segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013:Saudade benigna

Após mais uma noite de tristeza e quase desespero, me acalmei com a leitura de um trecho do livro que meu marido está lendo. Fiz dele o meu desejo, para mim e para os meus, em 2013:"sabia que aquilo significava que eu aveludava os modos e me ia apaziguando com o destino. eu também o sabia. havia passado o primeiro ano e a dor era  profunda mas talvez começasse a surgir a tal saudade de que ele me falara. aquela saudade benigna que ja não quer magoar mas celebrar o passado." ( Valter Hugo Mãe, em A máquina de fazer espanhóis).

Com alguma esperança, decidi comparecer ao encontro de fim de ano entre amigos. Vou tentar preparar um Ajo Blanco, para oferecer a eles. Vou torcer para dar certo e para ter alguma alegria neste encontro, mediante à falta.

Estou eu aqui às voltas com as irmãs Vic e Vera, assim nomeadas, posto que aquela que batizava os nossos bichos com palavras "esdrúxulas", está faltando. A bichana Vic me lembra ela: branquinha, olhos azuis como contas de Águas Marinhas, enfoguetada.
É assim, nas pequenas coisas, eu me encontro com ela.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Sonho bom: torta de abacaxi

Nesta noite sonhei com os meus tempos antigos, adolescente, lá em Cabo Frio, passando férias na casa da família do meu cunhado. Tempos bons, sonho bom.  Acordei assombrada por mais um dia difícil. Meus sonhos parecem vida, a minha vida mais parece um sonho ruim, de quinta categoria.

É como eu desabafei com a amiga Si escrevendo mais ou menos assim "Estou eu aqui perdida, sem lugar. O pai foi ao cemitério levar flores para ela. Eu, não consegui... Para mim, é uma dura realidade do lugar do corpo acabado. Não o lugar da alma dela, que é tudo o que eu queria, sempre. Então não vou, por enquanto. Foi ali que o fim dela foi enterrado junto com o futuro da nossa história com ela. Sinto raiva daquele lugar. Não vou. Prefiro estar com as minhas recordações dela sorrindo, gargalhando e com a saudade do seu cheiro e da sua voz"

O natal em família no Retiro sempre me pareceu alegre e acolhedor, mesmo depois da perda do meu pai. No último ano, a minha família estava inteira, alegre e participou em completude. Minha mãe nos recebeu com a alegria e as engraçadezas de sempre. 

Hoje não tenho mais a mãe e nem a filha mais velha. Não tenho mais o "natal do Retiro. Mesmo assim decidimos fazer um encontro aqui em casa: marido, filhos, algumas irmãs, alguns sobrinhos. Nos reuniremos em volta da mesa que veio de lá, buscando de alguma forma manter a tradição, mesmo sabendo que ela já foi quebrada pelas perdas.

Para tornar minha mãe presente, beberemos espumante e vinho tinto. Para homenagear minha filha, servirei torta de abacaxi.

Ao pedir a minha ajudante para preparar a torta preferida da minha filha ausente, ela se pos a chorar, dizendo que não conseguiria realizar a feitura. Em um grande esforço, mesmo aos prantos, ela conclui o processo.  Por mim, pela Ciça, por ela própria. Obrigada amiga.

Para 12 pessoas, ela usa um abacaxi maduro, fresco, picado, ferventado em um copo de água e 3 colheres de sopa de açucar. Daí, coa a fruta e reserva. Com 1 lata de leite condensado, uma de leite integral, 3 gemas misturadas e 2 colheres de sopa de amido de milha, ela prepara um creme e reserva. Ela forra uma travessa com um pacote de biscoito maizena, sobrepõe metade do creme, por cima assenta o abacaxi picado e coado e por cima, o  restante do creme.

Simples assim! Mas difícil de realizar hoje.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Causas impossíveis: Acalanto

É curioso ou mesmo sintomático voltar a morar na mesma quadra, na qual a minha história com ela começou. Foi aqui, nesta mesma vizinhança, que eu cheguei com ela em meus braços no nosso lar, pela primeira vez. Foi por aqui que em várias noites eu acordei para cuidar dela.
É aqui que passo em claro várias noites pensando nela, aflita pela falta dela, despedaçada de saudades dela. Ao amanhecer, escuto as mesmas badaladas de outrora, da mesma Igrejinha de Santa Rita, a santa predileta da minha família original, a das causas impossíveis.

Aqui, ao abrir as caixas de histórias trazidas do outro lugar, percebi que haviam muitos objetos sem sentido, documentos desnecessários, tranqueiras inúteis. Joguei tudo fora. Guardei comigo o principal. Sofri ao me deparar como as nossas histórias principais, boas recordações do passado, mas com a certeza da falta de um futuro juntas.

Tenho ainda muitas histórias encaixotadas. Histórias dela: os livros, os discos, os figurinos de teatro, os escritos. Essas sairão das caixas quando o filho vier abri-las comigo.

Compartilho aqui uma das canções que eu cantava para ela, para nina-la: Acalanto, de Dorival Caymi, numa linda interpretação da Mônica Salmaso.
 Continuo velando por você, meu bem!


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

"Filha, não os deixe sozinhos": Passarinhos

"Filha, não os deixe sozinhos", era o conselho que o meu pai nos passava todas as vezes que alguém amado era devastado por alguma perda para a morte. Cresci buscando, se necessário, fazer companhia e confortar as primas e amigas privadas dos pais, às tias e tios privadas dos filhos ou dos maridos, dentre tantos outros em privação eterna de seus amados.

Hoje, num mundo tão cheio de apelos, demandas e compromissos, me vejo só nos meus piores e mais difíceis momentos. A vida continua para todos, exceto para mim e para aqueles que como eu ralam por uma perda para a morte. Para nós a vida pára e nos exclui completamente de qualquer caminho alternativo. A morte é ausência eterna, perda irreversível.

Vive-se um dia (ou cada minuto) de cada vez, enfrentando as faltas espremidas, muitas vezes, pela burocracia do inventário, dos seguros, dos direitos "Pós Mortem". É incrível como a burocracia serve de refúgio besta para a dor da falta. Porém, ela ajuda a postergar a vivência dessa dor. E eu corro atrás da burocracia, como uma saída para sobreviver.

Hoje eu sei que a dor irreversível da perda, da falta, da saudade, da ausência, é desprovida de cálculo, um cálculo que a burocracia faz facilmente. Mas sigo, juntando documentos, tirando cópias autenticadas, inclusive de um atestado de óbito que eu nunca li.  Espanar da minha vida este mofo da burocracia, sei não, pode ser pior, por enquanto.

Nesta época do ano, eu sempre postava neste blog, idéias para as festas de final de ano como aquiaqui e aqui". Eu adorava o final do ano e a chegada do verão: festas, encontros familiares, férias na praia. Só alegrias. Em 2012, o ano que me passou a perna,  não vou enfeitar minha casa, não vou comprar presentes, não quero cozinhar. Não quero evidenciar a perda, a ausência e a falta da filha e da mãe. Às vezes fico impressionada com a capacidade dos humanos resistirem a tanto.

Dizem os chineses: "Felizes são aqueles que enterram seus pais". Eu fui feliz, até há pouco tempo, pude enterrar meus pais. Mas hoje, sou uma infeliz... Não existem palavras para explicar isto.

Lya Luft, frente à perda de seu marido se aproxima um pouco da minha revolta mediante a tal contigência.

"Não falem alto comigo:
andem sempre na ponta dos pés.
Principalmente, não me toquem.
Finjam que não vêem se tenho um jeito absorto,
se nem sempre entendo as perguntas
com a rapidez de antigamente,
se pareço fatigada
e sem graça como nunca fui.
Não me interessa nada o cotidiano nem o místico.
Não quero discutir o preço do mercado
nem os grandes mistérios da eternidade.
Façam silêncio ao meu redor."

