sexta-feira, 29 de julho de 2011

Querer é saber, mas nem sempre é poder: Bolo de rosas

Não é de hoje que eu discuto aqui sobre a minha fascinação por belas coisas feitas com as próprias mãos. Adoro ver e acreditar que eu estou aprendendo uma costura bem feita, um bolo lindamente confeitado, um croché bem entrelaçado, uma louça belamente pintada.

Mas eu sou uma desajeitada muito desastrada. Quase tudo que eu ponho a mão, ou por falta de habilidade ou por ansiedade, escorrega delas. É assim que eu pico muito mal todos os meus ingredientes, de uma ótima preparação culinária; costuro meus tecidos, em costura que deveria ser reta, mas sai torta; lavo minhas vasilhas, num mais ou menos que faz dó e me maquio sem qualquer cuidado de detalhes, os quais me fariam virar uma fada, mas que podem me transformar numa bruxa.

Ah! E os meus arranjos de flores. Eles ficam seeempre lindos, porque lidar com flores, não tem erro, é sempre mimoso. Mas eu sei, em teoria, que eu faço tudo errado e que eles poderiam ficar muito mais que mimosos, ou seja, deslumbrantes.

No meu dia a dia, tropeço em tudo, quebro tudo, esbarro em todos. Vivo cheia de roxos distribuídos por minhas pernas.

Mas não tem nada não! Na teoria eu sei fazer muitas coisas e só de achar que eu sei, eu gosto cada vez mais de achar que eu sei e, por isto, pesquiso mais sobre os meus projetos de fazer um tanto de coisas que acho que aprendi.

Recebi ontem, da Marie Claire Idèes, um vídeo sobre como fazer um bolo de rosas, mas sem o tal bolo. Biscoitos champanhe e rosas, somente. Parece fácil, planejo fazer um dia. Só para contextualizar mais o meu fascínio por tal vídeo: as rosas me perseguiram durante toda a minha viagem de maio. Então, misturando a minha vontade de ser habilidosa com a beleza das rosas européias, compartilho tal vídeo aqui. Lá tem todas as instruções para tal feitura.

Só para se der uma idéia sobre as tais rosas de além mar, vai aí também a imagem da entrada do meu hotel em Londres. Lindíssima rosona trepadeira vermelha.


É assim por lá na primavera: escândalo! Cadê ela por aqui perto, gente?


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Inspiração: cosmopolitan

É sério, eu idealizo algum assunto para postar aqui, lembrando de alguma história, pesquiso e ás vezes até posto. Então vou assistir a TV e aí... o meu assunto está lá, sendo apresentado e discutido por algum chef ou alguma fashionista. Foi assim, dentre vários exemplos, no dia em que postei a minha receita de Croque Monsieur aqui. Na mesma noite, estava lá no GNT, o Claude Troigrois ensinando para a sua convidada, o famosos sanduiche francês. Gostei do toque de cogumelos de Paris, fatiado, salteado e misturado no molho Bechamel, que ele deu. Então, fui lá no meu post, editei e acrescentei a idéia dele.

Saibam que, via de regra, quando eu me inspiro em qualquer matéria de jornal ou TV, eu cito a fonte e acrescento o link dela aqui. Então queridos, se alguma idéia que eu discuto, é apresentada por outrem na mídia, em sequência, é porque eu sou muito vanguarda( kkkkkk).

Ontem eu assisti no GNT Fashion uma matéria sobre a Casa Fora de Eixo, que eu adorei (veja aqui). Me chamou a atenção a esquema que eles tem de compartilhar o seus armários e também de fazer brechos culturais semanais, com troca e venda de roupas e objetos.

Tal esquema tem tudo a ver com a idéia de bazar,que eu postei aqui e que foi compartilhada por muitos amigos e amigas, com vistas a trocar das nossas cosinhas queridas, mas que não nos tem mais utilidade para nós.

Na dita matéria, adorei o esquema de colocar no armário coletivo as meias perdidas por lá. Me lembrei de um filme que eu gosto muito,  Cidadão Acima de Qualquer Suspeita. Nele escutei um comentário proferido por algum personagem, que era mais ou menos assim: onde estarão todos os pés de meia perdidos por todos nós? É uma loucura isto. Se juntarmos eles todos, creio que vestiríamos os pés de toda a população mundial. Exagero? Será?

