos para recebe-los com amor e para comemorar as festas. Na minha primeira recepção aos queridos, é óbvio, servirei a tradicional feijoada brasileira e a farofa de farinha de mandioca baiana, a qual tornou-se o objeto do desejo do retorno de todos os meus queridos que passam seus tempos fora do Brasil.

Porém, nos festejos de natal já é sabido: não existe melhor oportunidade para saborear as delícias tradicionais que tal comemoração impõe (Perus, Pernis, rosbifes, frangos e etc) e com toda a pompa e a propriedade que elas merecem.

Em alternativa ao sabido, eu estou me ocupando das receitas deliciosas, finas e indicadas para fazer frente as tais tradições. E claro, o primeiro produto que me vem em mente é o bacalhau, o meu preferido dentre os preferidos. Já postei várias receitas desta delícia por aqui, algumas mais onerosas, que rendem pouco e outras que rendem bastante para uma família grande como a minha. Dentre as minhas preparações coletivas e preferidas está o Bacalhau com feijão preto, que resulta em um excelente rendimento e faz uma fusão dos sabores portugueses com os brasileiros. É tudo que eu procuro: bacalhau fusionado ao Brasil!

É  que o Olivier leu o meu desejo. Abri mão da minha antipatia daquele bicão de boca grossa e não estou perdendo qualquer diário dele em Portugal. Vale a pena conferir. É assim que aprendi mais sobre uma especialidade do Alenjejo que eu adoro, a Açorda de Bacalhau. Trata-se de uma sopa grossa, com pedaços de bacalhau, que deliciei, pela primeira vez, na casa de uma amiga dos meus "encontros saborosos". Nunca mais me esqueci de tal experiência.

A autêntica, do Alentejo, não leva o tomate picado como minha amiga preparou e nem cebola e azeitona preta como nos duas usamos.

Eu preparo a minha receita para 6 pessoas, dessalgando uma banda de bacalhau do Porto, com pele, como já expliquei no post linkado acima, fervento os files grossos, sem pele em água com uma folha de louro até que fiquem macios. Retiro os filés e os parto, em pedaços grandes. Reservo a água da fervura.

Em uma frigideira grande e alta eu refogo em azeite dois dentes de alho  e uma cebola pequena picadinhos. Junto ao refogado duas fatias de broa de milho salgadas dormidas esmigalhadas, hidratadas, escorridas e apertadas entre as mão para retirar toda a água (pode ser um pão francês dormido também, mas sem hidratar) até formar uma farofinha. Junto aí parte da água da fervura do bacalhau e deixo ferver um pouco. Aí vai do gosto de cada um, se quero mais ralo, como uma sopa mesmo, junto mais água. Se quero mais cremoso, menos. Adiciono as lascas de bacalhau a esta mistura e deixo ferver.

Nesta "sopa" eu abro 6 espaços redondos e insiro ovos crus ( caipiras de preferência) e inteiros e coloco um pedacinho de pimentão vermelho em cima de cada um, para marca-los e facilitar na hora de servir. Os ovos também podem ser feitos pochês e colocados nos pratos individuais por cima do preparo, o que me dá mais trabalho.

À parte, eu faço um refogado rápido, em muito azeite extra virgem, de alho picado, azeitona preta picada, salsa ( ou coentro para quem gosta) e, para quem gosta, 1/4 de pimentão verde picadinho. Quando os ovos estiverem com sua clara esbranquiçadas, mas ainda moles, eu sirvo tudo na própria frigideira, com o tal refogado de salsinha e azeitonas regado por cima. Olhem só a cara da delícia:


Espetacular!

Agora, o que eu achei mais legal nestes programas que eu assisti foi a dica dada pelo chef português sobre como identificar o ponto de cozimento de uma posta de bacalhau: "Ela tem de estar sorrindo prá você". Como mostro abaixo. 


Que ótimo!

domingo, 27 de novembro de 2011

Reedição de Brasileiros e Brasileiras: Hoje é dia de feijoada completa

Como não consegui acessar este post abaixo no próprio Blog, resolvi reedita-lo. Coisa doida isto! procuro o talzinho para me inspirar e não encontro. Mas taí ele de novo............

