terça-feira, 29 de maio de 2012

A dificuldade das reconstruções:Caldo verde

Pois é minha gente, se está difícil organizar minhas idéias e elaborar as emoções, o que dirá escrever sobre elas.


Lembrei-me do meu amigo PC que, recentemente, comentou, em um dos meus posts da Mamãe, sobre "Uma capacidade interminável de arranjar gancho pra falar nas coisas que a gente quer". Aí me veio a cabeça a minha primeira postagem, neste meu blog, na qual eu especulava sobre as " reconstruções e rearranjos que fazemos com as sobras, com os cacos e também com material nobre, buscando dar àquilo que é aparentemente imprestável, um outro destino, que por vezes, é deslumbrante". Quando a escrevi, eu ainda não sabia o tanto que eu sei hoje, sobre a reconstrução e os rearranjos dos cacos. Sabia quase nada sobre aqueles pedaços desbagaçados e perdidos, que a gente não consegue identificar no chão e, se consegue, não pode alcança-los. Não alcançar e nem reconhecer os pedaços, impossibilita qualquer reconstrução.


Hoje, eu conheço um pouco mais sobre as perdas, as faltas e os danos, ainda que de uma forma insuficiente para o meu gosto, posto que, poderosa que sou, exigiria saber de tuuuudo. Porém, me conformo em passar por esta vida, sem  qualquer possibilidade de "saber de tudo". Isto me faz pertencer ao campo das impossibilidades da vida.: Saber de tudo que pretendemos saber, é inviável...


Dentro deste contexto escancarado, eu como uma amadora que sou na escrita, sofro por um sentimento duro e real, num silêncio subjetivo quanto as minhas histórias. Mesmo assim, não me faltam inspirações para sair dele. Mas a palavra, por vezes, foge ou falta em mim, mesmo que mediante a tantas emoções. Paradoxos da minha vida.
Para superar isto, reli vários escritos meus, muitos livros e jornais e listei palavras bonitas, instigantes e originais, buscando estimular o desenvolvimento da escrita sobre as minhas idéias. Não adiantou. As listas de expressões não tem sua origem em mim. Elas teriam de ter sentido na minha história, para eu poder usa-las aqui. Ou seja, elas não tem a graça e o charme e nem me dariam o prazer, tampouco a emoção das memórias e sentimentos,  na suficiência necessária  para escrever sobre passagens desta minha vida banal, de uma simples mulherzinha. 


Será que estou virando um mulherão?Por isto não consigo escrever? Putz, ainda não tenho idade para isto (rs)...


Tenho recebido de amigas do FB e por email, imagens maravilhosas e inspiradoras, principalmente da Márcia Rosa e da Sylvia (obrigada amigas), que me conduzem às emoções da reconstrução, seja  pelo fio, com as linhas e os retalhos; seja pelas tintas e vitrais ou ainda por intermédio dos legumes e das frutas do mercado. Compartilho-as com vocês.



Fios de todas as cores, tecidos por todos os lados e usando diferentes pontos e artes. E todos os "tecidos" são unidos em harmonia.



Frutas e legumes de vários sabores e cores, cortados em mesmo sentido. Cores e sabores... Lindo!



Explosão de cores e formas no tecer dos fios, mas contidos em círculos de várias dimensões, círculos intermináveis...


Frutas organizadas em degradê de cores, em um excepcional mercado canadense.

Ao buscar por uma produção minha, que fosse tão interessante quanto essas imagens, encontrei somente idéias já postadas. Considerando o meu atual estado de espírito, optei pela simplicidade, monotonia de cores e delicioso sabor do caldo verde, que eu servi no aniversário de um dos meus queridos. Claro que impus à receita o meu toque (pelo menos, algum plus), 

Para 6 a 8 pessoas eu usei 8 batatas inglesas médias, descascadas, cortadas e refogadas em azeite, 1 cebola média picadinha e 2 dentes de alho. Juntei água (em torno de 2 L) no refogado até cozinhar as batatas e formar um molho, no qual adicionei 2 tabletes de caldo de legumes. Bati tudo no liquidificador. Voltei com o creme ao fogo e adicionei água até virar um consomê.Temperei com sal, pimenta do reino moída na hora. Juntei dois molhos de couve finamente cortadas e deixei fervendo até murchar um pouco.


Servi em bolzinhos de louça branca, com o meu toque de chef: um refogado de carne seca da minha farofa americana (sem a farinha, é claro) sobre ele e muita salsinha picadinha. Um fio de azeite, deu brilho e sabor. Fatias de uma boa linguiça defumada salteada também caem bem. Simples, delicioso e aconchegante.

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