segunda-feira, 31 de outubro de 2011

São muitas emoções: Festas com rock e flores

Meu primeiro namorado tocava guitarra base em um "conjunto"de BH que se apresentava no Minas e no Automóvel Clube, nas décadas de 60/70, o The Kappers que evoluiu para o Haystack Needle. Com ele eu conheci e aprendi a apreciar Beatles, Rolings Stones, Janis e Jimi Hendrix. Confesso que a primeira vez que ouvi o Jimi, eu não entendi nada, posto que aquele som fugia de tudo que eu estava acostumada em termos musicais. Mas de cara, eu amei, amor esse que trago comigo até hoje, convicta de que aquele talento jamais foi superado.

O meu último namorado, também um curtidor de rock,  me apresentou o segundo melhor guitarrista que eu conheço: Jeff Beck. Já o tinha visto em uma das cenas de um belo filme do Antonioni: Blow Up. Mas me apaixonei pela música dele e, ainda mais, pelo meu namorado quando escutamos juntos : Cause We've Ended As Lovers. Vai daí que essa melodia se transformou para mim naquela coisa brega, linda e romântica: a nossa música. Adoooooro!

Neste fim de semana de festas revi com emoção um vídeo recente desta música, trazida carinhosamente por nosso sobrinho Júlio, a qual reproduzo aqui. Muitas palmas para a jovem e mimosa baixista que arrasa na interpretação: Tal Wilkenfeld


Um espetáculo!

Para tais festas preparei o saboroso cardápio regional apresentado aqui e belos  arranjos de flores. Flor demais, gente! Meio over, até! Mas não resisti às lindezas que achei no meu fonecerdor, todas chegando de Holambra. Além do que,  a minha felicidade foi merecedora de muita primavera... Vejam só:


Astromélias multicoloridas

Escandalosos lírios rosas..


Palmas cor de rosas...

Cravos verdes



E o meu netinho, bordado pelas Mariquinhas num panô que conta a minha história, que não poderia faltar...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A presença da Ausência: Tabule

Minha fonte de inspiração de hoje veio da amiga Cris, que postou um poema do Carlos Drumond de Andrade. Entre tantos belíssimos de sua obra, ela selecionou exatamente o Ausência, o mais presente nos meus encontros familiares. No momento em que o reli, estava exatamente postando fotos de um desses encontros. Incrível!


Em tais encontros meu pai cantava e declamava poemas lindos como já mostrei no post "Esta Vida". Eu e minhas irmãs cantávamos as canções de MPB do "nosso tempo", com destaque para a minha irmã queridinha, grande cantora de voz belíssima. Com ela, eu interpretava, em duas vozes, a lindíssima "Minha" do Francis Hime e Ruy Guerra (abaixo interpretação maravilhosa do Francis). Quantos e merecidos adjetivos eu escrevi neste parágrafo!  




Por fim, e no cume do sarau, Elizabeth declamava o belo poema "Ausência" do Drummond:


"Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim. Carlos Drummond de Andrade".


Não é lindo, de tão presente? Pois é...


Neste ultimo encontro familiar, niver do meu padrinho, não cantamos e nem declamamos. Porém nos esbaldamos em histórias e lembranças da família. Tudo regado a um excelente vinho e saborosa comida árabe, que eu adoro. Além de deliciosa, tal culinária é mega variada e prática para ser servida em encontros familiares. Dá para preparar tudo com antecedência e então, é só distribuir as iguarias ali numa mesona e a festa está pronta. Dentre todas essas delícias, eu destaco a Coalhada Seca, o Charuto (aqui), o Fatuch (aqui) e o Tabule. Parece que são muitos destaques. Mas, mediante a tantas opções de sabores árabes, tratam-se de destaques mesmo. 


Ao preparar o facílimo e saboroso tabule para umas 6 pessoas, eu hidrato 1/2 copo de trigo para kibe em 4 de água fresca por umas 2 horas. Lavo bem o trigo hidratado e escorro. Misturo 1 cebolas picadas bem lavadas e escorridas, 4 tomates maduros picados sem semente, 1 pepino picado (opcional), 4 xícaras de salsinha e 2 de hortelã picadas, o suco de 2 limões, 3 colheres de azeite extra virgem, tempero com sal e pimenta. Tais proporções, podem ser alteradas de acordo com o gosto de cada um. Mas para ser mais autêntico, a quantidade de folhas tem de ser bem maior do que a trigo. Vejam na imagem que eu emprestei da Internet.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Filha pródiga: casquinha de siri

As minhas filhas e o meu neto  estão chegando de fora, para um reencontro sensacional, coincidente com as festas de fim de ano. Agora, neste exato momento, estou ligada mesmo é na volta, prevista para a próxima sexta, da minha mais velha. Uau que delícia!. Muitos projetos, muitas mudanças, muitas alegrias!