É claro que numa família,como a minha, de comilões, beberrões e , por consequencia, boêmios, tinha de ter um especialista em feijoada. Tio Célio, que vinha de Goiania, vez por outra, fazia a tal feijoada ( muito aclamada e das melhores) que ele chamava de Creme de Feijão Gratinado, com Arroz Areias do Deserto...

Era uma produção de mais de 24h, até ser servida. Ele começava pelo mercado central, pela manhã, onde escolhia as carnes, o feijão e a farinha. Ao final do dia, ele iniciava a preparaçaõ das carnes (assava umas, ferventava, cozinhava, ou fritava outras) e punha o feijão para "ferventar". Ele armava uma cama de campanha na cozinha ( é verdade!!!), com a desculpa de acompanhar o cozimento daquilo tudo, por toda noite. Sei que era uma cena, e da boa, regada com muita cerveja, família, amigos e curiosos, que também passavam parte da noite ali com ele.  A tal feijoada era o maior sucesso, junto aos comensais convidados, que claro, sabiam de toda essa produção. Era de fato, um acontecimento...

Feijoada é para mim um prato cheio de conflitos É muito típico e explode em sabor e por isto, é apaixonante. Mas é hard!!! Sempre fico com um pé atrás com ele, por suas consequências cotidianas na minha saúde e no meu peso. Nem preciso detalhar isto aqui.

Porém, quando vejo meu sobrinho, vindo da Califórnia querer se fartar com uma feijoada no Brasil; ou o pai do meu neto, buscar em Paris pertences de feijoada para comemorar a chegada dele, vindo de Londres;  penso que este prato é realmente muito emblemático para os brasileiros.

Não vou passar qualquer receita de feijoada aqui. Penso que todos nós sabemos fazer ou usar uma ou outra receita desta delícia. Mas repasso as dicas e os segredos do preparo e da montagem do prato, de acordo com o Pedro Nava, em seu livro Chão de Ferro ( pág 22). Já provei do jeitinho que ele faz. Podem acreditar, ele coloca a nossa feijoada no grande pedestal que ela merece estar. E podem crer, é o melhor jeito de saborear tal delícia...

 "seu grande truque era cozinhar o feijão, sem esmagar um só grão e depois de pronto, dividir em dois lotes. Tomava dois terços e tirava seu caldo, peneirando.Um terço, esse sim, era amassado, passado, livrado das cascas, apurado e esse caldo grosso é que ia novamente ser misturado com os grãos inteiros. Era assim que em sua casa não se via a desonra da feijoada aguada. Toda a carne seca, a fresca,a de fumeiro, eram cozidas no caldo ralo tirado da primeira porção. Só o lombo era sem contato, desobrigado de outro gosto senão o da sua natureza, o da vinha d´alho em que dormira e das rodelas de limão que o guarneciam...Foi ao estro de sua mesa que pus em dia a melhor maneira de degustar a imensa iguaria. Prato fundo, já se vê de sopa. Nele se esmagam quatro a cinco ( mais ou menos) pimentas-malaguetas, verde e maduras, frescas ou danadas no vinagre. Tiram-se-lhes carocinhos e cascas. Deixa-se só a linfa viva que é dissolvida no caldo dum limão. Esse corrosivo é espalhado em toda a extensão do prato. Então, farinha em quantidade para deixar embeber. Retira-se o seu excesso que volta para a farinheira. Sobre a crosta que ficou, vai a primeira camada de feijão e outra de pouca farinha. Edifica-se com superposições de couve, de farinha, de feijão,de farinha, das carnes e gorduras e do respaldo mais espesso,cobertura final de farinha, espera-se um pouc,o para que os líquidos sejam chupados, aspirados, mataborrados e come-se sem misturar...um prato só..."

Não é bárbaro, este respeito do autor por algo tão brasileiro e a sua vontade de valorizar e aproveitar ao máximo disto ??? Confesso que sempre que faço feijoada em casa (ou o cassoulet, que deu origem a mesma) me lembro deste trecho...