Hoje, após um dia exaustivo, resolvi relaxar com um drink que eu amo. O clima induz a um vinho, coisa que todos vocês podem estar programando. Mas preferi tomar algo refrescante e docinho. Dificilmente neste inverno alguém pensaria em uma bebida assim. Mas eu pensei, fiz e ficou ótimo. E é certo serei bem original. Devo advertir que tal drink, embora simples, é muito metido à besta, posto ser o preferido das mulherzinhas de plantão. Mas como não nego a minha condição de ser também fútil, aí vai o meu modo de fazer um Cosmopolitan, o drink preferido das novaiorquinas metidinhas.

Misturo bem, em um copo gelado, uma dose de vodka, uma de suco de cranberry light de caixa, encontrado em qualquer supermercado ( o suco de uva também fica bom), meia dose de suco de limão e meia dose de Contreau. Junto gelo e sirvo numa taça aberta do tipo antiga de champanhe ou de martini. Facílimo.


Fora que a cor é linda...






terça-feira, 26 de julho de 2011

Sampa, mais um retorno: Cuscuz paulista

Acontece com todos nós, eu sei: usar daquela desculpa burocrática de resolver algum compromiso, para aproveitar livremente dos encontros, dos lugares e dos sabores. Foi assim comigo em São Paulo, nesta e em muitas vezes que por lá estive. Eu amo Sampa, como já confessei aqui. Nem vou comentar sobre os fortes e insistentes motivos burocráticos que me levaram lá, mas sobre os que deles decorreram, putz...


Adquiri, finalmente, os meus primeiros mimos (de uma imensa e futura coleção) da Pandora (aqui); modernizei a minha mesa de maquiagens, na drogaria Iguatemi ( aí, eu cada dia mais profissionalmente mulherzinha); me reencontrei com o bife a milaneza do Nou (o melhor do Brasiiiiil); me emocionei muito, totalmente entregue, com a exposição da Louise Bourgeois (aqui). Sobre isso, sem comentários, para não chorar. Só vendo! Mas segue aí uma obra dela, referente a posição da histérica...




Mais nada a dizer sobre isso!!! 


ADENDO: No Starte do Globonews do dia 26/07/2011 (aqui), mostra um pouco desta exposição


Partindo daí então, para o que é possível ser dito, devo confessar: não tenho qualquer referência familiar com a culinária paulistana, muito embora tenha uma história de trinta e tantos anos com essa cidade, que me pegou nas emoções dos encontros, nos afazeres culturais, no consumo e também e claro, na comida. Como já disse aqui, foi lá que aprendi a apreciar as massas, as quais são hoje, as minhas prediletas, em termos de elaborações culinárias.


Puxando pela memória, tenho sim uma história familiar sobre a culinária paulistana. A do meu pai, que na sua viagem por lá me relatou, maravilhado, a sua experiência com o Picadinho a Cocó que comeu no Piolim, há priscas eras. Trata-se de um clássico deste tradicional restaurante, situado na Rua Augusta. Conheço e adoro tal preparo: refogado basicão de filé mignon, acompanhado de milho verde, cebola, tomate, banana à milanesa, ovo frito e arroz. Um verdadeiro conforto para os mineiros perdidos naquele "mar"de excelentes opções gastronômicas.


Desta vez, pude me reencontrar com o "the best" típico de tal culinária, num almoço rápido e saboroso de "comida à quilo da esquina" da rua em que eu estava, no meu primeiro dia em Sampa: Cuscus a Paulista. É certo, me fartar de tal prato, foi o conforto e o aconchego que eu precisava para o meu coração, naquele momento. 


Nem de longe, o resultado da minha receita aproxima ao de uma querida amiga paulista. Mas, até para homenegeá-la, repasso assim mesmo.


Eu refogo, em meia xícara de azeite, 8 tomates maduros picados, 1 pimentão vermelho e um amarelo, picadinhos sem sementes e um copo de ervilha congelada. Depois de amaciados, junto  2 tabletes de caldo de galinha e 4 xícaras de chá de água quente. 


