sábado, 26 de outubro de 2013

É a vida que segue:Estrada do Sol

Tenho dito para mim mesma que a vida segue. 

Nos exatos um ano da minha perda terrível, li isto na página da cara amiga: "É a vida que segue". Passei aquele dia com um nó na garganta e o estômago socado, buscando entender como é possível seguir com a vida. 

O dia acabou com a beleza e a delicadeza, dedicadas a ela, por amigos. Belas imagens dela, belas palavras para ela, canção bem escolhida e uma representação de uma Ofélia de Shakespeare muda, expressiva e delicada como ela. Era aquela louca que ela tanto gostava, mas muda. Ofélia se jogou no rio. O pai morto por Hamlet, seu amado, a enlouqueceu e ela se deixou levar pelas águas, passivamente.

Lembrei-me das palavras do amigo que também perdeu um filho: "Passada a dor aguda, a admiração, o carinho, a saudade, que não vem da perda, mas do que deixaram de legal, de humano, de criativo de marotice, nos faz passar a ter uma saudade mais terna, menos dolorida, mas cheia de admiração, acompanhado do sorriso que o jeito deles nos arranca."

Quantos amigos me pedem para voltar a escrever. Eu tento e aí me faltam as palavras  e se elas aparecem, sinto a angústia da perda irreparável e me ponho a chorar.


Mesmo assim, volto aos poucos à culinária, à feitura dos arranjos de flores, ao "cansei desapega" e em breve à costura. Portanto, tendo tais inspirações, volto aos poucos à escrita 

E hoje consegui terminar esta postagem, a qual me pus a escrever há mais de 15 dias.


Compartilho aqui a belíssima canção oferecida a minha filha, pela Júlia Branco, um ano após a sua partida para sempre: Estrada do sol de Tom Jobim e Dolores Duran. Como não tenho a gravação da Júlia, escolhi esta linda interpretação de Tom com o rei Roberto.



Ao me informar sobre esta parceria do Tom com  a Dolores Duran, descobri que ela também se foi muito jovem.

É a vida que segue, com perdas, mas com belas histórias.



2 comentários:

  1. Uns dias melhores, outros piores, vamos levando, Cláudia. Perder um filho é absurdo, terrível, inaceitável. Mas você teve 32 anos de Ciça e isto ninguém te tira. A grande sacanagem fizeram com ela, e a dor desta consciência, a raiva vai se alternando com as lembranças e as boas marcas que ela te deixou e que transformaram no que você é hoje. Isto acaba sendo combustível para seguir em frente. Um beijo grande.

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    1. Ai Mana, nem sei o que dizer... É muito difícil e você sabe disto, talvez melhor do que eu. Vamos por aí amiga, na ilusão de que a vida é assim. Fomos escolhidas para viver esta dor. bjs

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