Como superar tal amargura? Tom? Passarim? Eles estão à toda nesta época do ano, reproduzindo...



UM VIVA PARA O NOSSO MAESTRO!!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Caixas de histórias

Como organizar as histórias de tanta vida em tão poucas caixas? Estas são tantas! Decidi começar pela exclusão dos objetos sem história, os superfluos. Ao dar início a execução do meu plano, desanimei, deitei na cama e desisti. Não existia em mim a coragem necessária para desvincular o superfluo do principal, posto que teria de reviver o principal.

Meu plano B, foi encaixotar tudo, usando a lógica de desocupar os espaços largados e acondicionar nos novos. Claro que não ia dar certo. Afinal, a casa deixada é bem maior do que apartamento escolhido. Então, à medida que as caixas iam sendo preenchidas, eu tentava exercitar o desapego sobre os itens detonados e sobre aqueles que eu não me lembrava mais o motivo de ainda estarem guardados comigo.

Porém, não se tratavam somente das minhas histórias e nem tampouco de apenas um lar. A grande maioria dos objetos são das histórias da família, todos compartilhados por todos, por algum tempo, às vezes separados por algumas situações, mas agora sendo ajuntados outra vez. Ao longo de tantos anos, acumulamos na casa, na casinha ou no apartamento do filho, muitos objetos com histórias . Vai dai que os livros e os discos, por exemplo, vieram todos para o novo lar.

A maior dificuldade foi encaixotar as coisas da casinha da filha mais velha, ela que se torna cada vez mais presente na sua imensa ausência. Cada brinco, colar, batom, vestido, taça, peça de figurino, disco, livro, agasalho, meia, dentre tantos outros itens guardava momentos para recordar e penar. Não me foi possível concluir tal função, até hoje.

Mediante a tamanha impotência e no sentido de dar um bom destino a itens tão "preciosos", a minha caçula propôs partilhar os mesmos com as amigas da irmã. Melhor idéia não haveria de ter. No último sábado promovemos o "Lembranças da Ciça" na casinha dela. Arrumamos os objetos "cara da Ciça" no armário e sobre a mesa e convidamos as amigas para escolher as suas lembrancinhas. Optamos por um horário matutino, bem distante do difícil entardecer da casa. As amigas foram chegando ao longo do dia, com delícias para um lanche. Uma delas nos levou as deliciosas coxinhas de galinha, que a Ciça tanto adorava. Foi um encontro bom, triste, recordamos de histórias e de vários momentos compartilhados com ela e expressos naqueles objetos. Choramos um pouco, juntas ou separadas no jardim, elaboramos um pouco a falta. Ali, chorando sob a chuva me lembrei de "Chove lá fora"do Tito Madi, canção que eu adoro, aqui interpretada por Caetano e Leo Gandelman.
Uma das amigas nos escreveu assim: "Ela ali presente em cada caso que foi contado, em cada detalhe, um tercinho que virou colar, um esmalte chamado vanguarda, uma bolsa de brechó em forma de maleta... Um batom usado até o fim, ultra vermelho e gasto, de tantos beijos e sorrisos, e os espelhinhos flutuando pelo espaço, pendurados e espalhando luz nos quatro cantos da sua casinha..."

Recordar, por agora, é viver...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Histórias de duas: Zazá

É isto: não consigo refletir, não consigo raciocinar, nada me inspira, as palavras me faltam. Por momentos efêmeros me animo, com a perspectiva de estruturar um novo lar. Mas logo a seguir sofro por não estar na velha casa, no antigo lar, cheio de histórias alegres. Choro durante as recordações das histórias da minha família. Desabo quando a minha filha mais velha faz parte da história. Ela faz parte de quase todas.

Não choro pela separação da casa em si, pois essa já não me pertence. Não choro pela separação da cadela adorada por nos duas ( mãe e filha). Sem a presença da minha filha, parece que eu não pertenço mais a cadela e ela, por sua vez, também não pertence mais a casa, nem tampouco ao lar. É estranho!

Zazá chegou em minha vida há quatro anos, num momento ruim. Fadigada por minha doença, eu não a desejei. Ela me foi imposta. Além disso, eu já estava por demais envolvida com a minha Nina, a outra cadela que morava na casa e já fazia parte do meu lar. Não havia espaço em mim para acolher ali mais um animal. Porém, de uma forma bem discreta ela, a Zazá, foi me acolhendo e, aos poucos,  ocupando quase todos os espaços da casa. Com a morte da Nina, ela se tornou a minha mais presente companhia e das mais queridas. Ela fazia parte do meu lar e das minhas histórias.

A minha filha, ao voltar de Londres, estabeleceu com ela uma ligação intensa. Zazá estava sempre ao seu lado, quer seja na minha casa ou na casinha anexa em que minha filha morava. Usando a pata dianteira, aprendeu a abrir a porta da casinha, espaço este no qual lhe era permitido deitar e dormir no sofá ou até mesmo na cama. Eu protestava contra tanta intimidade entre as duas, mas era sempre vencida por elas. As duas unidas ficavam, por vezes indiferenciadas, numa mistura de cão e gente. 

Zazá, tornou-se uma fonte de inspiração para alguns trabalhos da minha filha. Eu, ao tomar ciência de tais trabalhos, me deparava com fotos e filmes dessa cadela.

Foto editada para compor a capa de um de seus últimos projetos
A Zazá ainda sobrevive, mas vem perdendo aos poucos um tanto da sua alegria. Ela mora sozinha na casa, recebe a visita de outros, que não é a sua preferida, se ressentindo de tal ausência. Ela percebe o desmanche do lar e a tristeza da família. Pobre Zazá. Pobre de nós.

  

domingo, 11 de novembro de 2012

Histórias com o filho: feijaozinho

Nos momentos em que quero morrer para me livrar de tanta dor, me vem a cabeça as recordações das minhas histórias com os meus filhos, com o meu neto, com a minha família, enfim. Me orgulho da minha nova família, que me trará ainda muitas alegrias.  Não quero perder isto. Então, sobrevivo à dor, o desejo de viver persiste.

O meu menino valente faz 30 anos.

O meu bebê era bochechudo, com olhinhos cor de mel, fartos cabelos lisos e negros. Ele foi o mais lindo e fofo de todos os bebês! Certo dia, alguém o carregou no colo e me confessou: ele é igual ao feijãozinho. E era mesmo.

Até hoje, aos meus olhos ele ainda é o mais belo, o meu feijão.

Compartilho o "Palhaço", de Egberto Gismonti, que é a melodia de nós dois, aquela que nos embalava, quando ele ainda estava na minha barriga, ao amamenta-lo, ao nina-lo em meu colo. Ouvíamos na gravação original da album Circense. Mas esta interpretação do Egberto também está muito bonita.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Histórias de nós duas: O último abraço

Foi com um certo estranhamento que eu arrumei as minhas malas para a viagem "prós lados de lá". Das outras vezes, eu nunca havia adiado tanto a arrumação, como fiz dessa vez. Antes, partir para lá era difícil e inseguro. Eu passava dias arrumando a minha bagagem, temendo sentir muitas faltas. Eu não sabia de nada!

Nesta última viagem, eu arrumei tudo de véspera e sem qualquer planejamento, como se estivesse me adaptando ao "modus operandi"do outro continente, tão antigo e, antes, tão distante. Estranhei minha atitude, ainda que entendendo o meu desleixo. A viagem foi marcada, inicialmente para a primavera de lá: maio. Mamãe adoeceu gravemente e eu desisti de ir. Me conformei em não me reencontrar com a minha filhinha caçula e o meu netinho. Me conformei de não rever a deslumbrante florada das glicínias. Preferi me despedir de mamãe e elaborar a perda dela.

Após indas e vindas na decisão de sair do lar e me afastar da tristeza da perda da mãe, considerei a oferta generosa da amiga, que nos acolheria em sua agradável companhia e do seu marido na sua casa em Montmartre. Decidimos ir, no outono de lá: outubro. Era aquele o momento certo. Eu não sabia de nada!