Misturo nesse caldo, 4 xícaras de farinha de milho, com 2 colheres de sopa de farinha de trigo, mexendo lentamente e cozinhando, devagar, até encorpar tudo, como uma massa. Junto nessa massa meia lata de palmito picado, 1,5 latas de filet de sardinha, um tanto de azeitonas picadas, sem sementes e salsinha picada.  


Monto tal massa em uma forma para bolo, com o seu fundo e lados untados com um excelente azeite, enfeitados com tomates fatiados em rodelas, files de sardinhas inteiros,palmitos em rodelas e fatias de 3 ovos cozidos, procurando fazer alguma decoração.


Espero esfriar, desenformo em uma travessa e enfeito com alfaces rasgados.

















quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dia de quitanda, o retorno

Muito já falei da minha amada avó espanhola, que morou por muitos anos em minha casa. Com ela estabeleci, desde minha infância, uma relação profunda e referencial, tanto no que diz respeito ao meu interesse pela culinária, quanto pelo crochê e outras artesanias e, sobretudo, por seus sensacionais ditados de vida. Tais ditado sempre me instigavam e fazem parte dos meus dizeres nos momentos de "sem palavras", mais ainda, quando os ditos ensinados por ela são em espanhol...

Vovó era aquela típica viúva espanhola, que usava vestimentas escuras e compridas, meias elásticas, sob sapato preto fechado, coque grisalho enrolado na nuca e nada de maquiagem (só pó de arroz e perfume sophistique). Seu sorriso aparecia somente para os íntimos. Ela era apenas uma avózinha, longe se ser uma mulherzinha como eu.

Por outro lado, pouco falei aqui da dona Elisa, minha amada acompanhante da infância, que chegou na minha casa como a lavadeira e a passadeira e se tornou a minha "babá" e a minha madrinha. Vez por outra, ela acompanhava os meus pais, nas suas atividades políticas clandestinas na pré revolução de 1964.

Porém, prioridade dela por escolha e/ou obrigação era ser a nossa "mãe de leite", na ausência da nossa mãe de sangue. O leite, na verdade, era representado por seu carinho, por  seu cuidado e suas histórias e sobretudo por sua inigualável companhia cuidadosa, desinteressada e acolhedora da nossa evolução.

Hoje eu sei que eu tive ao meu lado, uma pessoa misturada de Dona Benta, das matriarcas e das governantas do Milton Haulton, dentre outras fortes personagens femininas da nossa rica literatura. Para mim isto é um privilégio e uma honra.

Elisa era uma crioula encorpada ( eu cabia direitinho no colo dela), nativa de Nanuque, um lugar que , naquela época, eu acreditava ser de além mar. Ela me enchia de alegria e carinho, me arrumava que nem uma bonequinha, sem se desfazer de sua obrigação de empregada doméstica.

Tal criatura, naturalmente e sem qualquer planejamento, estruturou com a minha avó uma dupla fantástica, em uma articulação quase que perfeita. As histórias do passado, o cuidado conosco e os afazeres domésticos delas, eram complementares. Destaco aqui e sobretudo a quitanda que as duas realizavam aos sábados em minha casa.

Esse é o foco deste post. Se seguir pelo caminho falando de D. Elisa ou da minha avó, ou desta duas, não vou concluir minha idéia.

Quintadas aos sábados em minha casa eram um acontecimento. Assistir e se enfronhar na cozinha, em meio aquela dupla de mulheres fortes, uma branca e outra preta, uma européia e outra caipira, uma avó e outra serviçal, preparando os pães, os bolos, as balas delícias, os biscoitos, nas mesas de madeira e nos tachos de cobre da casa, delícias essas, que nos fartava ao longo da semana seguinte, era para mim, imperdível.

Claro que eu, além de apaixonada pelas duas e pela culinária, não arredava o pé de casa nas tardes de sábado. Ficava ali, me impondo como uma auxiliar infantil e curiosa, cuidando de buscar as farinhas, separar os ovos, medir os fermentos e os acúcares. E as duas me davam a maior corda.

Aprendi com elas muitas receitas, que jamais ousei fazer em suas ausências. Penso que fazer massas do que quer que seja sem as duas, não tem sentido e não vai dar certo.

