quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Histórias de duas: Zazá

É isto: não consigo refletir, não consigo raciocinar, nada me inspira, as palavras me faltam. Por momentos efêmeros me animo, com a perspectiva de estruturar um novo lar. Mas logo a seguir sofro por não estar na velha casa, no antigo lar, cheio de histórias alegres. Choro durante as recordações das histórias da minha família. Desabo quando a minha filha mais velha faz parte da história. Ela faz parte de quase todas.

Não choro pela separação da casa em si, pois essa já não me pertence. Não choro pela separação da cadela adorada por nos duas ( mãe e filha). Sem a presença da minha filha, parece que eu não pertenço mais a cadela e ela, por sua vez, também não pertence mais a casa, nem tampouco ao lar. É estranho!

Zazá chegou em minha vida há quatro anos, num momento ruim. Fadigada por minha doença, eu não a desejei. Ela me foi imposta. Além disso, eu já estava por demais envolvida com a minha Nina, a outra cadela que morava na casa e já fazia parte do meu lar. Não havia espaço em mim para acolher ali mais um animal. Porém, de uma forma bem discreta ela, a Zazá, foi me acolhendo e, aos poucos,  ocupando quase todos os espaços da casa. Com a morte da Nina, ela se tornou a minha mais presente companhia e das mais queridas. Ela fazia parte do meu lar e das minhas histórias.

A minha filha, ao voltar de Londres, estabeleceu com ela uma ligação intensa. Zazá estava sempre ao seu lado, quer seja na minha casa ou na casinha anexa em que minha filha morava. Usando a pata dianteira, aprendeu a abrir a porta da casinha, espaço este no qual lhe era permitido deitar e dormir no sofá ou até mesmo na cama. Eu protestava contra tanta intimidade entre as duas, mas era sempre vencida por elas. As duas unidas ficavam, por vezes indiferenciadas, numa mistura de cão e gente. 

Zazá, tornou-se uma fonte de inspiração para alguns trabalhos da minha filha. Eu, ao tomar ciência de tais trabalhos, me deparava com fotos e filmes dessa cadela.

Foto editada para compor a capa de um de seus últimos projetos
A Zazá ainda sobrevive, mas vem perdendo aos poucos um tanto da sua alegria. Ela mora sozinha na casa, recebe a visita de outros, que não é a sua preferida, se ressentindo de tal ausência. Ela percebe o desmanche do lar e a tristeza da família. Pobre Zazá. Pobre de nós.

  

3 comentários:

  1. ai zazá, ai cissa, ai saudade, e essa tristeza que me invade o coração todos os dias ...
    um beijo cláudia, você é um amor de mãe, obrigada pela força que você nos passa por aqui.

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  2. minha amiguinha linda
    http://grooveshark.com/#!/search/song?q=Caetano+Pelos+olhos

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  3. ô Si, sinto falta de escutar ao fundo do meu dia, as suas conversas risadas com a Ciça, sinto falta dela, da risada e do sorriso. Estou vivendo de faltas. bj querida

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