quinta-feira, 28 de abril de 2011

As lágrimas impostas: patê de fígado

Não é de hoje que discuto neste blog as questões relacionadas a minha predileção por comidas retrô, simples e/ou com histórias ( como aqui).

Ao prepará-las, desde o momento da compra dos ingredientes, vou me lembrando das pessoas que me deram a oportunidade de saborea-las, do tanto que eu gostei da delícia, do meu acanhado pedido da receita ao seu "dono", da primeira vez que a preparei e servi, do que me motivou na sua primeira feitura, daqueles que a elegeram como "das melhores coisas que já comi", das mudanças que eu fiz na receita, dentre outras curtições. É por isso tudo, que o prato que é servido dentro desse contexto, fica mais saboroso e  totalmente inesquecível.

Na época das passeatas de estudantes em BH, no período da ditadura militar, tipo 1968, eu morava ao lado da FAFICH, no Santo Antônio. Vez por outra, a nossa rua ficava interditada, porque os militares invadiam tal faculdade e não deixavam qualquer carro, ou pedestre transitar naquele quarteirão.

Nossa! Era uma luta para eu sair de casa para buscar o pão do lanche ou para ir ao armarinho e ao sapateiro e assim cumprir as ordens da minha mãe. Naquela situação, mesmo com 13 anos de idade, eu era acompanhada por um militar, partindo da esquina na minha casa, percorrendo toda fachada da FAFICH e indo me deixar, na esquina da rua Carangola. E ainda tinha a volta para a casa, também. No mesmo esquema. Que mêda...

Por várias vezes, nós jovens filhas do Geraldo, o comunista mor do pedaço, sentíamos os olhos ardendo, por conta do gás lacrimogênico, o qual era lançado aos estudantes da FAFICH e que "respingava" até a nossa casa. Aí, todos nós saíamos para o terreiro da casa para ter algum alívio. Hoje parece filme. Mas era assim mesmo. Putz...

Não podíamos nem reclamar. Afinal, éramos filhas daquele comunista, que já tinha sido preso no dia de 31 de março de 1964, o exato e esquecido (graças) dia em que a tal revolução marcou sua data. "Vai que prendem  o nosso pai de novo", pensavamos aflitas.

Eu tinha 13 anos e ainda não dava o nome certo aos atores desta história. Mas, por minha própria curta história, já sabia que quem estava dentro da faculdade era do bem e aqueles que cercavam a escola, do mal.

Depois que me casei, conheci e convivi com a Maria Célia Bessa, psicanalista colega do meu marido. Era uma mulher belíssima, cheia de atributos intelectuais, culinários, dentre outros que eu não conhecia, pois naquela época eram o estilo, a cultura e, sobretudo, a culinária que me interessavam.

Conheci então o seu marido, o professor Pedro Bessa, um dos meus tipos inesquecíveis, por sua simpatia, ternura e cultura. Confesso que jmais vi uma coleção de música erudita como a dele. Nos nossos encontros, ele nos presenteava com tais peças, meticulosamente escolhidas, reproduzindo-as por um moderno aparelho de som, para a época .

Soube então que era ele, o diretor da FAFICH da época das invasões militares da ditadura e que marcaram a minha adolescência. Ele era aquele carinha franzino, cheio de atitude, que resistia e protegia seus alunos e colegas daquela truculência, ficando ali, entrincheirado junto com eles, até ter garantias de que eles sairiam dali sem qualquer agressão. Ou seja, naquele contexto, ele era o meu ídolo, até então desconhecido...

Adorava conviver com aquele casal tão maduro, tão próximo (em todos os sentidos) e tão ligado às minhas convicções, ao meu passado e aos meus sonhos de um futuro bom.

Nesse convívio, sempre que íamos a casa deles, a Maria Célia nos servia um patê de fígado, que era "o destaque da noite". Tal receita ela aprendeu com avó dela. Ou seja, deve ter bem mais de 100 anos. Eu me apaixonei por tal sabor, de cara. Fiz algumas poucas modificações na receita, considerando a facilidade atual para o acesso aos novos e ótimos produtos culinários.

Há poucos anos, repassei a receita para as minhas queridas amigas Pia e a Conceição, para trazerem nas festas de final de ano da minha casa (aqui) . Elas, por algum problema de comunicação, usaram fígado de galinha, ao invés do de boi como pedia a receita. O resultado ficou, simplesmente, delicioso. Creio que quem me lê jamais provou um patê de fígado de  boi, o qual, embora hard, é muito saboroso e vale a pena conferir. Passo aqui a receita da M. Célia desse inesquecível patê, modificada e atualizada do meu jeito.

Eu bato, aos poucos, no liquidificador, meio quilo de fígado crú de boi (ou de galinha), sem pele, 2 ovos, 1 colher de sopa cheia de farinha de trigo, uma colher de banha,, 200g de toucinho fresco sem pele, 1 xícara de creme de leite, um cálice de conhaque, suco de meio limão,, meia cebola picada, sal agosto, pimenta do reino moída na hora,a gosto, 1 colher de molho inglês,1 pitada de noz moscada, 1 cravo, 1 dente de alho, 2 pimentas da jamaica. Nessa mistura, acrescento algumas pimentas rosas e pretas inteiras.

Unto com banha ( ou azeite) uma forma de bolo inglês, forro a mesma com finas fatias de toucinho defumado, coloco a mistura de fígado, dobrando as fatias de toucinho por cima. Coloco a forma montada em um tabuleiro com água quente (banho maria) no forno pré aquecido médio ( 180 graus) e cozinho por umas 2 horas. Sei que está cozido, quando finco um palito e ele sai "sequinho". Olha só a beleza ( e a delícia) de tal preparação.



Ele pode ser conservado na geladeira por, pelo menos, uma semana e congelado por meses.

Lembrei-me desta história toda por causa da minha amiga Iara, que me pediu tal receita. Iaia, querida, obrigada pela inspiração.

Tarde de beleza até no futebol

Confesso que desta vez, a viagem foi difícil. A aeronave é boazinha, mas na minha viagem (BH- Carajás) ela pousou e decolou 4 vezes, até chegar em Carajás, perfazendo 8 hs de viagem. Ninguém merece.

O hotel que eu fiquei era péssimo ( nem vou entrar nestes detalhes deprimentes). As conecções internáuticas estavam difíceis. Salvou a comida e as companhias, que sempre são ótimas.

