sexta-feira, 15 de julho de 2011

Minhas meias noites em Paris: Croque Monsieur

Fui assistir Meia Noite Em Paris, filme do Wood Allen. Gostei. E só. Não amei e nem adorei. Foi um gostar esquecível da sua óbvia história, mas inesquecível de Paris, do seu ambiente, das locações, das músicas, dos atores, do figurino. Que beleza!

Senti uma falta total de estar por ali, numa noite, minuciosamente, iluminada, a qual nunca tive oportunidade de apreciar, em tantas oportunidades em que estive por lá. Minhas meias noites em Paris sempre foram dormindo. Coisa da turista pobre, que anda e anda o dia inteiro visitando os infinitos lugares interessantes, e, exausta, passa a noite na Cidade Luz, dormindo.

Hoje eu sei que conhecer uma cidade, sobretudo, Paris, exige tempo, calma, sossego, aventura e  curiosidade pelo não dito nos manuais e nos livros.

Reconheço, Paris é a minha cidade "deusa", dentre todas as cidades que eu conheci e que ainda vou conhecer. Muito mais por aquilo que o filme mostra: sonho, cultura, história e emblema, do que naquilo que nós pobres turistas, listamos para fazer, antes de saber. Existem infinidades de ambientes, climas e cheiros (como em qualquer lugar do mundo, eu sei, mas em Paris...), que, quando estou por lá, nem percebo, já que prevalece aquilo que é o ditado. E tem o tal do consumo fútil, que por lá assume uma sofisticação sem par. Não resisto. E aí, lá se vai a direção pelo não dito das coisas. Mesmo assim, qualquer experiência por lá nunca será frugal ou comum. E sempre será inesquecível, apesar de faltar.

Eu tenho uma imensa ligação emocional com esta cidade, desde de criança. Ela era a paixão do meu pai que me falava dela sem parar. Ele, ao ter a sua única oportunidade de conhecê-la, não pode explorá-la, por ter de voltar, prematuramente, ao Brasil, para me socorrer de anemia grave ( com 1 ano de idade), decorrente da minha falta dele. Como dizem, parei de comer. Um édipozinho básico, no primeiro ano de vida, pode?

Aí mediante a tais fatos, versões e sensações, me liguei para sempre nesta cidade. Numa certa idade, passei a ter sonhos lindos, repetidas vezes com ela, sem ao menos conhecê-la. Vai daí que quando pisei com meus pezinhos lá, pela primeira vez, me senti flutuar, passar do sufoco de ter de sair procurando por um absorvente, sem nem saber qual era a tradução para o francês, de tal utensílio feminino. Perrengues de uma turista metida a besta. Encontrei o tal numa farmácia que estava por fechar.

Aí sim, pude por os pés no chão e chorar ! E até hoje, desconfio da veracidade das minhas vivências parisienses. Elas nunca frustraram os meus sonhos.

Creio que assistir ao filme, motivo deste post, para quem conhece Paris, é relembrar daquele lugar lindo ( em toooodos os sentidos), lugar bom e acolhedor, que gruda e não quer sair nunca mais, e faz a gente querer sempre mais grudar. Ele nos provê de todas as justificativas para dar aquele jeitinho no roteiro de qualquer viagem internacional, para passar por lá.

Quem não conhece, vai querer entender o que é passar uma meia noite ou um meio dia em Paris, nos seus boulevards,  nas suas pontes, nas margens do Sena, nas ruazinhas de Montmartre, nos cafés e bistrôs.

No meu primeiro café da manhã em Paris, pedi em um bar um Croque Monsieur, com chocolate quente. O dono do bar, sob protestos, me serviu tal combinação. Segundo ele, tal preparação tem de ser degustada com um bom vinho.Para quem não sabe tal sanduíche, ressalto que ele não passa de um misto quente gratinado. Mas é um lanche prático, saboroso e muito fácil de preparar.



Monto em um pirex os  mistos com queijo prato e presunto, feitos com pães de forma previamente fritinhos/torradinhos em manteiga e com uma passada de molho branco (molho bechamel) sobre eles, na parte que vai ficar dentro do sanduba. Tiro as casquinhas do pão de forma, para ficar mais leve e macio. Coloco um pouquinho do mesmo molho branco misturado com o queijo prato ralado por cima do sanduíche e levo tudo ao forno para corar. Como eu adoro ovos, coloco um deles frito  por cima. Essa versão é conhecida por lá como Croque Madame.

Croque Monsieur, é a cara de Paris!

DICA: Assisti no Que Marravilha, que nesta semana coincidentemente apresentou uma receita de Croque Monseur. Nela o Claude mistura ao bechamel, cogumelos de Paris frescos laminados e salteados em manteiga. Eu recomendo. Deve ficar muito bom.



Um comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...