terça-feira, 5 de junho de 2012

As coincidências e o destino: Para Sempre

São incríveis certas ligações entre eventos, que são muitas vezes interpretadas como destino. Não acredito muito em destino. Mas busco por coincidências para entender situações sofridas. Procuro minuciosamente as coincidências de datas, de palavras ditas ou ouvidas, de eventos climáticos, de cheiros e cores, de lugares e de encontros.

Creio que as coincidências que acreditamos existir aparecem para darmos conta das nossas sobrevivências em tais momentos difíceis. São elas que nos trazem alguma explicação e conforto.

Hoje, eu por aqui penando com a saudade por Mamãe, me deparo com um belo poema do Drummond, postado por uma amiga no FB, junto a imagem da Pieta. Ela compartilhou uma postagem anterior a minha perda. Quero crer que trata-se de uma coincidência perfeita eu ler isto, justo hoje e bem agora.

O poema é lindo e sei que trará conforto a muitos, que, como eu, já perderam as suas mães queridas. Vejam só:

Para sempre


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.



Carlos Drummond de Andrade

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