No dia de vir embora, contudo, deu tudo certo e diria que foi um dia muito agradável. Almoçamos muito bem e comprei a deliciosa geléia de pimenta da Dona Laura, que vou usar em alguma preparação feita com carne de porco. Após o almoço, ao invés de ficar no aeroporto de Carajás esperando por pelo menos 5 horas para embarcar, optamos por uma tarde de "beautè", bem mulherzinha.

Encontramos no Núcleo de Carajás um salão de beleza ótimo eu lá fiz tudo que eu tinha direito: mão, pé, sombrancelhas, lavei os cabelos, hidratei e fiz escova. Não me lembrava de ter me submetido a tal procedimento antes. Nem sabia explicar para o escovador como eu preferia o feitio. Só afirmei que eu gostava dos meus cachos e que não queria meu cabelo escorrido e lambido na cara. Dizem as amigas que o meu visú ficou bom. Mas, não sei não...

A despeito de tal dúvida, saí da produção para o aeroporto com a alma lavada (os pés, as mãos e os cabelos, também).

Ao chegar no aeroporto, chuvada, é claro, eu toda saliente com os cabelos escovados, tal qual propaganda de shampoo, tinha que pegar alguns pingos para dar uma amenizada no meu look. Na área do aeroporto ficamos incomunicáveis, o celular não pegava, os telefones fixos não funcionavam, o aeroporto estava sem teto e fechado e o vôo super atrasado. Mesmo assim me diverti.

Assisti de poltrona e ao vivo o jogo do Barcelona X Real Madrid. Presenciei, ao vivo mais dois golaços do craquézimo Messi. Adooooro!

Vale a pena rever o segundo gol dele, o mais bonito, na minha opinião.







Mulherzinha também gosta do bom futebol. Um jogaço deste então, é pura diversão.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Arrumando as malas: circuito PP

Segunda, vou seguindo para Parauapebas, a trabalho e meio a contragosto, num voo "pinga pinga" da Trip, em um turbo hélice. Tal cidade é tão cheia de gente pipocante, que a equipe ficará em hotéis separados e de categoria bem média. Gente, não tem vagas nos bons hotéis de lá! Muita gente trabalhando por ali temporariamente. São os efeitos Vale, que progridem "ad infinitum" na região de Carajás.

Na próxima semana vou rumo a Paris. Não vejo hora de encontrar com a minha querida e o meu querido.

É isto: circuito Parauapebas-Paris.

Duas cidades tão distantes e tão distintas entre si em quase todos os sentidos! Mas elas tem algo em comum. Nas duas, come-se muito bem.

Não me canso de amar a comida Paraense como já comentei em peixes deliciosos

Da última vez que por lá estive, decidimos de última hora almoçar no restaurante Bebericar, antes de seguir para o aeroporto de Carajás. Resisti, a principio, pois sempre desconfio da boa qualidade de uma comida a quilo. Mas já havia jantado por lá, "à la carte ", de outras vezes e amado. Topei e que decisão abençoada.

Me fartei com os quitutes soberbamente elaborados pela chef Laura, elegantemente dispostos em uma mesa e refeitos a cada instante.

Claro que fui direto nos files de pescada amarela grelhados na chapa com batata e queijo; nos bolinhos de peixe, servidos com geléia de pimenta, suco de limão e molho de tucupi, cuidadosamente produzidos pela dona da casa; no arroz paraense, preparado com Jambú, folha semelhante a um espinafre que pinica na língua e confere um sabor único à preparação. Isto sem contar com a moqueca paraense de camarão; torta de peixe, dentre muitas delicías.


A escolha do Vicente, com pescada amarela, pirão e arroz e batata
 Os molhinhos de limão e Tucupi.

Arroz paraense, com Jambú e camarão e abaixo a moqueca.


O delicioso file de pescada grelhado.

 E  a Chef Laura.







domingo, 24 de abril de 2011

Esconde esconde :arroz de bacalhau

Ops, agora que caiu a ficha. A semana santa está no fim. Hum, bacalhau na sexta da paixão e almoço de páscoa bem farto e variado. Só delícias.

Pena que na minha vida, os momentos em que eu me enlouquecia, procurando ovos de Páscoa para meus filhos, afilhados e netos já passou. Eu ficava exausta, pois tinha que me lembrar das preferâncias de cada um. Porém, morro de saudades de toda a cena que eu e meu marido preparávamos, escondendo os ovinhos e ovões de chocolate pela casa e pelo jardim para eles procurarem. Melhor ainda, era sair desta primeira aventura, ir direto almoçar com a família e refazer o mesmo processo de esconde esconde com todos os sobrinhos juntos. Uma farra. Abaixo um mimo de feliz páscoa para todos.



Mas, mesmo na ausência do coelhinho, as delícias culinárias continuam sendo tradicionais para mim nesta época. E claro, todos já sabem da minha predileção por um bacalhau como já confessei aqui. É como diz o meu cunhadinho querido: gosto de bacalhau somente de dois jeitos, com batatas e sem batatas.

Uma amiga me pediu receita de um arroz de bacalhau. Tenho várias, umas mais sofiticadas, outras mais simples. A mais simples de todas é inspirada numa receita da Elisa , outra grande amiga. Ela é deliciosa e super prática.

Misturo em uma vasilha 2 xícaras de arroz cru, 4,5 xicaras de água, 1 k de bacalhau desfiado e dessalgado, 1 xicara de azeite de oliva, 1 xícara de queijo minas e parmezão ralados( estranho, né?mas dá certo) 1 xícara de azeitonas pretas, 2 cebolas raladas, 2 dentes de alho picados, alguns tomates secos picados ( opcional, estranho também), salsinha picada e sal (com muito cuidado, pois as azeitonas e bacalhau já tem algum). A Elisa  coloca 1 xícara de ervilhas congeladas. Eu prefiro brócolis congelados. Coloco tal mistura numa forma refratária, cubro com papel alumínio e levo ao forno pré aquecido ( 180 graus) por mais ou menos 1 hora. Simpléeeerrimo

Sirvo com bastante azeite.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cacareco versus top

Como me adaptar à falta de problemas internáuticos?

Já comentei aqui sobre a decadência da minha casa. Finalmente, reformei os sofás, assim como as cadeiras da mesa de jantar e as almofadas das cadeiras de piscina. Dei um trato no guarda sol da piscina também, que estava todo mofado. Cruz credo, um horror!!! Mas eram coisas do lazer, quirelas do fim de semana!

