quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Flor de cera e a salada de abacate

Ao passear pelo meu jardim, verifiquei que a minha Flor de Cera está renascendo das cinzas. Tal trepadeira faz parte das minhas mais remotas lembranças de infância. Ela sobressaia dentre um dos jardins que eu admirava, no caminho de quatro quarteirões, que eu fazia à pé até o meu Grupo Escolar.

Nesse caminho, eu me encantava, sobretudo, com todas as roseiras floridas de todos os jardins. Eu sabia de cor e salteado a sua época de florir, bem como a cor das flores de cada uma delas. Confesso que ás vezes, não resistia, roubava uma flor, por mim já flertada, a fim levar para o meu quarto e poder admirar sua beleza, sem pressa e sem hora marcada.

Mas a Flor de Cera, por sua inflorescencia particular, em cachos de flores cor-de-rosinhas "de cera"dura, recobertas de veludo, me intrigava mais do que as rosas. Trata-se de uma rara flor de antigamente. Esta muda que eu tenho me foi dada por minha mãe, há vinte anos atrás e foi retirada como "muda" daquela que foi plantada no Retiro. Tal muda, depois de crescer e florescer em minha casa, por vários anos, ao ser transferida do vaso para um canteiro, esmoreceu e quase morreu. Permaneceu em latência por muitos anos. Hoje, renascida, mostra-se cheia de cachinhos por florir.

Ela é muito linda. Vejam só na imagem abaixo, que emprestei da internet.


Embora exista uma boa distância entre a flor de cera e os abacates, me lembrei deles. Trata-se do efeito emocional Retiro, muitas vezes manifestado neste meu blog e que é representado por uma tanto de lembranças jardinais e gastronômicas, que surgem juntas e misturadas às histórias da infância, tudo num mesmo instante e contexto.

No Retiro, dentre muitas outras frutíferas, tínhamos também abacateiros, os quais eram produtivos por demais. Na época das frutas, todas os visitantes voltavam para sua casa com uma leva de abacates maduros , dadas por meus pais, para produzir pretensas vitaminas. Digo pretensas, porque sobravam abacates para o tamanho da vontade por vitaminas. Sabemos que com abacates, só rolava fazer dulcíssimas vitaminas, posto que as maravilhosas preparações salgadas com tal fruta, não faz parte da nossa cultura culinária.

Todavia, para mim este contexto mudou. Gulosa que sou e apaixonada pela culinária mexicana, não pude deixar de me deparar com o tradicional guacamole, preparação essa que endeusa o abacate, por sua criatividade, cor e, sobretudo, sabor. Vai daí que hoje, o uso dos abacates em várias preparações (como aqui) passou a fazer parte da minha cozinha, com muita honra.

No meu guacamole, eu não uso coentro, que substituo por salsinha. Sorry... Eu não gosto de coentro! Sei que por isso, tomaria um zero em qualquer prova de culinária, uma vez que tal erva é a queridinha de muitos chefs. Mas eu não gosto e pronto, falei...

Corto o abacate pela casca, em um corte transversal por todo ele, contornando sua semente. Segurando firme em cada parte, dou uma rodada com as mãos, a fim de solta-las. Ainda na casca, eu faço cortes quadriculados, com a faca e depois retiro tudo, já picado, com uma colher. Amasso, pouquinho, os quadradinhos com um garfo e junto, um tomate sem sementes e uma cebola, picados como para vinagrete; um dente de alho e uma pimenta dedo de moça sem sementes picadinhos; uma "mão" de salsinha também picada. Tempero com sal e suco de limão.

Tal receita é giga versátil, podendo ser excluído dela qualquer ingrediente (menos o abacate, é claro). Ela pode ser servida como tira gosto, sobre pão ou tortilhas ou como uma saladinha de entrada, servida sobre folhas de alfaces ou de endívias. Vejam só...



Deliciosa e refrescante!


Um comentário:

  1. Amo a flor de cera por sua maciez ao tato, gentileza, delicadeza ao mesmo tempo agreste, efêmera e aveludada! Adoro ver aqueles botões cor de vinho se abrirem em rosinhas minimalistas!!!!! Ah, e os abacates não encontram melhor preparo que no guacamole! Obrigada, amiga.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...