Lembro-me também do Chico, com a sua "Feijoada Completa" , apresentada no video a seguir.



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Outra vez natal 2: guirlandas

Continuo buscando inspirações para elaborar os meus enfeites de natal.

Por entusiasmo e histeria, sempre fui voraz em enfeitar a minha casa própria ao máximo, no natal. Usava como desculpa as minhas crianças a quem delegava as funções de escolher a decoração, assim como fazia minha mãe comigo e com minhas irmãs. Mas reconheço que aprendi com ela somente a feitura de fantásticas árvores de natal e nada mais.

Ao longo desses anos fui acumulando enfeites natalinos e a cada natal que chega tenho como desafio: aproveitar, com bom gosto e charme, todos os enfeites que guardei por tantos anos junto aos tantos objetos inúteis, dos quais não consigo desapegar, como já manifestei neste blog por diversas vezes (aqui). Porém, no caso dos enfeites de natal, eu creio que em todas as famílias o padrão é o mesmo: anos e anos revitalizando as decorações de natal com novas aquisições e acrescentando mais quinquilarias para guardar.

Hoje eu não adquiro mais nada, a não ser a base dos meus enfeites e algum glamour a mais.

Ano passado postei aqui, algumas idéias sobre guirlandas. Neste ano de 2011, ao iniciar minha pesquisa sobre guirlandas eu não gostei do que vi! Achei todas muito cafonas. Afora que elas me lembraram aquelas medonhas coroas de flores enviadas nos enterros. Curuz!!!!
Estou quase desistindo de fazer alguma guirlanda.

Como sei que muitos gostam deste tipo de enfeite, me aprofundei mais nas minhas pesquisas e identifiquei algumas interessantes que podem servir de inspiração. Digo inspiração porque eu acredito que o gostoso de enfeitar a casa no natal, é criar algo do nosso número, bem bonito e com as nossas próprias mãos. Eu, pelo meu lado faço isso, vou rearranjando daqui e dali os meus arranjos, durante todo o período natalino. Para mim um enfeite de natal não é uma obra pronta (arrasei agora na originalidade artística! he he)

Achei algumas guirlandas/coroas bacanas na Marie Claire Idèes. Vejam só:

Esta acima é feita em um circulo de isopor coberto com um tecido, parece uma malha ou uma lanzinha. Ele leva diversos apliques em feltro bordado e poucas bolas

Essa é montada em uma coroa de folhas de eucalipto e dobraduras de estrelinhas de papel cartão, em vários tamanhos.

Essa bem colorida, numa linda combinação de laranja e roxo é feita com flores de Phisales numa coroa de ramos de urze, que não existe por aqui, mas pode ser substituída por alfazemas ou lavandas secas, impondo um arominha no ambiente.


Essa é montada em arame com inúmeras flores e folhas de feltro com algum bordado.


Essa é montada com flores de mimosa.Liiiiinda!

Essas também foram confeccionadas com flores frescas de orquídeas, no segundo plano e no primeiro plano ela foi montada com Crista de Galo.


Essa é confeccionada com flores artificiais multicoloridas e em várias formas, impondo um estilo meio indiano.

Essa foi feita com fitas e tecidos de algodão, organza e seda em várias estampas de vermelho. Ela foi amarrada a uma moldura de madeira. Achei interessante!

Hum, acho que rever os meus conceitos e me inspirar em alguma delas para fazer o meu arranjo de porta.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Nem sempre dá certo: Costela de cordeiro em crosta de ervas

Existem certos alimentos que não fazem qualquer sucesso em minha casa. Sobre eles falta tradição, falta história e às vezes, qualidade. Este é o caso da carne de cordeiro, que para mim guarda essas três características. Não reconheço qualquer tradição sobre o seu preparo, tanto na culinária mineira ou na italiana, as minhas amiguinhas. O produto disponível no mercado brasileiro é, quase sempre, ruim. Na minha história com a culinária, afora o maravilhoso cabrito ao vinho feito por meu pai(aqui), não tenho qualquer caso para contar sobre o preparo dos caprinos.

