terça-feira, 5 de março de 2013

Seguir lutando: Os filhos

Lá se vão quase 5 meses de dor e ausência. De luto. Minha irmã me conforta dizendo que o dela demorou 6 meses. Mas ela pode elaborar a separação do filho gravemente doente, por mais de um ano. Eu não. Comigo foi assim, de repente. Alguns poucos dias após a minha despedida dela para a viagem: "você é a melhor mãe do mundo. Te amo. Boa viagem" as últimas palavras dela para mim. Só a vi de novo ali, deitada na caixa coberta de Lisianthus brancos, como se ela estivesse dormindo em sua mais extrema alvidez.

No meu luto, luto para lidar com a vida sem ela. Prefiro a contemplação da TV. Por vezes fujo dela e busco fazer algo mais produtivo, caminhar, trabalhar. Não encontro o desejo e nem a concentração necessária. Tento ler um romance. Mal começo. Pego outro, nem chego ao meio. 

Mas um eu consegui terminar, posto que me trouxe as palavras necessárias. Dele, eu retiro e compartilho um dos muitos trechos belos.

"...Os filhos, pensava ele, são modos de estender o corpo e aquilo a que se vai chamando de alma. São como continuarmos por onde já não estamos e estarmos, passarmos e estar verdadeiramente, porque ansiamos e sofremos mais pelos filhos do que por nós próprios, assim como nos reconfortam mais  as alegrias deles do que satisfação que diretamente auferimos. Por isso temos gula pelos filhos, uma gula do tamanho de absurdos, sempre começada, sempre incontrolável. E queremos tudo dos filhos como se nunca nos bastassem, nunca nos cansassem porque, ainda que nos cansemos, estamos incondicionalmente dispostos a continuar, uma e outra vez até que seja o corpo extenuado a desistir, mas nunca o nosso ímpeto, o nosso espírito. Até porque desistir de um filho seria como desistir do melhor de nós próprios. Cada filho somos nós no melhor que temos para dar. No melhor que temos para ser..." (Walter Hugo Mãe em O Filho de Mil Homens)


9 comentários:

  1. Lindo o texto e a foto.Vc sempre me emociona com o "Dia de mulherzinha."

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  2. irmã querdinha de novo5 de março de 2013 às 13:38

    E isso aí querida.Seguir lutando sempre.

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    1. Irmã queridinha, agradeço todos os dias de ter você sempre ao meu lado. Obrigada

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  3. A vida segue, com dor, Cláudia. Mas há espaço para alegrias.
    beijo grande da mana.

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  4. Claudia, quero lhe transmitir uma mensagem de conforto mas , após ler seus textos as palavras me faltam. Falar o que diante de tanta dor? Sinta-se abraçada e siga em frente com a fé de que você dá conta de fazer esta travessia. Beijos da prima.

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    1. Obrigada prima por seu abraço carinhoso e sua presença solidária. Um bj

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  5. Cláudia, receba um beijo carinhoso de uma mãe anônima que divide a sua dor à distância. Katharina.

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    1. Obrigada Katharina, por sua presença, que mesmo à distância, me conforta.

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