Mas como eu estou num momento de superação, resolvi enfrentar as quintandas sem as duas, mas com outras companheiras. Embora faça bem massas podres (aqui), de nhoque(aqui), de pão de queijo e de alguns biscoitos, decidi ser hard. Vou partir, se tudo der certo e com todo o despreendimento, para as massas com fermentos biológicos.

Hoje não vou postar qualquer receita. Mas me aguardem!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Minhas meias noites em Paris: Croque Monsieur

Fui assistir Meia Noite Em Paris, filme do Wood Allen. Gostei. E só. Não amei e nem adorei. Foi um gostar esquecível da sua óbvia história, mas inesquecível de Paris, do seu ambiente, das locações, das músicas, dos atores, do figurino. Que beleza!

Senti uma falta total de estar por ali, numa noite, minuciosamente, iluminada, a qual nunca tive oportunidade de apreciar, em tantas oportunidades em que estive por lá. Minhas meias noites em Paris sempre foram dormindo. Coisa da turista pobre, que anda e anda o dia inteiro visitando os infinitos lugares interessantes, e, exausta, passa a noite na Cidade Luz, dormindo.

Hoje eu sei que conhecer uma cidade, sobretudo, Paris, exige tempo, calma, sossego, aventura e  curiosidade pelo não dito nos manuais e nos livros.

Reconheço, Paris é a minha cidade "deusa", dentre todas as cidades que eu conheci e que ainda vou conhecer. Muito mais por aquilo que o filme mostra: sonho, cultura, história e emblema, do que naquilo que nós pobres turistas, listamos para fazer, antes de saber. Existem infinidades de ambientes, climas e cheiros (como em qualquer lugar do mundo, eu sei, mas em Paris...), que, quando estou por lá, nem percebo, já que prevalece aquilo que é o ditado. E tem o tal do consumo fútil, que por lá assume uma sofisticação sem par. Não resisto. E aí, lá se vai a direção pelo não dito das coisas. Mesmo assim, qualquer experiência por lá nunca será frugal ou comum. E sempre será inesquecível, apesar de faltar.

Eu tenho uma imensa ligação emocional com esta cidade, desde de criança. Ela era a paixão do meu pai que me falava dela sem parar. Ele, ao ter a sua única oportunidade de conhecê-la, não pode explorá-la, por ter de voltar, prematuramente, ao Brasil, para me socorrer de anemia grave ( com 1 ano de idade), decorrente da minha falta dele. Como dizem, parei de comer. Um édipozinho básico, no primeiro ano de vida, pode?

Aí mediante a tais fatos, versões e sensações, me liguei para sempre nesta cidade. Numa certa idade, passei a ter sonhos lindos, repetidas vezes com ela, sem ao menos conhecê-la. Vai daí que quando pisei com meus pezinhos lá, pela primeira vez, me senti flutuar, passar do sufoco de ter de sair procurando por um absorvente, sem nem saber qual era a tradução para o francês, de tal utensílio feminino. Perrengues de uma turista metida a besta. Encontrei o tal numa farmácia que estava por fechar.

Aí sim, pude por os pés no chão e chorar ! E até hoje, desconfio da veracidade das minhas vivências parisienses. Elas nunca frustraram os meus sonhos.

Creio que assistir ao filme, motivo deste post, para quem conhece Paris, é relembrar daquele lugar lindo ( em toooodos os sentidos), lugar bom e acolhedor, que gruda e não quer sair nunca mais, e faz a gente querer sempre mais grudar. Ele nos provê de todas as justificativas para dar aquele jeitinho no roteiro de qualquer viagem internacional, para passar por lá.

Quem não conhece, vai querer entender o que é passar uma meia noite ou um meio dia em Paris, nos seus boulevards,  nas suas pontes, nas margens do Sena, nas ruazinhas de Montmartre, nos cafés e bistrôs.

No meu primeiro café da manhã em Paris, pedi em um bar um Croque Monsieur, com chocolate quente. O dono do bar, sob protestos, me serviu tal combinação. Segundo ele, tal preparação tem de ser degustada com um bom vinho.Para quem não sabe tal sanduíche, ressalto que ele não passa de um misto quente gratinado. Mas é um lanche prático, saboroso e muito fácil de preparar.