Mas, de uns dias para cá, o meu dia a dia passou a fazer parte deste caus. Eu, uma mulherzinha trabalhadeira, que não tem como produzir sem um computador, me vi desprovida dele e totalmente abandonada, aiiii... Os Pcs do trabalho estavam perrengues e o meu pessoal (um dinossauro, herdado do marido) tornou-se totalmente inútil, virótico, lerdo e rebelde.

Tentei, num último suspiro e naquela cultura de economizar, usar os da família. Não deu certo. Já viram, né? Computador agora é que nem escova de dente, um artigo muito pessoal, que ninguém quer compartilhar. Ainda tento aceitar isto. Mas a realidade é essa. Apanhei muito ao tentar usar os outros PCs que tenho em casa. Cada um tem o seu dono, com as suas manias e horários, do seu cotidiano. Não dá certo...

Aí chutei o balde. E naquele afã, meio revoltada, emburrada e muito necessitada, vesti minha roupa de consultora e fui lá na Fast Shop para comprar o melhor. E pela primeira vez na vida adquiri "o meu zero km, só meu e ninguém tasca".

Estou aqui me adaptando ao novo Note Book. Sinceramente, ele é muito mais veloz do que eu. Mas como eu tento ser uma pessoa que não se entrega ao seu lado cacareco, sigo explorando o talzinho. Até tirei fotos artísticas produzidas por ele próprio, vejam só.



E este top do top (eu acho que é) tá aqui, me escrevendo no meu próprio post, com se tivesse vida própria. Eu estou aqui correndo para conseguir entende-lo.

Mas agora eu sei, minha imagens, letras, que reproduzem as minhas idéias vão mudar e para muito melhor.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dez-em-organização: Cozido de Bacalhau com Feijão Preto

Perdi meu sono, buscando localizar uma receita de bacalhau, anotada a ermo, em algum pedaço de papel solto,  a fim publicá-la, ainda nesta Semana Santa. Nesse processo, me deparei, mais uma vez, com minha imensa desorganização, a qual, já sei, está sempre associada à minha grande dificuldade em desapegar, dificuldade essa já comentada aqui.

Nesta batalha (que significa: revirar várias gavetas e estantes, em vários comodos da casa), encontrei nos meus guardados inúmeros cadernos, semi usados, cujas páginas em branco, eu jamais pensei em lixar, para não desperdiçar as pobres das árvores usadas no processo de confecção das tais. Mas, confesso, estes cadernos são hoje verdadeiros bagaços. Achei outros tantos, do tipo brochurinhas pautados, de capa mole, bem vagabundos, que me foram ofertados pela papelaria, na qual eu fazia as compras de material escolar dos meus filhos, há mais de 15 anos atrás. Esses, eu usava para  fazer anotações de várias categorias de assuntos, do tipo : dicas de culinária, idéias, receitas da Pat, projetos profissionais para a Ciça, poesias, letras de canções, dentre outros tantos.

Me deparar com estes escritos, foi um verdadeiro achado que explicitam os meus interesses, que habitavam a minha cabeça naquela fase da minha vida. Contudo, suas folhas trazem anotações totalmente inútéis, posto que estavam esquecidas, lá no fundo da estante do escritório, há anos, sem jamais terem sido consultadas. Criando traças.

Numa das gavetas investigadas, encontrei jogados, inúmeros papeis de carta (vários, das coleções das minhas filhas, dos seus tempos de garotas), envelopes, cartões de natal, de aniversário, postais. Todos em branco. Mas também, estavam alí, esquecidos e distantes de qualquer olhar interessado. E mais, em outra gaveta achei várias agendas nunca usadas, cadernos de capa dura, virgens e, na seguinte, inúmeros papéis de presentes e fitas para embrulhos, aprisionados por minha mania de "guardar para usar um dia", em um presente bem original.

Ou seja, além da bagunça total, trago em casa uma pequena papelaria.

Decidi dar uma organizada geral neste compartimento da casa. Pedi a Lene, minha fiel escudeira, que retirasse tudo da estante, limpasse toda a poeira e colocasse tudo num container de plástico. Pedi para fazer o mesmo com as inúmeras caixas de camisas de papelão duro, com elásticos (tipo as da Richards), as quais também venho acumulando, inutilmente, há anos. Descobri, dentro das quais, amontoados de pedaços de plástico bolha, que "um dia podem servir para embalar algo".

Ela, na melhor das inteções, tentou me convencer, de imediato, a me desfazer de várias coisas. Mas, como eu sou um pessoa apegada a utilidade dos objetos e às suas histórias, me neguei veementemente, exigindo que ela não me pressionasse. Argumentei: preciso pensar, decidir, selecionar e me acostumar com essas perdas.

Observação: nestas horas, a Lene olha prá mim e sorrí, somente e lindamente.

Pelo menos, os restos dos cadernos bagaçados, eu decidi doar. Além disso, dei uso às caixas vazias, lhes conferindo títulos de função, tais como: cadernos de lembranças; papéis de carta, cartões e envelopes; agendas e caderninhos virgens; cadernões de capa dura; fitas papéis de presente. Organizei as caixas, devidamente ocupadas por tudo que achei "perdido", de acordo com seus títulos, numa pequena parte da estante. Esse processo liberou os espaços de duas gavetas, duas prateleiras, duas cestas e um organizador de plástico. Putz!!!

Temo ter conseguido esses lugares para acumular mais tranqueiras. Será? Cruz credo, sai de mim...

E é claro, dentro de um dos caderninhos investigados, estava a receita que eu procurava,  o motivo do início de toda esta movimentação: o simples e fantástico Bacalhau da Lelena.

Quando me deparei pela primeira vez com esta preparação, fiquei maravilhada.  Não apenas pela audácia na harmonização dos ingredientes, mas também pela particularidade na maneira de serví-lo. Já ofereci tal prato várias vezes aqui em casa e é uma unamidade: "um dos melhores bacalhau, que já experimentei".

Para 6 a 8 pessoas, eu uso uma banda de bacalhau do Porto ( 2 k, mais ou menos), dessalgado por dois dias (em geladeira, trocando a água, umas 3 vezes ao dia). Na última troca, substituo a água por leite integral, para laminar os files, quando esses estiverem cozidos. Tiro a sua pele, não deixo qualquer espinho, corto em files e fervento os mesmos neste leite, com folhas de louro ( umas 2, grandes). Retiro os files aferventados e reservo.