Optei em levar pouca bagagem, cedendo boa parte do espaço da minha única mala para os presentes brasileiros aos meus amados, que por lá moram, distantes. E afinal, mulherzinha que eu era, compraria com prazer tudo o que me faltasse por lá. Eu não sabia de nada!

No dia da partida, ela veio se despedir de mim, na correria que os compromissos dela exigiam. Era muito cedo, uma manhã bonita e cheia de luz. Ela me olhou com a imensidão dos seus olhos azuis, da cor das minhas amadas glicínias, e com a grandeza do sorriso de seus lábios e me disse: "Noh Pabinha, você já está indo hoje! Me esqueci de separar as roupas do meu filho, me esqueci de comprar as paçoquinhas dele para você levar. Ai, putz, ando muito ocupada..."eu respondi: "não se preocupe filha, já separei as roupas dele, comprei para ele e para a sua irmã as paçoquinhas e a farinha  de pão de queijo. Já está tudo dentro da mala". Ela veio me abraçou apertado e disse numa só frase e de um só folego: "Pabinha, você é a melhor mãe do mundo, te amo, boa viagem". E saiu correndo para o trabalho gritando: "dá um beijo no meu pai".

Esse foi meu ultimo encontro com ela, meu ultimo abraço nela. Essas foram as ultimas palavras que eu escutei dela. Eu nem imaginava que entre nós duas, ali naquele momento, seria tudo tão "ultimo".
Eu não sei de nada!

Video produzido por Aluizio Salles Jr em outubro de 2012


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Histórias deles dois: Saint-Rémy

Ao fechar meus olhos, sempre aparecem imagens da minha filha rindo, com aquele riso aberto e sincero. E vou puxando as lembranças dela, em busca da sua companhia por alguns poucos momentos. Que assim seja!!!. E com ela, me chegam as recordações familiares, de nós seis. Bons tempos. Tempos inesquecíveis.

Em janeiro de 2011, como comentei aqui, fizemos nossa primeira viagem familiar para o exterior: sul da França, Provence. O vulcão islandês estava ativo na época, o que nos obrigou a fazer várias improvisações, desde a saída de casa. Quantos desencontros e mal humores isto gerou entre nós!  Porém, para ela e seu filho, meu neto, todos os problemas viravam piadas e risadas. Para os dois, que após longo tempo de separação, se encontravam outra vez, tudo era somente alegria. Ali, os dois foram as minhas melhores companhias.

Muitos encontros e bons humores trocamos entre nos seis, também. Um deles foi em Saint-Rémy.Por unanimidade inserimos essa cidade em nosso roteiro de viagem. Asilo de Saint Paul, onde esteve internado Van Gogh, um dos nossos prediletos artistas plásticos, por sua obra tão ligada e confundida com a sua história. O dia estava lindo, as iris estavam em flor, tal como eu as imaginava, quando as vi nas obras do artista.
Certamente, este foi um dia muito emocionante e bom para todos nós.

Para mim, o evento mais comovente deste dia, foi presenciar o encontro dos dois, mãe e filho, nos jardins internos do asilo. Meu neto se impressionou com um pássaro morto e quis enterra-lo, ali mesmo. Sua mãe, estreando a sua filmadora, realizou, a partir desse gesto, um belo video, usando também algumas imagens do filho, obtidas em Nice.

Nesses últimos dias, ao assistir outra vez este vídeo, me deparei com um novo significado nele: mais uma coincidência triste na vida destes dois amados. Mais um soco no meu estomago e um nó na minha garganta.
 Sem mais palavras.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Histórias de nos duas: ultimo aniversário

No dia do aniversário dela,  no maio ultimo, resolvi sair para lhe oferecer presentes, numa atitude bem muherzinha. Ela merecia, mesmo que fosse num dia de muita chuva, com minha mãe mal num CTI e eu perdida, mediante a iminência de vivenciar a minha total orfandade.

Ela queria muito um relógio bom, bonito e legal. Eu me abri para o que desse e viesse. E ela me acolheu como se eu é que estivesse a presentea-la. Mal sabia ela que era ela que me acolhia. Após idas e vindas na relojoaria, ela escolheu o mais lindo de todos os relógios oferecidos, aquele que era a cara dela e do qual ela nunca mais se separaria, até morrer. Saímos da loja orgulhosas com a escolha precisa. Presente dado, presente recebido, só sorriso entre nós duas. Dali, saimos para escolher um presente para a minha nora amada e achamos. Cafezinho, despedida do lugar e tomada de novo rumo.

Chovia muito nesta tarde e eu ainda queria estar com a minha mãe moribunda. Ela, sorridente, foi comigo e antes de tudo, me levou para mais um café, buscando me preparar para a visita horrível a uma mãe que se vai. E ela me confortou. Ficamos ali, nós duas, vendo a chuva e conversando sobre banalidades. Ela estava fazendo 32 anos, eu feliz e orgulhosa com isto, mas convivendo com fatalidade de perder minha mãe, como a perdi, um mes depois. E ela, minha filha, ali comigo, de mãos dadas, entendendo tudo e me confortando.

Neste dia de aniversário, ela corajosamente encontrou-se com a sua avó, deu um beijo nela, rapidamente, num triz choroso. E saiu correndo do CTI. Me esperou fora do hospital. Daí, lentamente voltamos para o nosso lar, buscando superar isto. Nos reencontramos na nossa casa, num dia muito importante para nós duas. Dia de comemoração do primeiro em que eu a vi, ou melhor, nos vimos. Dia em que pela primeira vez ela mamou em mim.

Para comemorar os 32 anos da minha mais velha e no aconchego do nosso encontro adulto, fizemos, naquele dia, uma boa massa, tomamos um bom vinho, compartilhados com nossos amores e agradecemos por estarmos juntas.

Eu não imaginava que seria somente por menos de mais um ano. Cecília...


sábado, 20 de outubro de 2012

Jardim seco e a sanfona muda


"Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo"
Adélia Prado

De repente, minha casa, que constantemente amanhecia, foi tomada por uma noite nublada e eterna. O espaço físico dos meus adoráveis encontros, se desfez em um segundo. Até as flores daquele jardim, outrora amado, se apagaram e ficaram completamente desimportantes. Afinal, a mais preciosa delas se foi. E desde então não pude retornar ao jardim, até ontem. Ao retornar, o desamor por ele se estabeleceu.

Sei não... desde a chegada da grua, algo me dizia que as coisas não iam bem por ali. Mas não imaginava que aconteceria o pior, como aconteceu. Nunca me dei bem com as separações e as perdas, embora soubesse que poderia vivenciar todas elas, durante a minha vida, menos uma: exatamente esta que acaba de acontecer e de uma forma definitiva.

Seria bom se eu pudesse ouvir, um pouquinho que fosse, aquele irritante som de sanfona no meu jardim!


terça-feira, 9 de outubro de 2012

O impossível acontece: Um adeus impensável

Tempo de dor, de sofrimento e de recolhimento. Tempo de uma mulherzinha destruída. Algumas delas passam por isto. Eu estou passando. Só espero e torço para que essas mulheres sobrevivam. Eu estou me esforçando, às duras penas. Devo sobreviver, pelos outros filhos maravilhosos e por meu neto, pedaço desta que se foi. Eu tenho a honra de tê-los comigo.
Te amei, mesmo antes de você chegar, te amo até hoje e te amarei sempre.
E sempre que olhar para o infinito do mar, o meu lugar de olhar preferido, lá também vou te encontrar, minha filha amada.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Frutas de época: sanduiche de mortadela e figos maduros

De uns tempos prá cá, comer doces, frituras e manteiga virou pecado para mim. Praticamente eu tirei essas delícias do meu cotidiano. Porém, desde que surgiram os maravilhosos azeites por aqui, me senti socorrida, uma vez que azeite, gente é bom demais. Ele é giga saboroso e saudável. Vai daí que eu passei a usa-los, quase que com exclusividade, como a parte gordurosa e saborosa das minhas preparações, como pode ser observado na grande maioria das minhas receitas.  Confesso que eu devo gastar alguns litros de azeite por mês aqui em casa.