Desculpa certa e hora exata para dar uma geral no lar a fim de recebê-los, de acordo com o merecimento adequado. Aproveitei a deixa e consumi com toda pompa, sem dó, nem piedade e nenhuma culpa. Vai daí que nestes últimos dias, tenho feito de tudo um tanto para revitalizar o meu lar: limpei, transformei, organizei, transferi e substitui as tranqueiras, minhas e de muitos outros donos, façanha essa pesada, incluindo até a ação de carregar um piano, literalmente.

Aproveitando o momento e como uma boa mulherzinha que sou, mergulhei no consumo necessário e útil: comprei televisão LED, fogão gourmand, panelas e utensílios, cortinas, ombrelone, bolsa, carteira,cremes, encomendei maquiagens. E, sobretudo,  dei uma imensa revitalizada no espaço de lazer da minha casa, o meu pedaço mais importante.

Replantei, em vasos decentes, as orquideas esquecidas num mesmo canto e as dependurei em um local adequado e à altura delas. Retirei as cercas inúteis, que protegia as minhas plantas, dos meus cães já falecidos; enchi de beijos dobrados os meus canteiros áridos; plantei, no entorno de uma das minhas pilastras, a almejada rosa trapadeira branca, objeto do meu antigo desejo bucólico.

Depois de tudo isto, me sinto no éden. Vejam só nas minhas imagens abaixo:



Orquídeas em seus vasos...


Canteiro de beijos multicoloridos

Rosa trepadeira dos meus sonhos

E, claro, estou à toda, naquilo que eu mais gosto de brincar: a elaboração do cardápio da recepção da minha primeira filha, tendo como inspiração as preferências e as faltas paladares dela e a história de nos duas. Decidi na primeira noite, preparar uma comida baiana. É assim que escolhi como coqueluches principais o bobó de camarão (aqui) e a casquinha de siri. No dia seguinte, farei uma feijoada brasileira (aqui), tendo como entrada os deliciosos palmitos confitados (aqui) e o pão de queijo mineiro feito em casa, dentre outras delícias e ,no domingo: carne mineira na banha ( aqui) com farofa, e o cuscus paulista (aqui) de entrada. É meio misturado mesmo. E é assim mesmo que eu gosto de receber.

Para a casquinha de siri, eu refogo 1K de siri (ou caranquejo) já catado e desfiado ( pode ser do congelado, descongelado e lavado), em 1 cebola, 3 dentes de alho, meio pimentão vermelho picado, 1 pimenta dedo de moça sem sementes picadíssimas, tudo salteado em azeite. Depois de amolecida a carne, junto uma colher de sopa de azeite de dendê, um vidro de leite de côco, e o caldo de meio limão. Acerto o sal e salpico pimenta do reino moída na hora. Espero secar um pouco e disponho tal mistura, aos montes, em ramequins pequenos. À parte, misturo meia xícara de farinha de mandioca baiana, meia de pão esmigalhado, sal, pimenta e azeite. Cubro com tal farofa as forminhas com o refogado e levo para gratinar em forno quente (com grill ligado, se possível), até ficar dourado e com a casquinha crocante.  Sirvo, com uma boa pimenta malagueta e farinha de mandioca da boa torrada. A imagem de tal produção será postada em breve.

Aí, minha gente, é só saborear.

E para beber chopp e batidas de frutas da época (aqui) , em especial, as pitangas, as quais estão explodindo no meu jardim.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O cafezinho bom.

Até tornar-me adulta, abominava o café. Eu gostava mesmo era dum toddy quente com pão crocante com manteiga, na hora do lanche. E só.

Aí, no início da minha vida adulta, ao iniciar a minha profissão de doublé de professora noturna, atividade essa que me angustiava, eu aprendi a apreciar tal infusão. Não tinha saída, pois na sala dos professores da escola que trabalhava era a única opção que se apresentava, , durante os intervalos de aulas. Na ausência da perspectiva de sair correndo dali, me encantei e nunca mais larguei deste prazer.

Nesta última viagem a SP, conheci e me esbaldei no "Coffee Lab" da Isabela Raposeiras, barista premiada da cidade (vejam aqui) e uma fofa. Ressalto aqui que fui, na maior preguiça de sair naquele "fog" paulistano à convite de uma amiga querida. Me dei bem.Experimentei de tudo um pouco, tipos e blendeds variados, processos diferentes de obter tal bebida. Além das delícias que provei, me senti na cozinha da minha infância.

O Lab, está instalado num espaço aberto e aconchegante, em que a área da cozinha, onde os cafés são preparados, fica ali do nosso lado. Mais adiante, tem-se  à vista um maravilhoso torrador dos grãos. Tirei fotos do lugar e em breve insiro neste post.

