sábado, 14 de maio de 2011

Saudades das histórias: Ovos nevados

Sempre adorei comer. Coisa de nascença, sabem!

Quando ainda bebê, minha mãe vivia preocupada comigo, posto que logo após eu "traçar" toda a minha papinha, eu queria o peito dela ( a sobremesa, como dizia meu pediatra, para acalmá-la). Não sei até quando ela me amamentou. Mas deve ter sido por um bom tempo. Até hoje, quando bate alguma angústia, sempre me dá vontade de tomar um leitinho morno.

De todas as seis filhas dela, fui a única que, na infância, ela e meu pai nunca precisaram de obrigar a comer. Ao contrário, depois de uma certa idade, já na minha juventude, eles se  preocupavam com os meus excessos à mesa. A
 minha avó se impressionava com tamanho do meu prato que, segundo ela, era como o de um "trabalhador braçal" e com o prazer que eu sentia e demonstrava ao me deliciar com os pratos do dia, por mais simples que fossem.


Eu sentava sempre ao lado da vovó, pois gostava de comer amassando o braço dela. Sempre fui meio regredida, não abrindo mão de acarinhar aquele braço maravilhoso, que representou por muito tempo um elemento transicional entre a minha infância e a minha adolescência, tal qual um cobertorzinho que muitas crianças não conseguem se desgrudar. 

Agora, estou meio longe dessas histórias, longe do Brasil, da Itália e da Espanha. Hum que saudades!!! Sinto falta das gostosuras da infância, que misturam sabores de lugares.


Pensando bem, dá até para misturar numa sobremesa saborosa e leve, que  aprendi com a minha avó, que é servida como Huevos Nevados, na Espanha; ou Ille Flottante na França ou Ovos Nevados na minha casa. 


Separo as claras de 6 ovos e bato em neve ( em temperatura ambiente), até que fiquem bem firmes. Vou ajuntando, pouco a pouco, 6 colheres de açucar, sempre batendo, até que se transformem em um suspiro. À parte, eu coloco um litro de leite integral para ferver, abaixo o fogo e nele coloco delicadamente colhereradas de suspiro, para cozinhar no leite, deixando uns 15 segundos de cada lado. Após o cozimento, retiro as "nuvens" e coloco-as numa vasilha de vidro ou louça redondos, com muito cuidado para não quebrá-las. Reservo. 


À parte bato as 6 gemas com 6 colheres de açucar e 3 gotas de essência de baunilha natural. Uma opção, à essência, é usar uma fava de baunilha aberta, na fervura do leite, antes de cozinhar as colheiradas de suspiro. Fica bem melhor, mas muito mais caro. Uma fava de baunilha, da última vez que comprei custava 20 reais. Putz... 


Continuando, misturo, fora do fogo, o leite de cozimento das nuvens com as gemas batidas e levo ao fogo mega baixo para engrossar, mexendo sempre para não deixar ferver ( senão talha tudo). Retiro do fogo, mexendo até esfriar e junto este creme ( meio que to tipo inglês) às nuvens de suspiros. Levo a geladeira para esfriar.


Aí, fica assim:



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