É claro que existem exceções, nas quais o uso da manteiga é indispensável. Por exemplo,  preparar farofa, molho bechamel, sopa de cebolarabanada, crumbles ou qualquer outra massa crocante, sem usar e abusar da manteiga, não rola. Agora, aquele pãozinho crocante com a purinha esparramada por cima, eu quase que cortei da minha vida. Tenho sorte, pois as manteigas brasileiras não me seduzem em nada. Acho-as com um sabor abusado de coalho. 

Nesta semana, contudo, eu não resisti à manteiga Aviação que eu comprei para preparar um sanduiche de mortadela com figos maduros.  Me atirei sobre ela durante toda a semana. Ela realmente é deliciosa, à altura daquelas com as quais a gente se lambuza na França.

Embora seja início da entre safra dos figos maduros (veja na tabela das épocas de consumo para legumes, hortaliças e frutos), eu recomendo. Ressalto, porém, que tal sanduba pode também ser preparado com outras frutas de época ( kiwi, uvas ou pêssego, por exemplo). Eu prefiro com os figos, uma vez que a combinação é perfeita e também porque eles me remetem à infância. Já saboreei muitos deles, colhidos na figueira do quintal da casa do meu avô.

Para duas pessoas eu uso um pão ciabatta, cortado na longitudinal. Espalho muita manteiga gelada da boa (gosto dela quase em fatias) em cada metade do pão. Coloco, numa das metades do pão, 4 fatias de mortadela finamente fatiadas; sobre elas, um figo maduro cortado em 4 fatias e fecho com a outra metade do pão.

A mortadela pode ser substituída por presunto cru, a manteiga por queijo brie ou camembert, a ciabatta por pão italiano ou francês. O amarguinho da rúcula ou do agrião e o docinho de mel ou de um "xarope" de balsâmico podem sofisticar a preparação. Vejam abaixo a "cara"de tal delícia na imagem que emprestei da internet.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Fora do normal: Acessórios e complementos

Ô gente, há dias estou tentando concluir esta postagem. É que tenho andado meio desprovida de vaidades, futilidades e frivolidades. Porém, mediante à perspectiva de viajar, em breve, para o meu paraíso de consumo, bem posicionado no meu estilo mulherzinha, me animei em colocar os pingos nos ís e um ponto final neste texto.

Tenho uma ligação histórica com os acessórios e os complementos de vestuário, tais como os lenços, echarpes e bijous, os óculos de sol,  os sapatos (a loucura de qualquer mulher) e as bolsas.

No decorrer da minha infância e juventude, sempre lidei com eles. Minha mãe me permitia brincar de "desfile de moda"ou de "lojinha" com as suas bijus, as suas poucas jóias, os seus sapatos, a sua bolsa e o seu batom. Nós éramos seis meninas muito bem apessoadas e filhas de pais desligados das aparências, situação em que se empetecar tinha um valor próximo a zero.  Porém, à partir de algum momento da minha meninice, eu passei a sentir muito prazer em me fantasiar de mulherzinha. Nessa época, eu guardava uma admiração pela prima da minha mãe, uma solteirona, perua e sabida, que percebia este meu " lado mulher". Então, ela sempre me presenteava com muitos badulaques, dos quais ela se cansava, me enchendo de colares, anéis, lenços e até perucas. Eu adorava brincar com aquilo tudo e me encontrava. Eu jamais me esquecerei desta querida prima: Ivone....

Vai daí que adquiri, ao longo dos anos, um grande prazer em me enfeitar, mesmo passando por uma fase juvenil de genuína rebeldia hippie, na qual eu andava uma tanto maltrapilha.  Faz parte...

Hoje, eu uso e abuso dos acessórios. Muitas das minhas colegas de trabalho elogiam o que eu uso, mesmo que seja com algum exagero e descombinação (adoro descombinar) e me pedem dicas sobre onde encontrar e como usar os meus berloques. Elas admiram e se divertem com a infinidade de produções que eu faço. Gosto de usar as minhas coisitas, sem medo, sem dó e nem piedade. A estratégia da preguiçosa que eu sou é sair da cama, comer qualquer coisinha, vestir a primeira roupa  básica que surge no armário. Daí, escolho um ótimo sapato (receita de sucesso no look e no conforto) e me encho de colares, pulseiras, anéis e lenços (no inverno). Pentear demais o cabelo, não rola. Cabelo mal arrumado, faz o maior sucesso, sobretudo de solto e desorganizado ou num rabo de cavalo mal arranjado. No rosto, uso, no mínimo: um hidratante com protetor solar;  um corretivo de olheira, manchas e marcas; um blush clarinho, para mostrar uma certa saúde; um rímel que alonga e engrossa os cílios e um batom, que favorece os lábios.

O que quero dizer é que hoje, para mim, os acessórios resolvem as dificuldades de não poder abusar do principal, o vestuário, o qual não tem me favorecido.

Gordinha que sou, eu fico limitada mediante a uma boa produção de vestimenta, uma vez que  estou desengonçada e desmerecendo o que estou usando. Uns acessórios bacanas e uma boa maquiagem são a boa saída para dar conta do desengonço. Acredito que se chamar atenção sobre o entorno, poucos vão notar o decaimento do meu corpinho, no qual não se encaixam mais aquelas roupinhas lindas.

Jamais postei aqui qualquer  coisa sobre os cintos (já usei e adorei tantos... grossos, irregulares, finos, com vários tipos de fivelas!). E isso é óbvio, já que não o tenho mais aquela cinturinha maneira para usa-los. Mas muitas de vocês tem. Vai daí que num dia desses, a querida amiga M. Rosa, postou uma imagem  no meu FB, mostrando diversas formas de usar um cinto fino, o top do top. Isso me inspirou

Longe de mim usar uma coisinha dessas, tão fina, escultural e delicada. Porém, compartilho a dica, para aquelas amigas jovens e/ou magras, que conseguem fazer sobrar um bom pedaço de couro para fazer os nós.

Nessa imagem não tem o "passo à passo" sobre o fazer das laçadas. Mas serve de ajuda à criatividade de cada uma para usar este complemento tão legal.

Como consolo à falta dos meus cintos,  recebi hoje de presente um belíssimo colar produzido por minha amiga Carminha,. Um colar fashionissimo no peito, pode ser, prá mim, a melhor saída que tá tendo para obter algum charme. Vejam só que lindo e moderno este colar.



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cesta Básica: Creme de milho verde

Hoje é dia de selecionar os produtos da farta cesta básica, recebida por meu filho em seu emprego. Dali eu aproveito um ótimo arroz agulhinha,  um bom feijão carioca, farinha de trigo especial, achocolatado bom, gelatinas providenciais, fubá e macarrão honestos,  buchas, sabão em barra e o sabão em pó, dos mais tradicionais. Alguns produtos eu não uso na minha cozinha. Daí, passo eles prá frente.

Os milhos verdes em lata são desprezados por quase todos daqui de casa. Mas esses eu vou acumulando na minha dispensa. Um dia, quem sabe poderei aproveita-los. Gente, eu adoro milho, quer seja em lata, ou na sua espiga, ou em creme ou de qualquer jeito. Sou daquelas que corre atrás do vendedor de espigas de milho cozidas na praia ou na praça.  Gosto de prepara-los refogado na manteiga, ou num creme,  que sirvo como um acompanhamento de grelhados ou de cozidos de carnes, aves e peixes. Trata-se de um verdadeiro coringa em qualquer cozinha.

