sexta-feira, 15 de junho de 2012

Franqueza demais é falta de educação: Focaccia

Por tempos tenho buscado ser uma pessoa calma, quieta e tranquila. Mas nem tanto, pois  eu creio que aquelas que são zen demais, são também aguadas e pouco interessantes.  Cruz credo!  É difícil encontrar o limite entre a objetividade e a grosseria. Esse, exige uma sabedoria sofisticada, a qual poucos de nós tem. Eu, tampouco!

Apesar de ter tido o privilégio de uma boa educação, reconheço existir em mim um abismo entre esta pessoa razoável, que sabe de tal limite, e euzinha. Trata-se da persistência da minha natureza ansiosa, afoita, impaciente, as vezes belicosa e marcada por uma voz gritada, o que foge totalmente deste modelo de pessoa "equilibrada".

Eu, muitas vezes, me precipito em dizer despautérios e impropriedades mediante à um conflito. Em tais situações, as minhas palavras se apresentam, bem antes da minha reflexão sobre o conflito colocado. Não é por maldade, vocês sabem! é pela "ansiosidade",como diria minha filhinha... Me lembrei agora da Clarice Lispector, cujas palavras, ao que parece se antecipavam aos seus pensamentos. Eu sei que funciona assim com muitos mortais, que não são Clarice. Mas comigo, é demais! E pior, depois de ditas, as más palavras, não existe volta, posto que elas já são. Aí, é mastigar o arrependimento e torcer para ser compreendida e ser perdoada.

Me lembro aqui, de uma das falas da minha sábia vó Margarida : "franqueza demais é falta de educação". , Eu concordo com elas, totalmente. Me detesto quando sou franca demais e odeio as pessoas "muito verdadeiras".  A boa convivência não aceita falsidades, mas exige o respeito ao limite do outro e o cultivo dos mistérios.

Tentei fazer uso de muitas estratégias (Tai Chi, acunpultura, massagens,etc) para me acalmar, parar para pensar e refletir sobre as questões angustiantes que sempre me perseguem no cotidiano  e que me tiram do sério.  Porém, confesso, tais sistemas não deram conta de mim. Como ultimo recurso, eu uso, hoje, um artifício, que é falar, em voz alta, a mim mesma: "Calma, muita calma nesta hora".  Isso tem funcionado por vezes, sobretudo quando estou cozinhando.


Gente é  sério, faz parte desta minha índole e da minha rotina culinária ser também afoita nos afazeres, me cortar, me queimar, quebrar pratos e travessas, em quase todas a vezes que estou na cozinha! Por ali, nunca me dei bem com o preparo das massas, por exemplo.  Ele exige atenção, calma, paciência e entrega, predicados qua eu ainda estou longe de possuir, por tudo que falei. Mas tem uma massa que eu faço super bem. Ela é facílima de preparar e mesmo se a fermentação der errado,  o resultado final fica ótimo. Vira uma pizza crocante cheia de sabor.

Para um tabuleiro médio, eu amasso 15 g de fermento biológico fresco com 1 colher de sopa de açúcar até virar uma pasta. Junto 1 ovo e 4 colheres de sopa de azeite, misturando bem  Vou acrescentando, aos poucos, um copo de farinha de trigo, misturada com uma colher de chá de sal, em um copo de água morna. Aí vou acertando o ponto com a farinha, amassando com as mãos a massa até ela desgrudar das mãos e ficar bem lisa e "elástica"( a mãe leva a massa e ela volta).

Coloco  tal massa num recipiente, coberta com um pano de prato úmido, num lugar mais quentinho e espero ela crescer até dobrar de volume. Demora uns 40 a 60 minutos.  Paciência minha gente... Depois disso, num tabuleiro untado com  muito azeite, eu abro a massa com a mãos, como se fosse uma pizza grossa. Faço uns furos com os dedos na massa,  e coloco os temperos: alecrim com sal grosso, ou azeitonas pretas, ou tomatinhos cereja com mangericão, alho picado com parmesão, sobras de embutidos, ou qualquer combinação de sabores disponível  e desejada, regados com um tantto de um ótimo azeite. Cubro outra vez com um pano úmido e espero crescer por mais uns 30 minutos. Asso em forno pré-aquecido, em tempreratura média ( 180 graus), por uns 40 minutos ou até corar.  

Aí, é só cortar e servir como um delicioso petisco, ou entrada ou base para um ótimo sanduba. 

2 comentários:

  1. olha só!
    há anos faço exatamente essa focaccia.
    só que no lugar do azeite na massa eu usava 4 colheres de água morna!
    digo "usava" porque agora vou seguir sua receita!
    belo toque. viva o azeite!
    como eu não pensei nisso antes?!
    vc como sempre arrasando na cozinha!

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  2. Iara, a água morna também faz parte da receita, cê sabe, né? O azeite é só para dar um perfume, aroma e uma certa liga. bj

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