Trata-se uma carne com o seu sabor cheio de personalidade, difícil de ser encontrada fresca ( só congelada, o que intensifica ainda mais o seu rústico sabor) e confesso, a maioria dos meus comensais habituais não gostam dela, por mais que eu me esforce. Mesmo assim eu me arrisco na sua feitura. Mas é batata, ela jamais fica aquela delícia bem sucedida e que me enche de elogios. No máximo, eu consigo um sucesso médio.

Preparei uma costela de cordeiro em crosta de ervas num recente fim de semana para meus amigos. Não fosse pelas deliciosas batatas assadas e pela salada de quinoa feita por minha amiga paulista, o meu almoço, em termos culinários, teria sido um verdadeiro fracasso. Eu fiz tudo direitinho, o prato ficou lindo, como podem ver abaixo.


Mas na hora de servir: não consegui cortar as costelas "comme il faut", a crosta se esmigalhou e a carne estava mal passada, para a grande maioria dos gostos, exceto o meu que adoro comer "o boi mugindo", no caso "o cordeiro balindo". Vejam o meu prato...



Meu genro deu uma solução prática para o mal feito: passou as costelas pela grelha quente até ficarem douradas de novo. Mas eu preferi assim, mal passado mesmo.

Nem sempre minhas produções dão certo. Mas elas servem para um aprendizado para preparações futuras. ë assim que repasso a  receita que preparei aqui, com os ajustes que julguei necessários.

Eu limpo "as peles" indesejáveis e tempero as costelas com sal e pimenta do reino. Salteio em azeite mega quente dos dois lados, até elas ficarem bem douradas (uns 5 minutos de cada lado) e deixo descansar por uns 10 minutos. À parte, faço uma mistura de dois pãezinhos dormidos e esmigalhados com tomilho, salsinha picadinha, sal, pimenta do reino moída, queijo parmesão, alecrim picadinho e manteiga até formar uma farofinha. Depois da costela descansada eu cubro as costelas com a mistura, pressionando bem. Levo ao forno quente ( 220 a 250 graus), previamente aquecido por mais ou menos meia hora. Sirvo as costelas cortadas na mesa.

Cortar bonitinho é o problema, sobretudo para mim que  sou desprovida de qualquer bom controle motor. Tem de ter muita calma e paciência nessa hora.

Tentem fazer isto também com costelas de porco ou qualquer assado. A crostinha fica super saborosa e enriquece o prato e BOA SORTE!

sábado, 19 de novembro de 2011

Outra vez natal: árvores e enfeites 1

E o natal lá vem chegando... outra vez.

No ano passado, eu escrevi vários posts sobre o natal, o que pretendo repetir neste ano. É necessário revitalizar as idéias e, sobretudo, impor o devido valor às comemorações deste ano. Elas serão grandiosas, pois toda a minha família estará reunida e cheia de amor prá dar. Não vejo a hora!

Marcadas as datas e locais dos encontros natalinos, é momento de pensar, articular e realizar a decoração da casa, que no meu caso vai num crescendo contínuo. disparado ainda em outubro. A pergunta que não quer calar: espero o meu neto chegar para fazermos juntos a nossa árvore de natal? Vou aguentar esperar? Ainda não sei, muito embora as inspirações estão se mostrando com força.

Ao passear pelo meu jardim há alguns dias, me deparei com um lindo cachão caído do meu coqueiro, que de cara me inspirou. Pensei: vou fazer com ele um arranjo de natal. Considerando o seu tamanho decidi usa-lo como a base da minha árvore de natal. Olhem na imagem abaixo a beleza do talzão.



Já contei aqui e aqui as minhas histórias sobre a confecção das árvores de natal em meus lares. Trata-se de um verdadeiro ritual que se repete diferente a cada ano. Sou refratária às produções cheias de modernidades, como esta árvore invertida abaixo.


Para mim, árvore de natal ou é aquela tradicionalíssima, montada em pinheiro natural e cheia de bolas e enfeites de todos os tipos e cores, ou é aquela que nasce da minha inspiração. Como vou usar uma base de cacho de coqueiro seco, pretendo enfeitar com algo simples, tropical e que me lembrem dos coquinhos que ali estavam em vida. Abaixo mostro algumas  fontes de inspiração.