Para um creme de milho verde em lata, considerando 6 a 8 pessoas, e como acompanhamento de uma carne, eu refogo, em uma colher de sopa de manteiga, meia cebola picadinha e dois dentes de alho amassados. Depois de dourados, adiciono uma lata de milho verde drenado.  Junto 1/2 colher de farinha de trigo. Espero tostar.  Depois de tudo amaciado, junto outra lata de milho verde sem sua água, triturada no liquidificador com uma xícara de leite integral.  Após ferver tudo e engrossar, tempero  com sal, pimenta do reino moída na hora e  noz moscada, a especiaria mais importante desta preparação, além de uma colher de sopa de queijo parmesão ralado.

Para  servir,  salpico a salsinha finamente picada.

DICA: Se quero transformar  o creme de milho num suflê,  eu adiciono a ele, uma xícara de chá de molho bechamel, 4 claras batidas em neve e 1 colher de sopa de parmesão ralado. Misturo tudo levemente, com um batedor de arame acertando o sal, a pimenta do reino e noz moscada. Salpico queijo parmesão ralado por cima. Asso em ramequins, em forno pre-aquecido, médio ( 190 graus) por 30 minutos ou até dourar. E ele fica assim...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Na falta de bom humor culinário, frango com laranja e gengibre

As inspirações culinárias estão em falta aqui em casa. Creio que é por conta dela estar vazia de muitos. Já se foi o tempo em que eu tinha ânimo para curtir a cozinha para preparar algo quase que só para mim. O meu gosto pela cozinha impõe uma mesa cheia de pessoas queridas,  que há até pouco tempo atrás eram frequentes em  minha casa.

A minha ajudante lá vai me seguindo, no mesmo caminho. Sempre me pergunta: "o que eu faço para o almoço?" Ultimamente, eu respondo: sei lá! Ela também se ressente de ter de fazer comida para pouca gente, posto que se acostumou com um batalhão de pessoas para almoçar sobre a mesa farta que ela apresenta. É mesmo gente, os nossos almoços do dia a dia são um escândalo de tanta variedade de sabores: uma salada, uma carne, frango ou peixe, arroz e feijão ( sempre...), farofa ou batata ou massa, uma verdurinha ou legumezinho cozidos, além dos reciclados preparados com as sobras do dia anterior. A danada cozinha muito bem e acompanha o meu humor.

Ontem, sob um desanimo total em nós duas, apelamos para o ovo frito e hoje para as parcas sobras do soberbo bacalhau, o qual eu preparei há dois dias atrás. Ressalto que eu adoro ovos, sobretudo fritos, como já manifestei aqui, mas não enquanto o prato principal. Trata-se de um plus a mais na minha refeição. Confesso: um bife à cavalo, tal como o apresentado na imagem abaixo, é um dos meus pratos prediletos.

Para o almoço de amanhã, sei não, penso em partir para um peitinho de frango básico, mas nem tanto. Quem sabe preparo os filezinhos de peito de frango com laranja e gengibre, inspirados na produção da minha amiga Sandra. Podem ser uma boa.

Para 4 pessoas eu grelho, em frigideira bem quente, untada com óleo de canola, os files de dois peitos de frango temperados com sal e pimenta do reino.  Retiro os taizinhos e ali, naquela mesma panela quente, douro, em uma colher de sopa de azeite, uma cebola em picadinha, um dente de alho picadinho e um "dedo"de gengibre fresco ralado. Depois de dourados, junto as raspas e o caldo de uma laranja, uma colherzinha de mostarda e espero tal molho ferver e espessar. Salpico um tanto de tomilho, se tiver. Acerto o sal e a pimenta e distribuo o molho sobre os filezinhos grelhados. Sirvo com arroz e salada  de folhas verdes. Uma batatinha palha vai bem, embora eu evite. Se quero sofisticar, junto ao molho, meia xícara de leite de coco e meio tablete de caldo de galinha.

Sirvo com arroz branco (se disponível na minha dispensal, misturo nele uvas passas e salsinha picada) e salada verde.  Para quem pode, uma batatinha palha para dar crocância cai bem.

Não encontrei qualquer imagem na net que faz jus a tal preparo. Então postarei a imagem da minha preparação aqui, oportunamente.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Angustia das separações: Tomates ralados à catalã

É assim, minha gente a vida é cheia de perdas, partidas e desencontros.

Eu sempre tive grandes dificuldades com as separações dos meus amados. Quando criança, eu adoecia, quando meu pai viajava. Na juventude, com tudo arranjado para um intercâmbio na California, não consegui partir e me separar dos meus. Já casada, ao viajar a trabalho por este mundão afora,  por inúmeras vezes, sentia um buraco tão grande na barriga que, passados uns 5 dias de trabalho, fazia de um tudo para voltar para casa e me encontrar com o meu marido e  com os meus filhos. E mais, meu coração partia, diariamente, sempre que eu deixava meus bebes no maternal para poder trabalhar. Tratam-se de alguns poucos exemplos desta minha dificuldade com as separações

Separar dos amados, por pouco tempo que seja, é doído para todos nós, eu sei. Mas creio  que eu sou meio exagerada nesse quesito. Sei lá! Me comporto como um queijo suíço, cujo leite, sua matéria prima, talha, amadurece, cura e continua cheio dos buracos.  Buracos das minhas separações.

Hoje mais buracos estão se formando. Sei que se tratam de separações temporárias, saudáveis e edificantes. Mas não adianta, buraco é buraco, poço de angústia e de aflição.

Tenho lá os meus truques para despistar essa situação e não me afundar nos buracos. Promovo encontros...Por exemplo, um almoço de despedida para os queridos que estão de partida, oferecendo uma feijoada completa.

A que eu fiz ficou deliciosa, apesar da inusitada trabalheira. Na ausência da minha ajudante, fui eu que preparei a tal, depois de longo e tenebroso inverno distante de tal alquimia. Desatualizada que estou em tal preparo, apanhei demais! Cozinhei os embutidos sem tirar pele, a qual, nos dias de hoje, é sintética. Que ódio!!! Ao provar a delícia, estranhei. Putz, tive que retirar as "peles" de todos os pedaços, antes de servir. Eu cozinho bem, mas... piso na bola, de quando em vez!  Portanto, atenção, paios e linguiças defumadas, não ficam mais contidas naquela tripa de porco como antigamente... Hoje é plástico, um horror! Vejo que sou muito antiga...

Como entrada e sobre fatias de pão italiano, servi tomates frescos ralados, bem temperados, dentre outras leves delícias. Recebi tal dica da minha amiga Lísia.  Trata-se de uma versão moderna, prática, versátil e deliciosa de uma das tapas catalãs denominada "Pa Amb Tomàquet".

Eu ralo no ralo "grosso" 6 tomates maduros limpos, partidos ao meio, até liberar totalmente a sua casca/pele, a qual é descartada. Tempero-os com sal, pimenta do reino ralada na hora, muito azeite extra virgem, um tantico de açúcar e dois dentes de alho amassados. Tal preparo pode ir sobre uma um pão semi torrado (á catalã), com base de bruschetas, com tempero de salada de carnes e peixes. Dura um bom tempo na geladeira. Um verdadeiro achado! como sabidamente sou uma lerda com as imagens do que produzo, mostro abaixo uma emprestada da internet, preparada em ralo fino.
 No ralo fino, não é tão saboroso e nem tão prático. Mas a cor é a mesma.

Na ultima refeição que servirei aos queridos que partem, vou preparar um Bacalhau à lagareiro, já que o bacalhau, é a preferência nacional daqui de casa. Vou usar grossos files de um autêntico Bacalhau do Porto.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Vai passar...