Monto em um pirex os  mistos com queijo prato e presunto, feitos com pães de forma previamente fritinhos/torradinhos em manteiga e com uma passada de molho branco (molho bechamel) sobre eles, na parte que vai ficar dentro do sanduba. Tiro as casquinhas do pão de forma, para ficar mais leve e macio. Coloco um pouquinho do mesmo molho branco misturado com o queijo prato ralado por cima do sanduíche e levo tudo ao forno para corar. Como eu adoro ovos, coloco um deles frito  por cima. Essa versão é conhecida por lá como Croque Madame.

Croque Monsieur, é a cara de Paris!

DICA: Assisti no Que Marravilha, que nesta semana coincidentemente apresentou uma receita de Croque Monseur. Nela o Claude mistura ao bechamel, cogumelos de Paris frescos laminados e salteados em manteiga. Eu recomendo. Deve ficar muito bom.



terça-feira, 12 de julho de 2011

Corpo frio, coração quente: Fondue de Queijo

Passei um giga frio no Bichinho, com direito a geada e tudo, no primeiro dia. Porém, ser recebida pela amiga querida, com uma ótima comidinha quente e boa, feita com todo o carinho, junto a um copo de vinho bom e acolhedor e a uma excelente conversa, superou qualquer mal estar decorrente de tal tempo e temperatura. Obrigada Rita!

Sempre corri do frio, pois o odeio. Tanto que mesmo tendo viajado tanto, jamais vi nevar. Muito porque eu pouco sabia sobre como me proteger. Tenho preguiça de calçar meias e me encher de agasalhos. Mesmo assim, hoje, mais vivida e conformada com os extremos, aceitei a condição de ter trabalho para me proteger. Também aprendi, há pouco tempo, a usar o prático, bom e quente cachecol. Prefiro exercitar a minha paciência, usando tais incômodos, do que sentir qualquer tipo de desconforto.

E claro, numa noite fria, nada como um copo de vinho, na beirada de um fogão à lenha acompanhado de uma boa conversa. Foi o que fizemos no segundo dia, depois de uma surpresa maravilhosa em Tiradentes.

Estavamos passeando pela rua direita e nos deparamos, finalmente, com a Igrejinha do Rosário aberta. As quantas vezes que estive em Tirandentes, são as mesmas tantas que eu não consegui visitar a tal igreja sempre fechada. Ou seja, nunquinha.

Aqui abro um parêntesis para falar de um paradoxo existencial. Não tenho qualquer religião, não rezo, não peço nada a qualquer entidade e nem faço qualquer tipo de promessa. Mas adoro igrejas, admiro os santos e me emociono com as orações alheias, ciente de que elas funcionam mesmo, eu sei ! Creio que são as contradições do meu amadurecimento pessoal, ocorrido numa família chefiada por um comunista, ateu, mas que possuía os valores mais cristãos que conheci. Ainda por cima, ele era filho, genro, irmão de pessoas com a prática católica acima de tudo o mais. Prática essa que foi passada e repassada para mim e que hoje está totalmente fora das minhas convicções. Mas essa é uma outra história.

Voltando para esta história, ao entrar na maravilhosa igreja escutamos o presente divino, saído dos lábios da Titane, que estava por ali passando o som com o ótimo violonista Hudson ( que também fazia lindos contra-cantos com ela), da apresentação que fariam mais tarde. Ficamos mudos, para não dizer perplexos, diante a tanta beleza daquela voz cristalina e interpretação perfeita de canções do Elomar. É vero minha gente, Titane cantado Elomar, na igreja do Rosário dos Negros, em Tiradentes. É muito mais do que o tudo que eu poderia esperar daquela noite em Tiradentes. Momento de emudecimento, de boca tremendo, de nó na garganta e de olhos úmidos. Que privilégio eu tenho, pensava, penso, lembro e engasgo!

Procurei algum vídeo de alguma canção, ou gravação de alguma interpretação da Titane de alguma música do Elomar, para postar aqui. Não encontrei.

Mas apreciar Elomar  e  seus amigos de "cantoria" num arranjo belíssimo da Cantiga do Amigo é sempre muito bom e emocionante. Essa gravação eu encontrei e posto aqui para todos os amigos de todos os amigos...