Alí conheci o preparo do café coado à vácuo, que promete extrair o máximo de sabor do café. Uma delicia verdadeira, que é preparada na mesa, num equipamento simples, que me lembrou um seringão. Veja na imagem abaixo.


Isabela, com o equipamento para preparar o café à vácuo

Hoje, lí uma matéria da Luiza Fecarotta, sobre este assunto na Folha de SP . Para aqueles que curtem o café, vale a pena conferir aqui. Lá são apresentadas dicas para fazer um coado em casa, que busca explodir o máximo do seu sabor.

Abaixo compartilho um vídeo com as dicas fundamentais do preparo com a Isabela.


Aí, é só curtir! Putz, me falta desenvolver a receita dos mantecatos que estou devendo. Trata-se do par perfeito do bom café.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O pão perdido: ovos mollet e rabanada recheada

Além de acha-la politicamente incorreta, eu me angustio com a atitude de jogar fora alimentos bons, ou mesmo de perde-los, por sua degradação ou ruindade, decorrente do exagero nas minhas compras, ou das preparações e conservações inadequadas ou, mesmo, da minha incompetência em saber escolhe-los ou prepara-los.

Nesse contexto, tenho que destacar aqui o meu entusiasmo pelas culinárias italiana e francesa, cheias de criatividade em dominar as formas de conservação de alimentos para o inverno (embutidos, geleias, frutas e ervas secas, por exemplo), a utilização desses ingredientes e os de época e a invenção de receitas com ingredientes inusitados, mas disponíveis. E isso tudo com muito sabor e saber... É história vivida em situações extremas, de inverno agressivo, de guerras. Por questão de preservação dos povos daqueles mundos, tinha que ser assim...

Bem, voltando a minha alma brasileira, aprendi com a minha mãe a arte do aproveitamento dos alimentos e a do fazer render (o tal de "botar mais água no feijão"), sem conferir a eles qualquer razão para menosprezo, como exemplifico aqui. Mamãe era de origem humilde como já comentei aqui, mas finíssima e abençoada por sua inteligência e sapiência. Na época das dificuldades, ela era capaz de fazer uma deliciosa "sopa de pedra" com alto valor nutritivo e altíssimo nível gastronômico.

Era assim que em minha casa não existia qualquer "pão perdido". Eles eram usados para fazer deliciosas torradas, pudins de pão, farinhas de pão  e rabanadas. Isso se... os pães sobravam.

Pausa para o meu privilégio: mamãe vive até hoje, que nem um vinho que se bebe maduro, melhor a cada dia.

Neste último fim de semana saboroso em Sampa, ao almoçar no Le Jazz Brasserie, um adorável restaurante francês, situado em Pinheiros (agradável ambiente, com boa carta de vinhos, excelente comida e preços razoáveis) me encontrei com os  tais "pães perdidos", que se mostravam fulgurantes desde o prato de entrada, até ao da sobremesa. Vejam só!

Os meus  deliciosos ovos mollet, servidos como entrada, eram semi cozidos inteiros, empanados com pães dormidos/perdidos, esmigalhados e fritos. Foram apresentados sobre um salteado de cogumelos e acompanhados de uma torrada de um pão de forma... perdido (imagem abaixo).


Minha deliciosa rabada gratinada, servida como prato principal, era crocada em uma farinha de pão perdido, amanteigada ( receita a ser apresentada oportunamente) 

A melhor sobremesa pedida na mesa, intitulada "Pain Perdu", razão da minha inspiração de hoje, destacou-se por sua simplicidade e sabor . Diria que tal "Pain Perdu" é uma especial rabanada, preparada como um "sanduíche", feito com duas fatias de pão de forma dormido/perdido, espremidas, sem casca, sobre uma geléia caseira de qualquer fruta vermelha. Ele é levemente afogado em leite açucarado e em ovos batidos . Esse doce "sanduíche" é grelhado dos dois lados, em pouca manteiga, até dourar( imagem abaixo) e, depois, secado em papel absorvente. Na montagem do prato, eu o corto na diagonal, formando dois triângulos, salpico sobre ele, açúcar de confeiteiro e sirvo com sorvete de baunilha ou um creme inglês.  Huuummm! 



Para o ovo mollet, eu cozinho 1 ovo caipira com casca, em água fervente, com  uma colher de sopa de vinagre (para manter a casca inteira), por 5 minutos, em fogo baixo. Passado o tempo, retiro o ovo da água fervente e o coloco em vasilha com água gelada, a fim de interromper o seu cozimento. Depois de frio e seco e na hora de servir, eu descasco o ovo delicadamente, passo-o por farinha de trigo, ovo batido e farinha de pão perdido. Frito tal empanado,  por imersão em óleo, por alguns segundos, até dourar. Retiro e coloco sobre papel absorvente.