Nos meus primeiros 30 anos de vida, sempre fui envolvida pelas campanhas políticas do meu pai. Ele, sempre esteve ligado ativamente às causas socialistas como já relatei algumas vezes (aqui), tendo sido vereador, candidato a deputado, a vice prefeito e cabo eleitoral de vários candidatos. Assim, por várias vezes participei com ele de passeatas, comícios, distribuição de material eleitoral. Nesses eventos, algumas vezes fomos agredidos, mas jamais atuamos em qualquer ato de violência. Ressalto que, embora ele respeitasse as escolhas de alguns de seus companheiros, era avesso à luta armada na época da ditadura militar, por exemplo.

Aprendi com ele a ser assim: exigente e presente na política, mas distante da violência e da baixaria (e  eu sei que passei um tanto desse espírito para os meus filhos).Vai daí que nesta fase de campanhas políticas que estamos vivendo, busco ser bastante seletiva e só apoio aqueles que, além das propostas objetivas, justas e viáveis, são pacíficos e solidários como meu pai sempre foi. Ele era um utópico, como diria meu amigo Edson (médico, americano e comunista). Creio que eu também sou uma utópica ou, ao contrário, realista demais e sem ilusões. Sinto saudades dos bons políticos de antigamente.

Confesso que eu estou sem saco para acompanhar tais campanhas, posto que  quase todas fogem deste espírito ético. E mais, alguns seguidores do meu candidato a prefeito, por exemplo, batem palmas para ele, mas agem contra aquilo que ele prega: solidariedade... fraternidade. Um paradoxo compreensível, posto que as pessoas são como são, indepedentemente das suas convicções políticas. Ou seja uma pessoa com ideologia socialista, pode sim ser racista, ladra violenta, patética. Vemos isto no nosso dia a dia. É ou não é?

Este meu post é dedicado á minha filha, uma mulherzinha como eu, mas que se mostrou um mulherão hoje e ao meu neto, que me enche de orgulho. Espero que eles, mesmo sofrendo as agressões e  as decepções de uma campanha política pobre, não desistam de sonhar com um Brasil melhor e nem de lutar sempre por ele, sem perder qualquer esperança de tempos melhores. 

Nesse contexto, compartilho um vídeo de mais uma linda canção do Chico, a qual tem tudo a ver com este momento. Eu sei que essas imagens, nós mais velhos queremos esquecer, mas os jovens precisam saber mais sobre elas. 
ABAIXO A DITADURA!
Qualquer que seja ela.

domingo, 2 de setembro de 2012

Arranjos e rearranjos: lagarto a caçadora

Não é de hoje que levo a vida sob trancos e evitando os barrancos. Na maioria das ocasiões em que começo fechar um parentesis de uma fase sombria da vida, algo acontece e um outro novo parentesis se abre. Que saco!!!

Tal situação tem lá as suas vantagens, já que me serve de desculpa para me ver livre de muitas responsabilidades, sobre as quais eu não tenho qualquer paciência. Então, encontro as "razões"necessárias para não voltar a caminhar, não ir ao dentista e nem parar de fumar. Afinal, gente, a minha vida está frquentemente "de perna pro ar".

Sei que é assim como todos nós durante o amadurecer. Creio que"Viver é muito perigoso", como diria o nosso Guimarães.

Não sei quanto a vocês, mas eu, ao me deparar com tal realidade, inevitavelmente arriscada, fujo da angústia para cozinha. Ali, pesquiso a despensa e a geladeira, em busca de sobras; me concentro e re-arranjo tudo, criando algum prato para servir à família no dia seguinte,. Preparo delícias, usando as sobras da minha aflição. Eu creio que na cozinha, reestruturar  as sobras de comida, com galhardia, impõe uma nova tendência à vida... Mudança para melhor. Ou seja, conto com um amanhã menos perigoso e mais saboroso!

Ressalto que o rearranjo das sobras não é exclusivo dos meus momentos de perigo.. Eles  apresentam-se também nas situações de encontros e de desejos inesperados., tal como  aquiaquiaquiaqui e aqui

Foi assim comigo hoje. Num dia cheio de prazer,  com os programas que fiz com o meu neto hoje, tal momento surgiu. Cheguei em casa e com  feliz avidez abri a geladeira, cavuquei daqui e dali e preparei uma delícia, usando as sobras doe rosbife de lagarto, que estavam esquecidas em minha geladeira.  Denominei tal preparo de Lagarto a caçadora.

Descasquei e fatiei 2 batatas,1 cenoura vermelha, 2 cenouras amarelas pequenas, uma abobrinha (essa com a sua casca), as quais inseri em um refogado. Esse foi preparado em 1 colher de sopa de óleo de canola bem quente, no qual fritei 50 g de  toucinho defumado picadinho,  2 dentes de alho, picados  uma cebola em rodelas e uma pimenta dedo de moça picadinha sem semente. Ao amaciar tudo, joguei uma xícara de vinho tinto  seco ( o qual eu estava degustando) e meia de molho de tomate. Juntei ao refogado as sobras do lagarto fatiado ( umas 300g) e o seu molho, meio cubo de caldo de carne, 2 folhas de louro, uma colher de chá de paprica, uma colher de sobremesa de mostarda de Dijon e 2 colheres de sopa de azeitonas verdes sem caroço. Ao final do cozimento adicionei uma pera  descascada e fatiada, sem caroço.

Hummm. Ficou uma delícia, vejam só:
DICA: para as reciclagens culinárias  é necessário usar, junto às sobras que estão na geladeira, alguns poucos ingredientes saborosos e frescos, que devem ser preparados antes de recbeerem as sobras, a fim de fugir do estilo mexidão. E a regra simples é sempre ter na receita uma gordura ( azeite ou manteiga), um líquido ( vinho, cachaça, cerveja ou caldo,) temperos( sal, pimenta, paprica, curry, etc) e "aromatizantes" frescos( tomilho, salsa, cebolinha,, salsão, cogumelos etc) .  Aí ,não tem erro.

E tem mais, adoro rearrumar meus arranjos de flores também. Estes abaixo eu fiz com flores colhidas ao final de uma maravilhosa festa.Obviamente pedi permissão aos donos e cuidei para não atrapalhar os belíssimos arranjos que por lá encontrei.



Neste caso fica bem fácil, uma vez que a os arranjos da festa estavam super harmoniosos e me mostraram o caminho para os meus rearranjos.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Canteiro de obras com Raul

Há meses venho resistindo ao canteiro de obras  que invadiu o entorno da minha casinha.

Cruzes! Tive de postergar todos os meus projetos de revitalização da casa, posto que vivo, quase sempre, envolvida por uma poeira fina de filito, que transpõe as minhas janelas fechadas. Certamente, sob tais condições, eu perderia boa parte do meu esforço em revigorar o meu lar. É sujeira certa para quaisquer pinturas, móveis, obras de arte... Em tais condições, o meu jardim está mais parecendo com uma faixa de domínio de estradas de terra do que com o meu querido jardim doméstico.

Cruz credo!

Num dia destes, cheguei em casa muito cansada. Estava a fim de olhar para o céu e relaxar, como sempre fiz por aqui. Porém, naquele momento, me vi envolta por uma nuvem de cinzas, tais como as expelidas por um vulcão... poeira de filito, gerada pela obra vizinha. Eu não via o céu, um horror!

Na manhã seguinte me encontrei com as minhas plantas enegrecidas e sem brilho. Os meus móveis estavam foscos e cinzas. Pior, tive que lavar de novo a roupa limpa, que estava secando no varal da área e que se mostrava completamente empoeirada. Precisei trocar todas as toalhas de banho, as quais haviam sido repostas no dia anterior. Desmarquei um almoço entre amigos aqui em casa, no feriado, posto que sob tantas "cinzas" eu não teria qualquer condição de receber ninguém.

Engolido isto, na primeira oportunidade, não tive dúvidas, trouxe para a minha casa o gerente da obra vizinha. Lhe mostrei, contrariada, todo o estrago que eles haviam feito. Ele ficou envergonhado. Eu tenho a sorte de ter como empreendedor da obra mais próxima, uma empresa séria, civilizada e atenta. Ela me atende sempre que eu reclamo, ainda que dentro de suas precárias possibilidades.