Depois de tantas emoções, com corpo frio, mas o coração quente, voltamos para casa, direto para o calor do fogão à lenha. Ali bridamos com um bom vinho, aos encontros, aos amigos, à vida. Obrigada Jef, Lu e Pi.

Não fiz os Malfattis programados para este dia (aqui). Servi fondue de queijo e uma maravilhosa massa de fettucine, presente de aniversário do Renato do La Traviata, com molho verde, cuja receita postei aqui.

Preferi usar um fondue pronto, que estava maravilhoso. Porém para quem quiser faze-lo com suas próprias mãos, segue a receita adaptada de uma que eu aprendi ainda jovem, nos idos da década de 70, quando tal preparação era uma coqueluche em BH.

Em uma vasilha de cerâmica aquecida em fogo alto, eu raspo um dente de alho em seu fundo e laterais e coloco um copo de vinho branco seco para aquecer. Quando o vinho está quente eu junto 200g de queijo gruyère, 300g de queijo estepe ou emmental, previamente ralados no ralo grosso. Se queijo estiver talhando no derretimento, ou se ficar ralo, eu junto uma colher de sopa de amido de milho dissolvido em pouco do vinho, ou para quem gosta, em um cálice de conhaque ou kisch. Se ficar grosso, junto mais vinho.

Quando cremosa, eu ralo sobre a preparação um tantico de noz moscada e sirvo, sob um fogareiro de rechaud (se eu não tenho, vou aquecendo no fogão mesmo, a medida que ela vai esfriando), com pão francês ou italiano, frescos e picados de um tamanho que cabe na boca.

Aí é aquela delícia: a gente finca o pão no garfo, o afoga naquele creme delicioso de queijo e, então, enche a boca de prazer. Huuuuum!

terça-feira, 5 de julho de 2011

O mal feito bem feito: Malfatti de espinafre

Minhas inspirações para escrever estão próximas de zero, já há algum tempo. São muitos buracos surgidos na minha vida, sem eu escolher nenhum deles. Pensei: "bora prá Londres outra vez". Lá estaria com a minha filha e o meu neto, aproveitando aquele verão festivo e arrasando no consumo inútil e fútili.

Como teria de voltar para minha vida, em breve,, sem "tecer"nada para encher os buracos, reconsiderei. Decidi, ao invés de fugir, retornar aos meus fios tecidos e costurados ( minha máquina nova já está mofando), voltar para a minha cozinha e desapegar de tudo aquilo que me prende o calcanhar nos buracos impostos. Afinal, sempre acreditei que minha vida seria curta para realizar todos projetos artesanais e culinários que eu planejei. Isto não poderia ficar somente no imaginário e no desejo. Seria frustrante demais e abriria mais buracos.

Vai daí que, com algum esforço, fiz uma lista de checagem das ações a serem tomadas e de questões a serem resolvidas por mim.  O primeiro item: descobrir e inventar novas receitas culinárias.

Ao pensar numa massa para servir neste próximo fim semana, que passarei com amigos numa casa do Bichinho, me veio a cabeça o Malfatti. Trata-se de uma massa italiana (da Lombardia) que significa em português: "mal feito".

Sintomático, não? Dizem por aí que algum chef italiano, num mal dia, ao cozinhar uma massa recheada, ela se abriu e o recheio boiou que nem um nhoque. O resultado da massa mal feita( desprezando-se a massa em bagaços) ficou, ótimo e então, ele surgiu o Malfatti, agora,, num belo dia.

Os Malfattis, podem ser preparados com qualquer tipo de recheio, que tenha como base a ricota. E o que é ótimo, posso levar de casa a massa preparada e deixar para cozinhar por lá.


Lavo, pico e cozinho, somente com a água que ficou nele, as folhas de um molho de espinafre. Espremo bem, refogo com cebola e manteiga e deixo esfriar. No processador, ou  com a mão mesmo, misturo com 1/2 ricota fresca amassadinha, 2 ovos inteiros, 2 colheres de sopa de queijo parmesão ralado, noz moscada ralada na hora, sal e pimenta do reino. Vou ajuntando um pouco de farinha de rosca ( 1/2 xícara de chá) até que vire uma massa homogênea, que dê para enrolar. Enrolo as bolinhas e deixo descansar por uma meia hora na geladeira.

