A dor da perda dos pais se transforma em saudade. A dor sem nome da perda de uma filha não se transforma em nada. A gente apenas busca se acostumar com ela e seguir vivendo, mesmo querendo morrer de tanto que dói. Por vezes me lembro dos últimos dias de vida do meu pai, que internado devido a uma infecção numa cirurgia do fêmur me dizia:" Dói demais, é melhor morrer". Ele morreu poucos dias depois.
A dor e a tristeza alheia, quando demais, cansa. Melhor não compartilhá-la com ninguém. Melhor conviver com todos só se for para mudar de assunto. Vai daí que parei de escrever sobre ela e a todos que me perguntam se eu estou bem, eu respondo: sim, mesmo querendo não vivenciar por nenhum segundo mais esta dor tão doída. Daqui prá frente é assim: estar bem é estar com saúde, é prosseguir vivendo, buscando nas atitudes dos amados a beleza e os motivos para prosseguir.
Tanta coisa boa aconteceu nestes últimos dias! Alguma justiça foi feita, meu neto espetacular esteve em meus braços, meu trabalho vai seguindo com algum sucesso, a culinária vem aos pouco voltando para minha vida, estou obtendo uma apropriação satisfatória do meu novo espaço, os filhos vão se dando bem na vida... Mas, nenhuma delas me trouxe a inspiração necessária para voltar a escrever.
Hoje, ao assistir um belíssimo curta metragem com o Manuel Bandeira "O Poeta do Castelo"de Joaquim Pedro de Andrade, realizado em 1959, que compartilho abaixo, um pouquinho de inspiração apareceu.
Ela põe para ferver um litro de leite integral. Junta aos poucos, uma xícara e meia de farinha de sêmola aos poucos e vai misturando devagar, como se fosse um pirão. Ao engrossar, desliga o fogo e mistura à massa, dois ovos, 4 colheres de sopa de azeite extra virgem( ou duas de manteiga), uma xícara de um bom queijo parmesão ralado. Acerta o sal. Para quem gosta, um tantico de noz moscada ralada vai bem. Dispõe a massa uniformemente em tabuleiro para esfriar. Com um aro cortador ou a borda de um copo, corta a massa em discos, e os leva em um tabuleiro, untado ao forno alto ( 220graus) por 15 minutos ou até dourar um pouco. Um folhinha da salvia enfeitando os gnocchis e um salpico de queijo parmesão ralado, antes do forno, vão bem.
Aí, é só servir com o molho de preferência. A cara amiga serviu com um pomodoro super espesso e bem temperado com mangericão e um fio de molho de anchovas. Vejam só abaixo, na foto que eu tirei, que delícia!
Minha querida amiga,
ResponderExcluirObrigado pelo filme - uma imagem e narrativa incríveis da vida casi monástica desse grande poeta. Grato também pela receita do nhoque a la romana! Vou experimentar depois!! nham nham
Precisamos nos reencontrar pra fazer umas comidinhas bem gostosas e feitas com amor, cantar um pouco e curtir o estarmos vivos aqui e com amigos para compartilhar! bjs pra vc e pra família! Leri
Oi Leri, que tal fazermos este nhoque juntos. Ou mesmo o tradicional, minha massa preferida.Vamos combinar. Saudades e obrigada por este reencontro. bj
Excluir