Vai daí que os horríveis ruídos das máquinas, como os da grua, que lembram um grampeador gigante, foram excluidos dos meus sábados. Por sua vez, as perfurações necessárias à contenção dos terrenos vizinhos, agora são realizadas sob aspersão de água, reduzindo a poeira.

Putz, por aqui os desconfortos melhoraram bem, embora eu saiba que não foram totalmente resolvidos... Faz parte.

Sem abusos sobre a minha qualidade de vida doméstica, eu vou levando esta obra na boa. Para mim é melhor ter um vizinho civilizado e cuidadoso, do que me sentir ameaçada por cobras, aranhas, escorpiões, que vindos do terreno vago, era presenças constantes na minha casa.

De uns dias para cá, tenho acordado sob o canto de um dos trabalhadores da obra, que eu batizei de o "cantor da nossa multidão". Confesso... eu gosto do cantar dele. Ou melhor, eu prefiro o canto dele aos sons dos carros ou das máquinas ruidosas, que são insuportáveis para mim e, mesmo assim, prevaleceriam.

O rapaz possui um voz boa, uma entonação correta, embora tenha um repertório duvidoso. Pelo menos não interpreta aché e nem pagode.Tô no lucro! Às 7h da manhã, sai do peito dele um Roberto, um Raul e alguns sambas que me parecem autorais.

Em homenagem a este ferreiro cantor, que nas condições atuais é "o melhor que tá tendo" nos meus despertares, compartilho aqui uma das canções de Raul Seixas, que ele, o rapaz, nos ofereceu.
Então, a dica para as invasões da vizinhança é ter paciência. Negociar sempre é melhor do que rodar a baiana e brigar. Eu me esforço muito para não sair a rodar minha baiana por aí. Tem valido à pena.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Final de férias: peixe assado na manteiga

Mais um fim de semana maravilhoso com os meus. Emprestei da minha irmã o loft no Retiro e fui para lá com toda a minha família dó ré mi. Quis aproveitar ao máximo as presenças daqueles que começam a partir em breve: um indo trabalhar fora, outros retornando às suas vidas de além mar.

Sábado à noite num friozinho sob medida, ouvindo músicas perfeitas, curtimos um vinho bom, pusemos as cartas na mesa, e saboreamos um fondue suíço delicioso. Domingo, na casa da irmã, aconteceu, num almoço caprichado, um verdadeiro festival de lagostas, que preparamos grelhadas com  duas opções molho : termidor e manteiga,alho e alcaparras. Um verdadeiro escândalo.

Por falta de hábito e tradição, eu fico giga ansiosa ao preparar frutos do mar. Cresci num lar de comidinhas bem caseiras e de paneladas muito mineiras. Obvio que convivi com a feitura do bom bacalhau  e com as peixadas bem temperadas do meu pai. Essas eram preparadas com os pescados trazidos por ele, fruto de suas gloriosas pescarias. Confesso que nunca apreciei muito os peixes de água doce que ele trazia do Paraopeba ou de Três Marias. Sempre os achei engordurados e enjoativos.  A única exceção faço para o quase extinto dourado da bacia do Rio São Francisco, que eu adorava, sobretudo assado. Mas, prefiro mesmo os peixes de mar, bem magros.

Não tenho qualquer memória de infância ou de juventude de uma cozinha repleta de camarões, lagostas, caranguejos ou mexilhões. Vai daí que ao me deparar com os tais, eu gelo, sobretudo se estiver numa cozinha que não é a minha, como foi o caso do domingo lagostal. Porém, eu me esforço, usando a tal técnica de falar a mim mesma: calma, Cláudia, muita calma nesta hora. Tem dado muito certo.

Sobre o dourado, me lembrei de uma receita do saudoso Marcelão, pai da minha comadre e um grande amigo nosso, que merece ser recuperada.

Ele usava um dourado inteiro, sem as escamas e nem as vísceras, temperado com sal e pimenta do reino.  Empapava o interior do peixe com meio tablete de manteiga. Cobria o pescado com resto da manteiga e levava ao forno alto por uns 30 minutos, ou no tempo dele dourar. Não existia ainda os laminados para cobri-lo, que temos hoje, então ele ficava assando nú. No finalzinho do cozimento ele jogava ali no tabuleiro, sobre aquela manteiga borbulhante, uma farofinha bem básica. E só. E delícia. abaixo compartilho uma imagem parecida com o tal preparo, que achei na net. Faltou a farofa.
Aprendi muitas delícias com o Marcelão, inclusive as que ele preparava em seu restaurante na Serra. Essas eu ainda não compartilhei aqui, Mas há tempo. Me aguardem.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Dias de festa: churrascão básico

Meu último fim de semana foi sensacional. No sábado, ofereci um almoço para as minhas amigas cozinheiras, de cujo grupo passou a fazer um amigo, também cozinheiro. Somos agora as "quatro azes e um coringa".... Servi dentre outros petiscos, a deliciosa farofa americana e a tradicional conserva de abobrinha (consultando as minhas bases, dei um "up" nessa receita, vale conferir) e, como prato principal, a pedido de uma das amigas, o cozido de bacalhau (foto da Ju, abaixo), cuja receita eu também aprimorei. Tudo delicioso.


No domingo, dia dos pais, fizemos um churrascão básico e saboroso aqui em casa: pão de queijo, linguiça de lombo, picanha com sal grosso, asinhas de frango ao curry, vinagrete, arroz e farofa. Em termos culinários, não sou muito fã do churrasco. Portanto, delego a terceiros a sua feitura, que dessa vez foi o meu genro. Por outro lado eu confesso que adoro ficar na churrasqueira lambiscando e me divertindo com os convivas. Vejam que lugar agradável.


Preparei apenas o vinagrete ( com bastante azeite e hortelã, além do básico) e o tempero da asinha de frango: raspas de laranja e seu suco, sal, pimenta do reino, mostarda, curry e páprica.


Hoje também é dia de festa. Meu pai faria 92 anos. Mesmo na sua ausência física, ele sempre se faz mais presente ainda neste dia Eu trago comigo deliciosas recordações das comemorações que fazíamos, pois era um dos melhores dias de festa em nossa casa. Eu até hoje gosto de celebrar neste dia a alegria da sua companhia em minha vida. Ele sempre me ensinou a festejar a vida e o amor.

Como eu não tenho qualquer gravação do meu pai interpretando seu repertório de belas canções em tais festas, compartilho abaixo um das suas canções preferidas dele, A Deusa da Minha Rua, de Antônio Farah e Newton Teixeira, na linda interpretação de Geraldo Maia e Yamandu Costa.

Escutar a intepretação do Bizzottão mataria mais a minha saudade. Mas esta aí está de bom tamanho para prestar a minha homenagem a ele, às minhas irmãs e aos nossos amigos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Volta às aulas com o coração rachado

Fui uma moça tal e qual a maioria dos jovens, como o meu neto, que não se cansa de reclamar do final das férias. Eu, assim como ele, detestava a "volta às aulas". Que horrível ter de voltar ao esquema de se matar de stress para cumprir com os compromissos assumidos por obrigação e não por desejo.  Nesse sentido, confesso que as minhas mais remotas lembranças do sentimento de angústia são destes momentos da minha infância... Segunda-feira, fim de férias, aula amanhã, noh, socorro!

E vamos combinar, ficar à toa, só brincando e se divertindo, é bom demais, pelo menos por algum bom tempo.