Em água fervente e com sal grosso, cozinho as bolinhas como nhoque. Ou seja, se bolinha sobra até a superficie, ela está cozida. Junto as taizinhas numa panela com o molho pronto e quente e sirvo com queijo parmesão ralado. Com molho de tomates, simplinho e bem temperado, fica ótimo. Mas eu pretendo servir, como outra opção, com molho de sálvia que preparo assim: derreto 1/2 xícara (chá) de manteiga em 1/2 xícara (chá) de azeite. Acrescento uma mão de folhas de sálvia fresca, aqueço até dar uma pequena dourada( sem queimar) e acerto o sal.

Aí, ele vai ficar como o da imagem abaixo, aí servido com presunto de parma:



Confesso, que eu adoro nhoque, recheios e molhos. Então tal prato é perfeito.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Estilo masculino também existe

Tenho vários amigos que me acompanham neste blog, sobretudo por causa das minhas receitas, ou talvez para entender melhor as questões cotidianas das mulheres. Garanto, que para entender uma mulher é difícil. Mas vão tentando meu queridos. Quem sabe um dia...

Porém hoje eu vou dedicar este post aos homens.

É certo: os homens também precisam se cuidar. Não digo somente em termos de saúde, mas também na sua aparência. Muitos deles acham meio mulherzinha usar cremes e perfumes ( ao não ser a loção de barba, versão essa muito piorada do perfume masculino). Arrogantemente, eles acreditam que basta ser com são "in natura", para que todos os assuntos com as mulheres e com outros negócios dêem certo.

Mas vamos combinar, são tantos os recursos hoje, para se ter uma ótima pele, elegância e bons cheiros, que estou certa, os homens não deviam desmerecer e nem banalizar os tais.

Então, jogando os preconceitos para o lixo, vamos lá!

Pele bem lavada e hidrantes com protetores solar, para mim são regras para todos: mulheres e homens. Os perfumes também. Adoro abraçar meus amigos macios e cheirosos e sempre comento isto com eles. Confesso que os acho mais atraentes assim.

Sobre o uso da maquiagem, bem, quase todos os homens que eu conheço acham que usar maquiagem, botox e etc é uma atitude giga-mulherzinha ( se o fazem, escondem, hehehe). Eu acho legal eles terem tal cuidado, mesmo porque aquelas peles brilhosas e marcadas pelas acnes juvenis, que se sobressaem quando chegamos perto e sobretudo nas fotos, desgraçam qualquer visual, até o dos homens.

Eu era meio resistente quanto ao uso de maquiagem para homens, acreditando que este tipo de vaidade era de domínio exclusivo das mulheres. Ao assistir uma matéria sobre isto no GNT (aqui) me convenci do contrário. Muito embora o modelo que estava sendo maquiado fosse um jovem muito gato,  ele ficou muito mais lindo ainda no "depois" e sem qualquer excesso.

Então meus amigos de qualquer idade, além dos bons perfumes (por favor, nada de loção pós barba com cheiro, falo de perfume mesmo), hidratante com protetor solar, vocês podem e devem usar corretivos para olheiras e marcas na pele, protetor para os lábios e mais algum pó básico e transparente para tirar o excesso brilho da pele, sobretudo naqueles locais sem ou com pouca barba e se forem ser fotografados.

Podem crer homens, nós mulheres vamos gostar!

Também recomendo um maior cuidado no jeito de se vestir. Neste caso, o menos é mais. Um toquezinho especial ( uma gravata, um foulard bem colocado, um blazer estiloso) num dia de comemoração fica super legal e chama a nossa atenção. Mas nada de exagero, para não perderem aquele quê de masculinidade. Ser elegante não significa adotar estilo metro-sexual, o qual, por mim deveria ser enterrado, de vez.Para os mais maduros, cuidados redobrados para não adotarem o estilo Peter Pan.

Sobre este assunto recomendo assistirem a entrevista da Júlia Petit com os irmãos Ricardo e Felipe Bruno ( aqui). Ai, ai, como se não bastasse um lindo, são dois!

Vejam só a simplicidade cheia de estilo destes garotos! É disto que eu estou falando.




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