Neste mesmo leite, eu fervento 4 batatas inglesas, 4 batatas doces e 500g de mandioca, todas cortadas em rodelas de 1 cm, até ficarem um pouco cozidas, mas bem duras, ainda. Reservo.

Em uma panela, com seu fundo coberto com azeite, eu coloco uma camada das batatas e mandioca, cenoura descascada e cortada em fatias; uma segunda camada de files de bacalhau; outra de cebolas em rodelas com um dente de alho picado e folhas de repolho rasgadas. Rego com azeite e salpico sal, somente depois de experimentar os pertences ( para não salgar mais o que pode estar salgado). Faço outra leva de camadas igual ( batatas, cenoura, bacalhau, cebolas, repolho).

Rego tudo isto com um vidro de leite de côco e com urucum (colorau) dissolvido em azeite aquecido em fogo baixíssimo com uma xícara de azeitonas protuguesas. Prefiro a semente do urucum inteira aquecida em, azeite e coada.

Cubro tudo com folhas de couve, tampo e cozinho em fogo baixo até que a cebola que está por cima, fique translúcida e macia. Vejam a belezura na imagem que a amiga Ju produziu.



Sirvo com arroz e feijão preto refogado no toucinho defumado frito, alho, sal e louro. Parece estranho, mas acreditem, é de ajoelhar para comer e agradecer depois...

Eu não tenho imagens desta receita e nem encontrei na internet (é muito exclusiva). Então, vocês terão de arriscar e experimentar. E convenhamos: bacalhau, mesmo dando errado, é uma delícia.

Dica; Já devo ter repassado esta dica em algum post, mas vou repetir: bacalhau tem de ser de boa qualidade, mesmo para as preparações em que ele é picado e muito misturado. Em bandas, eu opto pelo pedaço mais espesso, do qual sairá um file mais alto. Mas atenção: quanto mais espesso for o file, mais demorado para dessalgar. Sugiro ir experimentando micro fiapos das suas partes mais grossas, ao longo do tempo do dessalgue. Se estiver salgado (a única coisa que estraga uma receita de bacalhau) é só diminuir o periodo de trocas da água, intensificando a sua hidratação.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

PROTESTO DE UMA MULHERZINHA ROLIÇA

Vou ter que protestar, com força . Tenho um casamento amanhã super legal. Dito e feito, pensei em aproveitar a ocasião e ter uma ótima desculpa para consumir. Ein, amigas? Um vestidinho de festa novo, hum! Seria o máximo, não?

Com este sentimento de renovação, fui parar num shopping ( Pátio Savassi) atrás de boas marcas e de boas roupas para resolver meu instinto. E o que aconteceu? Nada.

Gente, não existem roupas com um tamanho maior que 42!!! Nem na Patachou, nem na Farm, nem na Maria Bonita e etc. Um verdadeiro absurdo. E convenhamos, eu e mais zilhões de mulheres estilosas vestem tamanhos acima deste número.

É o que eu sempre digo, tais marcas e centros de consumo são tão retrogados, que tratam  mulheres maduras e gordinhas, como eu, como se simplesmente não existissem.

Fiquei furiosa com tal desprezo. Aí decidi: jamais voltarei a essas lojas, nem mesmo para comprar presentes para as minhas amigas, filhas e afilhadas magrinhas estilosas, pois acho isto um desrespeito à todas as mulheres,magras ou gordas, jovens ou maduras. É uma discriminação mesmo, inconstitucional...

Agora, justiça seja feita, a lindinha da Lísia Bello tinha roupas do meu tamanho e se propôs em reformar, à tempo, tais modelos, se eu precisasse. Modelos lindos, em renda. Mas eu não queria rendas e no dia de fazer a prova, eu estava cansada e febril. Adoro a Lísia  e suas roupas, cheias de bom gosto,carinho e atenção. E o melhor, cheia de respeito a todas as mulheres, inclusive eu. Um viva para ela!!!

E devo fazer justiça também à Lenny e a Richards, que habitam o mesmo shopping. Lá eu encontro roupas esportes lindas, modernas, chiques e do meu exato número.

Aceito dicas de outras marcas bacanas despreconceituosas.

Vamos ver como me arranjo amanhã...

Cravo e canela, sem ser Gabriela

Assim que consegui ter minha própria cozinha, caí matando.O primeiro jantar que eu preparei sozinha e sem usar qualquer receita, deu muito certo.  Me lembro até hoje: bife a rolê. Preparei os rolês com bifes de patinho, recheados com cenoura, cozidos em um super caldo preparado em refogado em bacon, cebola, alho, pimenta, todas as especiarias que eu conhecia e vinho tinto. Nessa época, havia ganhado da minha mãe um ótimo livro de culinária que ela usava, comprei o Fogão de Lenha (aqui) e também o da Maria Tereza Weiss. Esse último eu adquiri, logo depois da minha Lua de Mel. Ao passar uma noite em Petrópolis, jantamos no restaurante dela e eu amei a comida que me foi servida. Aprendi muito com as suas receitas e dicas.

Neste processo animado de estar recém casada, com cozinha própria, experimentava receitas, inventava receitas, fazia e acontecia. Anotava tudo num cadernão de capa dura, com páginas numeradas ( para ter um índice), que trago comigo até hoje. Até parece que eu sou muito organizada. Meu caderno de receitas, que sonho em repassar para os descendentes amantes da cozinha como eu, começou muito bem. Meu marido tinha uma ótima secretária portadora de um bela letra. Ela pacientemente decifrava os meus manuscritos e transferia para meu caderno.Vejam só.


A receita da página da direita foi criada por mim.
 Hoje, meu caderno está meio desorganizado, com a capa despregada e cheio de receitas soltas, manuscritas por mim, por minha filha e por amigos. E vamos combinar, lembrando de Rousseau : quando eu escrevo, só eu entendo. Depois, nem eu!

Um dos melhores presentes que ganhei do meu marido, há tempos, foi um suporte de ferro com 30 diferentes temperos acondicionados em tubos, da Cia das Ervas. Imediatamente instalei na minha cozinha. Além de decorativo, putz, eu tinha alí inúmeros sabores para temperar as minhas comidinhas. Alguns eu nem conhecia, ainda. Até hoje eles estão lá, sendo usados e renovados períodicamente. Olha só que fofo.



É obvio, que além deste kit eu tenho mais uma estante e uma gaveta com outros temperos ou reposição destes .



Ops, preciso de dar uma boa organizada em tudo...