Esta, de bico de papagaio eu já me inspirou há alguns anos atrás e ficou lindíssima

 Esta eu adorei, por sua simplicidade e limpeza. A idéia pode funcionar com o meu cachão.


Este escandaloso Abricó de Macaco que eu amei por seus grandes frutos e lindas flores gritantemente rosas, também me inspira.

 Quem sabe....

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Quando tudo dá certo: Locro argentino

E lá no Solar dos Montes tudo sempre dá certo e supera as minhas expectativas. Desta vez, fui com amigos queridos de Sampa, de BH e entre eles, duas amigas especiais de "encontros saborosos" que fazemos em rodízio de casas e de "chefs", cada qual arrasando na cozinha.

O Solar continua lindo e os Medinas continuam me enchendo de conhecimentos valorosos e de deliciosas histórias. Me frustrei um pouco por não me reencontrar com as lindas Dálias floridas, típicas de lá (exceto a deslumbrante e solitária amarelona, que se achava e era!). Seus arbustos estão dispostos e distribuidos, em por todas as suas cores, ao longo do bucólico caminho que nos leva dos quartos para o salão (veja aqui). Os pés de Dálias do Solar tinham sido replantados, há pouco, e estavam crescendo, para certamente explodirem em flores na próxima estação. Por outro lado (que não deixa de ser o mesmo), nos deliciamos com as jabuticabeiras, já dando doces frutos, que se mostravam intercaladas às Dálias, neste mesmo caminho poético. E mais, tive a agradável experiência de usufruir de uma piscina de bom tamanho, agora  com sua água aquecida, na área de lazer.

Emocionante meeeesmo, foi a visita ao embrião do "Museu de Artes e Ofícios Latinos" (título de minha interpretação), que será implantado nesta lindinha cidade de Santana dos Montes . Confesso que cheguei às lágrimas ao me deparar com a beleza e a grandiosidade do acervo de objetos de uso cotidiano de vários povos latinos do meio rural. Esse acervo, foi enviado por um confiante colecionador italiano, aos cuidados destes meus amigos queridos Medinas, que, por sua vez, já estão na batalha de dar o destino certo e valoroso para tais preciosidades.

E para coroar tudo isto, eu (e todos que estavam por lá) me esbaldei com o autêntico Locro Argentino, em um dos deliciosos almoços que nos foram servidos no Solar. Vejam só a foto do meu prato abaixo.



Ainda não o preparei, mas estou certa de que a receita que me foi enviada carinhosamente pela Ana Medina, só pode dar certo e, claro, nos fará ficar inebriados, com a simplicidade do seu preparo e com o esplendor de seu sabor, que eu percebi ao experimenta-lo.

Com a autorização da Ana, repasso aqui a receita, tal e qual ela me enviou. Achei por bem, adicionar um pedacinho do seu carinho.

"Como sempre, minhas receitas não têm quantidades, vou fazendo e temperando até chegar ao ponto, quando sei que está delicioso como precisa ser.

Ingredientes:
- Canjica branca
- Linguiça espanhola
- Pernil em cubos (não pequenos, de uns 3 dedos de cada lado) 
- Ají molido - picante e doce. O que estamos usando comprei em Pedraza, próximo a Segovia, na Espanha (pode-se usar a páprika, mas não acho que fica igual)
- Cebola ralada, alho e sal.

Modo de fazer:
A canjica é cozida com estes últimos temperos. 
O pernil é feito de panela, à parte, com todos os temperos que usamos para carne de porco (sal, pimenta, alho, cebola, louro, bem temperadinho). 
Quando a canjica está na metade do cozimento, ag rega-se os ajís molidos, a linguiça e o pernil firme, para tudo isso dar gosto ao cozido.
É só esperar terminar de encorpar e servir bem quente.

O Medina adora comer em tigelinha de louça branca, acompanhado só de pão de sal. 
Os hóspedes do Solar dos Montes já adaptaram o prato, comendo com arroz, caldinho de feijão e cheiro verde. Bão tamém!"


Muito fofa, essa Ana!
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