Ao ficar adulta, já na universidade, este sentimento de angústia tornou-se mais ameno. A obrigação foi um tanto substituida pelo desejo e a consequente escolha. Por vezes, eu até chegava a sentir algum prazer em voltar às aulas. Penso que isso era devido também a uma certa irca pelo excesso de lazer e de contemplação, que era típico das minhas férias, o qual para uma mulher histérica e ansiosa como eu, pode ser muito chato. Hoje, em CNTP, tal questão me parece ocupar um lugar mais confortável. Apesar do frio na barriga ao me ver pressionada para voltar para o meu dia a dia, sinto, ao mesmo tempo, um certo alívio ao me reencontrar com o meu canto, com a minha rotina e com os meus afazeres diários.

Uma das artimanhas que eu vinha usando para me conformar com o fim das férias e a consequente "volta às aulas" era  planejar a solução das zilhões de questões caseiras, adiadas por séculos. À partir daí, poderia me livrar da minha interminável e crescente lista de pendências domésticas e, enfim, dormir em paz. Outra, é a de revitalizar o lar, aconchegar  a família e promover encontros.

Vai daí que, neste meu momento e por segurança, considerando as faltas e as ausências, que precisam ser atravessadas a cada dia da vida de uma mulher madura como eu, marquei para a volta ao meu cotidiano de agosto, dois almoços com amigos aqui em casa.

Um deles já aconteceu. Servi como prato principal, o lombo de caça. Porém, os maiores sucessos do dia ficaram por conta do fantástico e borbulhante feijão da Lene, minha fiel escudeira (feijão preto cozido no dia e refogado com alho picado, sal e louro, em panela de pedra) e da conserva de abobrinha, servida como petisco.

O próximo encontro será no próximo sábado. Eu estou por aqui, às voltas com o cardápio.

Mesmo em meio a tal curtição, existe uma dificuldade em me adaptar "à volta". Está bem mais difícil desta vez. Coisas das nossas vidas muito vividas: perdas, ausências e faltas... grandes.

Então, para anestesiar qualquer coração rachado, compartilho aqui uma imagem do que eu serviria, se ainda estivesse lá na Bahia, na beirada do mar, no "nada a fazer" e quase que completamente preenchida.



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

De Margarida até Beth: Mantecatos espanhóis 2

Há um tempão falei aqui sobre as difculdades que passam as mães com seus filhos. Fiz uma homenagem a uma amiga, que passava por elas com uma promessa de descobrir na memória da minha família a receita dos maravilhosos mantecatos que minha avó espanhola produzia, com a  ajuda de minha mãe.Nesse post eu coloquei na roda uma experiencia que faria na busca do biscoito da minha infância. Faria... mas nunca fiz tal teste. Eu sou assim, minhas promessas não são dívidas.


O tempo passou rápido, o filho da minha amiga está ótimo, perdi a minha mãe e só recentemente consegui a receita do tal biscoito com a querida prima Juliana. Coisas da vida. E eu nas minhas especulações cheguei bem perto da receita correta.


Uso um monte de 250g de farinha de trigo peneirada. No meio dela, junto 160g de banha de porco fria, 2 colheres de sopa de açucar, uma colher de sobremesa de erva doce, uma pitada de sal, de modo a obter uma farofa. Junto  50ml de cachaça (ou mais) até formar uma bola lisa, evitando de trabalhar muito a massa. Levo a geladeira por duas hora para descansar. Enrolo a massa, como para um nhoque, corto-a em pedaços e marco com o garfo, ou corto  em rodelas na massa aberta com 2 cm de espessura. Levo forno alto preaquecido (210graus) em forma untada com banha, por 15 minutos ou até dourar. retiro do forno e salpico açucar cristal nos biscoitos ainda quentes.


 Delícia!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Volta ás férias: lagosta grelhada livre

Às vésperas de sair de férias, meu freezer continuava repleto de frutos do mar, congelados trazidos de Itacaré. Ai que aflição! Estava eu indo para o litoral de novo e ainda não havia consumido tudo que trouxe de lá. Vai daí que decidi fazer nos fins de semana anteriores à partida para a praia. delícias com cara de litoral, abusando daquilo que ainda restara.

Num deles, preparei toda aa lagosta congelada que eu ainda tinha. Decidi fazer ao estilo da Sandra, dona do restaurante Samburá de Cumuruxatiba, nos idos dos anos 90. Nossa! quantos anos seguidos,  passei o verão em família e entre amigos por ali??? Quis me lembrar disso.

Para 6 a 8 pessoas eu usei 6 caldas de lagosta cruas, cortadas ao meio, e temperadas com um tantico de sal grosso. Dispus as caudas sobre uma grelha giga quente, com a sua casca virada para cima e esperei dourar ( uns 5 minutos). Virei a casca a grelha até ficar rosada ( outros 5 minutos). Retirei da grelha, coloquei-as numa travessa refratária com a carne virada para cima sobre a qual, joguei uma colherzinha de manteiga misturada com um pouco de sal, pimenta do reino, raspas e suco de limão siciliano e tomilho. Deixei no forno quente por 10 minutos e servi com arroz e batatas cozidas. Vejam só a delícia.

Considero que e a lagosta grelhada do Samburá foi a melhor que eu já provei nesta vida. Ao longo dos inúmeros verões que eu passei por lá com muitos amigos queridos, era o meu prato preferido e naquela época ainda não estava regulamentado o Defeso da Lagosta.


Hoje, em pleno mes de julho, pode-se se esbaldar com as lagostas frescas. E eu de férias aqui na Bahia vou me esbaldar.

sábado, 14 de julho de 2012

Arrumando a mesa 3: à la Bizzotto

Sei que demorei a voltar, gente! Virus, virus e virus. Em mim  (to um lixo!) e nos meus computadores (tudo comprometido!). Momento de hesitação, ou de deixar prá lá. Eu estou acabada, embora em recuperação! 


Mas, voltando ao "arrumando às mesas" dos meus encontros, sem qualquer regra, só aquelas relativas aos bons encontros, ressalto as mesas a là Bizzotto!!! Desprovidas de qualquer tendência ou de modismo as minhas mesas improvisadas, tem lá o seu charme, sobretudo porque são do acolhimento. É isto que também me sustenta. Porém ressalto, acolher significa também e sobretudo, embelezar.

Preparei um almoço no último fim de semana que arrasou, em sabores e em presença. Não vou repassar as receitas, posto que o que eu quero pontuar hoje é o meu jeito de arrumar a mesa, para receber os meus convidados.

Confesso que em tal situação eu fico muito ansiosa: muita gente, pouco espaço, jogos de mesa insuficientes, falta de história (família grande, pouco dinheiro, nada de arrumação de mesas).O que fazer? 


Gente... é certo... eu me ajeito Afinal, cultuei uma certa sofisticação em outros setores da vida. Dá para "generalizar"...

Fiz um exercício de como poderia fazer com o que eu tinha em minha casa. Usei as belezas que colecionei... vejam só.

 Porcelanas inglesas, poucas, mas são inglesas!

 desenhinhos mimosos do passado. Adoro!

Estes também são lindos. Adoro estes pratos antigos, da Porcelana Mauá, com faixa colorida na borda.

Mas a minha realidade é que eu tenho sempre muita gente querida para comer em minha mesa. Porém tenho poucas opções de serviços de mesa "combinados"na altura do merecimento dos meus convidados. Deveria levar uma surra dos meus amigos, pois depois tanto tempo, oferecendo tanta comida boa,  eu tinha de estar melhor preparada para recebe-los.


Mesmo assim creio que recebo bem, não como eu idealizo, mas com uma boa produção, com muito carinho, boa comida e uma certa beleza.

Neste sentido, vou fazendo do meu melhor com os recursos que tenho.Vejam só a mesa que eu montei para os meus queridos no ultimo fim de semana. É só um início de oferta.  Sei que no final, aqui em casa tudo dá certo.

Sobre uma toalha cetim bordada em ouro, trazida por uma querida amiga do oriente, servi minhas delícias  (pão de queijo, palmito confitconserva de abobrinhas). Depois disso, foi só prosseguir.
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