Avaliando pelo que sei de culinária hoje, eu era meio doidona e um tanto over na cozinha. Gostava de misturar todos os temperos disponíveis, num prova prova,  sem fim e desprovido de qualquer lógica. Então, muitas vezes ocorria de, ao invés de eu valorizar os sabores, eu os confundia ou os roubava.

Hoje tudo mudou. Aprendi que cada ingrediente tem a sua função no resultado final da preparação.E mais, eles tem de ser de boa qualidade e processados de uma forma adequada, de forma  a valorizá-los ainda mais.

Então vou postar, aos poucos uma série de dicas sobre este conhecimento que eu adquiri. Creio que com ele, as receitas que eu repasso aqui ficarão ainda mais saborosas.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A cabelereira:Charuto de repolho

A família da minha mãe era muito pobre, pobre, pobre, de ma ré, ma ré de si! Meu avô, um policial básico, ficou viúvo prematuramente, com quatro filhos para criar! Minha mãe, para ajudar na renda familiar, tornou-se a cabelereira particular das irmãs do meu pai, que era muito rico. No meio dessa história, eles se conheceram, namoraram e se casaram.

Por natureza e profissão, mamãe sempre gostou de cuidar dos meus cabelos, quando eu era menina e moça. Eles, na maior parte do tempo, eram longos, louros e cacheados. Ou seja, o melhor dos mundos cabelais. Então ela adorava cuidar deles ( eu  acho, né?).  De vez em quando, ela aparava as pontas e só. Era um tal de lavá-los com sabão de coco (não existia shampu na época), aguar com vinagre ou chá de camomila para clarear,  enrolar em papelotes para cachear mais e secar ao sol, para incorporar o devido brilho solar. E se eu queria me rebelar ou radicalizar, ela, chorosa, cortava meus cabelos curtinhos, tipo Joãozinho ou Rita Pavoni. Mas cortava com as suas prórpias mãos. Confesso que eu sempre me arrependia de cortar meus cabelo tão curtos. Pouco pela estética e muito por perder, ainda que temporáriamente, os cuidados da minha mãe com eles.

Aos 16 anos comecei a cortar meus cabelos com um profisional, o Lins, que me acompanhou por um bom tempo, pelo menos uns 30 anos. O corte dele valorizava os meus cachos e as luzes, que ele fazia maravilhosamente bem, adiaram por muito tempo o uso de tinturas sobre os meus cabelos brancos.

Minha mãe, por sua vez, voltou a cuidar dos cabelos das minhas  irmãs. Ela, atualmente, tinge e corta muito bem os taizinhos. Mas como eu sou metida e mulherzinha demais para me submeter às artes da mãe, sigo com a Branca. E vamos combinar,  a Branca é talentosa e profissa por demais. Ela sabe dar o devido valor aos meus cachos, ainda que tingidos, secos e desestruturados e ao meu status de uma mulher madura que pretende ter estilo.

Eu, como minha mãe, sempre gostei, de lidar com cabelos. Brincava de pentear a Barbie das minhas filhas,  cortava os cabelos das minhas crianças, das minhas jovens, dos seus namorados, do meu pai, da minha mãe, irmãs,amigas e das vizinhas do Retiro, quando morei lá por uns tempos.

É o seguinte, quando eu morei no Retiro, nos idos de 1989, a nossa casa, aos  sábados, se transformava num verdadeiro "Salão de Beleza". E eu era "a cabelereira", na maior metideza e orgulho.

Mas a história da cabelereira, que era a minha mãe, veio à tona, para lembrar do seu encontro com aquele que seria o seu marido,o meu pai e, sobretudo, para ressaltar os predicados do meu avô materno na culinária. Meu avô Grossi, a quem eu tinha que pedir a benção e esconder dele,o cigarro e mini saia, era rígido, careta, impertigado e lindo. Ele tinha 32 irmãos (é verdade, 17 da mãe e15 da madrasta).  Ele era tão presente e digno, no entorno dessa história de privações, que fazia para seus filhos orfãos de mãe, receitas deliciosas e nutritivas, megabaratas, na medida em que o seu pouco dinheiro podia comprar. Nós, netas, netos e bisnetos pudemos saborear tais delicias.

Dentre elas,destaco aqui o charuto de repolho, que para mim é uma preparação árabe das melhores.

Eu separo as folhas de um repolho, fervento em água até amolecerem. Enrolo, nelas ( como se fosseum rocambolinhos) uma mistura bem misturada de 3 xícaras de arroz cru, 500 g de patinho moido, uma cebola picada, dois dentes de alho picados, sal, pimenta do reino. Coloco arrumadinho, um rolinho ao lado e em cima do outro,em uma panela grande e cubro com um execelente molho de tomate como já descrevi aqui, com uns dois copos de água, de modo a cobrir bem os rolinhos e rego com bastante azeite de oliva. Cozinho em fogo médio, com a panela tampada, por uns 30 minutos.

Trata-se de um prato completo,sendo desnecessário qualquer acompanhamento que não seja um bom fio de azeite.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Matar ou morrer: Flores de Maio

Estou chegando a conclusão que a TPM feminina, assunto este tão batido, deixa uma certa memória no organismo da mulher, mesmo depois da "passagem da idade". Eu estou convicta que passo por uma daquelas! Ando quicando, que nem uma bolinha de Ping Pong, daqui para ali, querendo matar ou então, morrer. Atribuo ao meu stress que ando à toda. Mas no fundo, eu sei que é a irritante TPM que ficou memorizada nas células das minhas glândulas femininas

Meu pai adorava o "Matar ou morrer" do Fred Zinnemann, com aquele gatézimo do Gary Cooper, ator preferido dele. Ele, na época em que era vereador de BH tinha uma "permanente" para usar nos cinemas da cidade. Então era assim: se ele estava de mal com vida, ou muito feliz, ou sem assunto, ou se se defrontava acidentalmente com uma sala com este filme em cartaz, ele entrava e assistia a obra. E até o final de seus dias, se o tal filme fizesse parte de alguma programação de TV era certo, podiamos desistir de assistir a qualquer outro programa, pois nada o tirava da frente do programa. Pelo que sei, ele assistiu o mesmo umas 15 vezes, pelo menos.

