terça-feira, 7 de agosto de 2012

Volta às aulas com o coração rachado

Fui uma moça tal e qual a maioria dos jovens, como o meu neto, que não se cansa de reclamar do final das férias. Eu, assim como ele, detestava a "volta às aulas". Que horrível ter de voltar ao esquema de se matar de stress para cumprir com os compromissos assumidos por obrigação e não por desejo.  Nesse sentido, confesso que as minhas mais remotas lembranças do sentimento de angústia são destes momentos da minha infância... Segunda-feira, fim de férias, aula amanhã, noh, socorro!

E vamos combinar, ficar à toa, só brincando e se divertindo, é bom demais, pelo menos por algum bom tempo.

Ao ficar adulta, já na universidade, este sentimento de angústia tornou-se mais ameno. A obrigação foi um tanto substituida pelo desejo e a consequente escolha. Por vezes, eu até chegava a sentir algum prazer em voltar às aulas. Penso que isso era devido também a uma certa irca pelo excesso de lazer e de contemplação, que era típico das minhas férias, o qual para uma mulher histérica e ansiosa como eu, pode ser muito chato. Hoje, em CNTP, tal questão me parece ocupar um lugar mais confortável. Apesar do frio na barriga ao me ver pressionada para voltar para o meu dia a dia, sinto, ao mesmo tempo, um certo alívio ao me reencontrar com o meu canto, com a minha rotina e com os meus afazeres diários.

Uma das artimanhas que eu vinha usando para me conformar com o fim das férias e a consequente "volta às aulas" era  planejar a solução das zilhões de questões caseiras, adiadas por séculos. À partir daí, poderia me livrar da minha interminável e crescente lista de pendências domésticas e, enfim, dormir em paz. Outra, é a de revitalizar o lar, aconchegar  a família e promover encontros.

Vai daí que, neste meu momento e por segurança, considerando as faltas e as ausências, que precisam ser atravessadas a cada dia da vida de uma mulher madura como eu, marquei para a volta ao meu cotidiano de agosto, dois almoços com amigos aqui em casa.

Um deles já aconteceu. Servi como prato principal, o lombo de caça. Porém, os maiores sucessos do dia ficaram por conta do fantástico e borbulhante feijão da Lene, minha fiel escudeira (feijão preto cozido no dia e refogado com alho picado, sal e louro, em panela de pedra) e da conserva de abobrinha, servida como petisco.

O próximo encontro será no próximo sábado. Eu estou por aqui, às voltas com o cardápio.

Mesmo em meio a tal curtição, existe uma dificuldade em me adaptar "à volta". Está bem mais difícil desta vez. Coisas das nossas vidas muito vividas: perdas, ausências e faltas... grandes.

Então, para anestesiar qualquer coração rachado, compartilho aqui uma imagem do que eu serviria, se ainda estivesse lá na Bahia, na beirada do mar, no "nada a fazer" e quase que completamente preenchida.



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