Creio que deverei buscar por tal obra e rever, para quem sabe, me acalmar. Pois senão, não existirá outra alternativa, senão partir para o consumo futil. Aliás, já comecei a adotar tal estratégia. Acabo de comprar uma grelha de ferro fundido e tacinhas de vidro para capuccino ( nada mais inútil, mas bonitinho). Quanto as maquiagens, essas vão sendo pouco a pouco inseridas na minha imensa lista de compras de viagem, mesmo sabendo que eu não vou vencer nem a metade dela. Mas tenho a tal desculpa: vou me conter, isto eu posso trazer na mala, por um preço mais amigável!

Reclamo de barriga cheia, pois meu fim de semana foi prá lá de agradável. A começar pelo soberbo almoço de sábado, na casa de uma das minhas 3 amigas do nosso grupo de "cozinheiras". Fazemos um rodízio de orgias gatronômicas por mês, cada vez por conta de uma de nós. Registrei tudo e vou mostrar aqui em breve. A próxima a produzir tal encontro serei eu. Hummm, espero trazer novidades e ingredientes da viagem para arrasar nos sabores que vou oferecer.

Mas hoje, quero discorrer do domingo que se iniciou com uma visita à minha mãe no Retiro. Que alegria, ao chegar por lá e me deparar com os inúmeros vasos de "Flor de Maio" (ou de Seda) mega floridos. Esse é dos dois momentos em que penso: Geraldo Bizzotto está por aqui. O outro é na florada da imensa Bouganvile fucsia do jardim, em que ela toma conta do telhado da casa e deixa cair suas flores pela grama, formando um imenso tapete de flores fucsias. Estonteante e é certo, meu pai está por alí.

Dentre os inúmeros arranjos que me deslumbraram, selecionei os abaixo.

 Aqui acima, são dois do vários vasos que moram na entrada da casa.




Acima, um pequeno, "esquecido" no chão do  jardim, ao lado da rosa trepadeira e outro, abaixo, dependurado na varanda.


  Este está carregado de botões e é o maior deles. Vou ter que voltar lá em breve para me deslumbrar.

No meu jardim, até agora só botões, nos vasos que vigio diariamente.

sábado, 9 de abril de 2011

Pensando com os pés

Não é novidade para ninguém a minha mania, assim como de várias outras mulheres, por sapatos como já mostrei aqui e aqui. Paradoxalmente eu prefiro ficar descalça. A primeira coisa que eu faço, quando chego em casa é tirar os meus queridos maravilhosos sapatos dos pés e sentir o chão. Gosto ainda mais de pisar nas pedras da minha sala e nos tijolos do meu jardim, num dia de sol. Meus pés são bonitinhos, das poucas partes do meu corpo que vem resitindo ao tempo, mas são gordinhos e incham demais. Também por isso, sinto muito prazer quando eles estão soltinhos ou "fincados" no chão.

Ao me iniciar na Técnica de Alexander ( vide aqui), tal preferência pelos pés descalços acirrou mais ainda, pois comprovei junto ao meu mestre Ilan Sebastian, a citação de Alexander :"postar-se sobre seus próprios pés, com um equilíbrio físico satisfatório, auxilia a enfrentar com prontidão, confiança e felicidade, ao invés de medo, confusão e descontentamento, os golpes e contingências do meio externo"

Num caminho complementar ao de Alexander, o meu amigo Sérgio Mattos, em de um seus minutos de coragem postados no Facebook diz o seguinte: "Minuto de coragem nº11 – Quando parece que o mundo caiu na nossa cabeça, os escombros desorientam nossa visão e reina a desolação; coragem é pensar com os seus pés!"

Nos últimos dias, por motivos públicos ( massacre da escola do Rio) e pessoais, essa frase ocupou vários minutos dos meus pensamentos. Necessito de coragem, pensava. Vai daí que, buscando inspirações para o meu post de hoje, pensei em pés!
Postar-se em ou pensar com os pés não significa, de forma alguma, que os cuidados com eles, ainda os estéticos devam ser desprezados, sobretudo para uma mulherzinha como eu.  Acho horroroso e desconfortável ficar com aqueles pezinhos rachados e as unhas maltratadas. Sempre uso um creme de uréia especifico para hidratar e massagear meus pés ( La Roche Posay e Eucerim, são minhas marcas preferidas). Além de acabar com a secura da pele e as suas rachaduras é prazeiroso para mim massageá-los e como ganho adicional, foratalecem as unhas das mãos que uso para massageá-los. As unhas, é claro trago sempre aparadas, lixadas e limpas. Acho medonho pés com unhas grandes, muito embora as minhas sempre estejam curtas demais. Pinto as unhas e prefiro os esmaltes clarinhos. Mas uso os vermelhões de vez em quando.

Pezinho da semana, com esmalte cor Meia Calça.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A goma de claras: souflê de hadock

Engomar roupas era um procedimento pouco utilizado em minha casa de solteira. Era muita roupa e muito trabalho para a nossa passadeira. Mas a dona Elisa, que também era a minha madrinha de crisma, por vezes cismava de engomar algumas camisas do meu pai e seus jalecos de médico. Aprendi com ela como fazer a goma: um mingalzinho ralo de água com maizena, bem cozido e frio, no qual se mergulha a peça lavada e torcida. Mas confesso, uso pouco  hoje em dia, muito embora eu saiba, por experiência própria, que os meus paninhos de algodão ou linho, são hipervalorizados quando engomados.

Em Portugal, os hábitos dos religiosos eram engomados com claras de ovos. Imaginem só, a quantidade de ovos usados na atividade de engomar hábitos e as inúmeras gemas sobrantes! Foi dentro deste contexto, que eu entendi o desenvolvimento desta culinária portuguesa  extraordinária, representada pela infinidade de deliciosos doces feitos com gemas de ovos.  Era necessário dar destino a tantas gemas. E, cruzes,quanta criatividade!!!Não me esqueço, por exemplo, dos maravilhosamente únicos Ovos Moles que saboreei em Aveiro ( a Veneza portuguesa e o berço dos Ovos Moles), os quais trouxe de presente para a família, acondicionado em mini barris de madeira pintados a mão, como na imagem abaixo.


Para quem nunca experimentou, a aparência e o sabor de tal iguaria lembram uma Baba de Moça mais consistente. Por mais que eu tenha insistido em obter junto aos moradores de Aveiro dicas sobre tal receita, não consegui qualquer "segredo" sobre a sua preparação. E nunca me atrevi a fazê-la, usando as receitas disponíveis, pois dizem que o de lá é único. Enfim, não quero me frustrar...

Hoje, com o advento do tergal, do poliester e de outros tecidos que não amarrotam, me pergunto, onde estarão as claras que sobram de tantos ovos usados na preparação dos doces de gemas portugueses? Talvez em suspiros e merengues.

Na França, certamente, estariam nos suflês, que para ficarem fantásticos como os do Marcel em São Paulo ou os do Taste Vin em BH, exigem uma maior quantidade de claras do que de gemas em sua preparação, numa proporção de 3 para 1. Trata-se de um ótimo prato para fazer com as sobras de queijo, legumes e aves, defumados, camarões etc. Mas para ficar "floft" dever ser assado em formas de louça refratária redondas, de preferência, pequenas e com forno sempre fechado, para não "solar".

Para qualquer sufle, é necessário utilizar um molho bechamel, que eu preparo, em fogo médio, usando 3 colheres rasas de sopa de manteiga, sobre a qual, depois de derretido, coloco 2 de farinha de trigo até formar uma papinha. Misturo 1 litro de leite integral até cozinhar e formar um creme. Tempero com sal, pimenta do reino e noz-moscada raladas na hora e passo por uma peneira.

Adoro os sufles de peixes defumados como o hadock, o surubim ou o salmão. Eu bato 3 claras de ovo, em temperatura ambiente, com uma colher de café de cremor de tártaro, o ponto de neve firme com picos altos. Á parte eu refogo, em fogo médio, uma pouco de manteiga ( 2 colheres rasas), meia cebola picadinha, um dente de alho espremido até amolecer. Junto 100g do peixe defumado cortado em fatias pequenas, misturo e junto 100g de queijo gruyère ralado no ralo grosso. Quando o queijo está derretido eu junto 2 colheres de sopa de farinha de trigo e misturando sem parar, 500ml do molho bechamel, uma gema previamente desmanchada e a salsinha picadinha, sem parar de mexer. Apago o fogo, junto as claras batidas, rápida e delicadamente. Ponho numa vasilha de louça refratária e redonda de 15cms de diametro. Salpico o queijo ralado e levo ao forno alto ( 250graus) pré aquecido por uns 10 minutos ou até corar. Esta quantidade dá para duas pessoas.


Vejam a beleza de tal prato na imagem acima, que emprestei da internet.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O doce início: Ambrosia

Quem lê o meu blog sabe: adoro comer bem e sempre prefiro as preparações simples, caseiras e cheias de história. O mais curioso é que eu não me ligo em doces, como já comentei aqui. Doces muito doces sempre me enjoaram e invadem, com pouco prazer, o lugar das comidinhas que eu gosto tanto. Mas para quem gosta de cozinhar e de receber como eu, torna-se necessário saber preparar alguns docinhos, sobretudo considerando que o meu marido os adora. Então eu preparo as receitas das sobremesas, que fazem parte da minha vida, mudando um pouco daqui e dali, para que fiquem mais leves.

De modo que ao me casar, busquei aprender algumas sobremesas, buscadas em receitas de família. Ao mesmo tempo comecei a trabalhar no CETEC, Fundação esta que fazia parte do Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de MG. E em 1977, tal secretaria publicou um livro de receita da Dona Stella Libânio, mãe do frei Beto: Fogão de Lenha. Adquiri o mesmo, ainda na sua primeira edição.

Tal livro é um primor, estando apresentado em brochura, capa dura de couro e editado em papel pardo, lindo. Trata-se de uma publicação de receitas mineiras, que traz belas ilustrações relacionadas ao tema, todas elas tiradas do Álbum Debret, tais como: O jantar; Negras vendedoras de angu; Transporte de carne verde; Armazém de carne seca...Além disso tal edição, nos presenteia com poesias, crônicas e cartas sobre cozinha e suas gulodices, por autores como Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Autran Dourado, Códice Costa Matoso, Cecília Meireles, Antônio Lara Resende, Manuel Bandeira, Cora Coralina. Uma preciosidade!!!


E o melhor, a forma de apresentação das receitas é ótima, sobretudo para pessoas com eu, que naquela época era uma principiante, mas gostava de inventar . Este livro me acompanha desde então e virou a minha "biblia" para os assuntos culinários mineiros.

A primeira sobremesa que preparei sozinha em minha vida foi a Ambrosia, baseada em uma receita deste livro. Como eu achei a receita original da Dona Stella dulcissima, fiz umas adaptações.

Faço uma calda grossa com um copo americano de açucar e outra de água. À parte, misturo 8 gemas de ovos caipiras e junto as gemas a calda sem mexer e em fogo baixo. Quando elas começarem a talhar, dou uma mexidinha de leve e delicadamente, para separar demais as gemas talhadas. Adiciono 3 copos de leite integral e espero ferver. Essas medidas são aproximadas, pois vou experimentando até dar o ponto que eu gosto. Prefiro com mais leite do que ovos. Não uso cravo e nem casca de limão, prefiro sem. Mas pode ser usado, por quem gosta. Um pedaço de canela inteiro ( moida não, nem!!!) na hora de verter o leite fica muito bom...


Nesta imagem que emprestei da internet, a preparação carece de um pouco de leite, para o meu gosto. Mas é boa também...

Dica: As claras que sobraram, podem ser usadas para fazer uma Plavova ou um souflê. Mas aí, são outras histórias e outras receitas...

sábado, 2 de abril de 2011

O feminino sobre o Rio Amazonas

Vamos combinar: para ser uma mulherzona não é necessário entender as teorias sobre o "feminino". Basta ser...

Tem algumas mulheres que se angustiam com o apelo do entendimento da sua demanda emocional e dos seus desejos difíceis de se concretizarem. Muitas acreditam que saber a explicação do anseio, pode ajudar no esquecimento, ou na solução dele. Poucas vezes isto é verdade verdadeira.

Eu já passei dessa fase. Penso que o saber das faltas e das perdas angustia sim. Mas, por outro lado, ajuda a elabora-las e a entende-las melhor. Creio que o conhecimento elaborado sozinho e por si só, não resolve a angústia gerada por tais perdas e danos. Então, o mais prático  é, depois de saber, não se preocupar tanto com isto!!! Deita na rede e deixa a solução se apresentar, calmamente.

Posso assegurar que uma mulherzinha autêntica, depois de uma certa idade, já passou por tantas, que não está nem aí sobre os enquadramentos dos seus sintomas e nem sequer se importa mais com aqueles. Às vezes, ela até os usa com um certo charme, dando uma bela volta por cima. Simplesmente sabemos que é como é,  acima de qualquer explicação e de esperança de solução, a não ser o tempo.

O maior paradoxo é que esta mulher gosta de muito, inexplicávelmente e odeia pouco, com todos os argumentos.

Sendo bem realista,me pergunto: será que uma mulher que não ama os sapatos, sobretudo os de saltão; não enche a cara de maquiagens; não passa horas pensando no melhor tempero para aquela comidinha e nem admirando um jardim; não bate pezinho, sem qualquer motivo justo; não grita, mediante a qualquer frustração, que quer morrer ( ou matar), sabe por onde passa o "ser mulher" ( originalíssima esta expressão, rs)?

Realizei que estou partindo do Brasil para me encontrar e me divertir com os meus queridos. Estou cheia de planos mega distantes do meu "eu feminino", mas grudados no meu jeito mãevozona, sem deixar de lado o meu jeitinho bem  supermulherzinha. Lembro que para mim o significado de feminino é bem diferente do de mulher.

Então, neste meu lugar de partida privilegiado, paradoxalmente, me lembro dos meus amados do Brasil, que estão aqui enraizados. Eles estão sempre presentes nos meus momentos  sentimentais, de encontros, perdas e partidas: Dori e Zé Renato.

Vai aí um presente desses meus amores para os meus amigos, interpretando "Rio Amazonas"( de Dori Caymi), uma composição de tirar o folego. Trata-se de uma produção bem "caseira" e eu gosto. Fantasio que eles estão aqui em casa cantado comigo ( ou só prá mim)...





Meio doido este post. É o momento de muitas e conflituadas emoções.

Brigada com as bolsas: adequação

Não me lembro de ter comentado no blog qualquer assunto sobre bolsas. É uma falha minha, pois sei que muitas mulheres amam bolsas.

Eu não. Elas são para mim um trambolho inévitável que pesam na minha vida. Em pouquíssimas situações as bolsas representam para mim um complemento ao meu look. É o tal negócio, sou muito desorganizada, carrego nelas um tanto de coisas inúteis( das quais eu não me desapego) e as úteis, pesam demais.

É regra: a minha bolsa tem de ser bem grande, ter duas partes,no mínimo, para "caber" uma carteira com todos os documentos, cartões, poucas notas, mas muitas moedas; talão de cheques, necessárie básica (creme para mãos, pinça, blush, corretivo, lápis de olho, perfume, 2 batons e um glosss, tudo em embalagem mini), chaveiro com as inúmeras chaves de casa, celular, vários outros batons espalhados, cigarro, vários isqueiros e monte de papéis e cartões. Na outra parte, carrego uma agenda, um bloquinho de notas, meu caderno de reuniões, estojo com várias canetas e lapiseiras e borrachas, pendrive e palavras cruzadas (nunca se sabe o tanto que se tem que esperar por um médico, uma reunião ou uma carona).

Por vezes, ainda necessito carregar nela documentos técnicos para realizar os meus trabalhos, que ficam no maior vai e vem, acompanhando o meu roteiro, misturado de compromissos pessoais e profissionais. Felizmente, meu Note Book, não sai de casa. Acho deselegante, participar de reuniões com um computador pessoal aberto, verificando saldos de banco, respondendo mensagens, sem levantar olhar e discutir cara a cara com os participantes da mesma, os temas que são o objetivo dela ( já vi este tipo de atitude muitas vezes). Claro, o NB é indispensável naquelas situações de apresentação e revisões de trabalhos técnicos. Nestes casos, uso o do cliente, mas eu sempre dou um jeito de delegar esta função à outros. Prefiro o real ao virtual, ou seja usar o meu caderninho para fazer as minhas anotações.

Aí vocês vão me dizer: use uma pasta ou uma mochila, para os objetos de trabalho e ande por aí com aquela bolsinha estilosa. E eu vou reponder: já tentei e não rolou. Com dois volumes para carregar, fico confusa na hora de tirar o dinheiro para pagar o taxi, esqueço um deles em algum lugar, fico sem mãos para buscar minhas coisas que ficam jogadas dentro. Não dá mesmo...

Em certa ocasião, tentei deixar um kit ( um caderno, uma caneta, um batom,uma pendrive e etc), em cada uma das mesas de trabalho que eu tenho nos escritórios dos meus clientes ( hoje são 3, fora a do meu próprio escritório). Dava a maior zebra, estava trabalhando numa e dali tinha que resolver problemas cujo conteúdo estava em outra e cadê minhas anotações? Sou desorganizada meeesmo...

Neste ano decidi usar um só caderno de capa dura ( tem de ser), separado por "matérias" ( meus projetos), e canetas coloridas para cada categoria de antoção. Até mostrei isto aqui. E confesso, não está funcionando, pois sempre esqueço o caderno em algum lugar e/ou me confundo com as cores das canetas, alí na hora do "vamo vê". Invejo os colegas que usam os cadernos referenciados por assuntos e prioridades, com "post its", coloridos. Também já tentei isto e não deu, perdi todos aqueles comprados nas mais diferentes cores por vencimento do seu prazo de validade.

Invejo também as minhas amigas que tem dentro de suas bolsas pequenas bolsinhas, de cores e estampas diferentes, contendo em cada uma, categorias diferentes de objetos. Também não funciona comigo, confundo as bolsinhas e misturo os produtos, sem conseguir achar nada de pronto, a não ser abrindo e fuxicando todas elas...
Vamos combinar, se não adquiri esta disciplina até hoje, melhor disistir. E mais, não devo precisar tanto dela assim, se não as coisas não dariam tão certo nas minhas atividades diárias.

Mas voltando às bolsas. Dentre algumas que eu uso pouco, tenho duas, que eu adoro: uma da Zaadona de linhão crú e outra da Rita Lessa (aqui e  ATENÇÂO tem mostra dela, hoje e manhã  no Mercado do Cruzeiro). Essas minhas queridas são grandes, mas leves, lindas, cheias de charme e nelas cabem todas as coisa que eu quero carregar (exceto o tal caderno).

Considerando a minha viagem, estou revendo os meus conceitos sobre as bolsas. Tenho pensado seriamente em adquirir mais uma bolsa adorável, dentre muitas produzidas pela Jamin Puech (bolsas), que tem lojas em Paris. Essa dica foi me passada pela Branca. Difícil será escolher pois são todas lindas e caras ( ai...). Vejam só.

clássica



 petita e mais em conta
sonho de consumo





 sonho de consumo 2

mimo


Elas são de fato, irressitíveis. Só me falta agora partir para uma a mania por bolsas....
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