Sirvo tal delícia sobre cogumelos de Paris, lavados, picados e salteados em uma colher de sopa de manteiga, que depois de amaciados são regados por uma colher de salsinha, um fio de azeite, uma pitada de pimenta do reino e outra de flor de sal (ou sal normal mesmo).


Eu que adoro ovo, ajoelho e agradeço!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Criança Aparecida: Crumble de frutas vermelhas

12 de outubro, dia da nossa Santa Senhora Aparecida, das nossas crianças, da festa do 12 em Ouro Preto, dos recessos escolares, enrolados por datas importantes. Coisas nossas, daqui da pátria. Para os meus, que estão fora (inclusive a minha criança, que já se acha um adola), nada tão por fora!

Eu por aqui, quis comemorar em alto estilo. Nem tanto pelos tantos significados da data, mas muito pela oportunidade de fazer encontros, num feriado ótimo, bem no meinho da semana. E também, trata-se de um grande momento para experimentar receitas e curtir o meu fogãozão. Tudo de bom!

Neste dia, fiquei às voltas com a minhas produções culinárias, por pelo menos umas 7 horas, como manda a minha tradição familiar, qual seja: passar horas na cozinha convivendo e aprontando (como já relatei aqui e aqui). Isto sem contar com o longo preparo escolhido para o peixe: defumado.  Eu tinha que tempera-lo de véspera, que neste meu caso, foi sem eletricidade e, portanto, à luz de velas.

Optei pelo salmão defumado, numa versão minha, inspirada numa receita do Chuck, acompanhado por batatas no murro, com ervas e sal grosso, que preparei de uma forma diferente da indicada aqui.

Achei que era pouco, improvisei então uma costelinha (sobrada do dia anterior), com canjiquinha, muito bem temperada. Faltava uma salada, que preparei usando uma pancetta ( ou bacon), finamente fatiada, bem fritinha e crocante, sobre uma mistura de mini rúculas e mangas picadas. Para o tempero da salada e para um upgrade no salmão, preparei um vinagrete de maracujá (caldo coado de uma fruta, emulsionado com 1 colher de mel e outra de mostarda de dijon, sal, pimenta do reino e azeite em fio, até atingir o ponto). Foi o melhor prato da festa!

Como sobremesa, preparei um crumble de frutas vermelhas, servido quente, com sorvete de iogurte natural (Yogo). Para esta sobremesa, usei uma caixa de morangos bem lavados e fatiados, uma caixinha de mirtilos e outrinha de amoras, misturadas com 2 colheres de açúcar e uma de farinha de trigo ( para dar consistência e realçar o sabor). Por cima coloquei uma farofinha, que foi disposta sobre as frutas, alhures, como quem não quer nada. Tal farofa foi preparada com 150g de farinha de trigo, 80 g de açúcar mascavo, 50g de amendoas (moídas ou em lascas) e uma boa pitada de sal, amassada, com um garfo, com 100 g de manteiga fria ( para conferir crocância).

Levei ao forno alto (220a 240 graus), pré aquecido e deixei por uns 30 minutos, ou até corar. Ou seja, tirei as batatas do forno para servir o almoço e inseri o Crumble para assar. Tal processo de cozimento, durou o exato tempo do almoço. Perfeito! O resultado é: frutinhas  "al denti", submersas em uma calda docinha, cobertas por uma casquinha saborosa e crocante. CRUMBLE de frutas.

Servi quente, com sorvete de iogurte (frozen yogurt ou, na versão mais moderna, Yogo). Com sorvete de baunilha ou o de creme, também fica ótimo.

Vejam só abaixo a beleza de tal preparação.




Gente, me desculpem, mas não tem jeito, para fazer sobremesas, tem de ter balancinha ou as referências de tais pesos, sobre as medidas das colheres ou xícaras. Senão, zebra.

Dica: esta preparação pode ser feita com qualquer fruta ( maçãs, peras, pessegos, separado ou junto e misturado) que fica ótimo, desde que se use a mesma farofinha, por cima.

Sobre as outras receitas deste almoço, me aguardem, elas aparecerão em outras postagens.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Chove chuva: Margarida em Paris

Enfim, a chuva choveu. Meu jardim, agradece.

Podem reclamar à vontade pelo caos instalado na cidade, incluindo a falta de energia na chegada da noite. Mas a chuva, no momento, vale à pena, nem que seja só para sentir este cheirinho de infância e de juventude. Era assim nessa época: se tinha que chover, chovia no momento exato do final das aulas, na hora certa de voltar para casa à pé e sem sobrinha . Nessas condições, me entregava à chuva, sem medo, sem dó nem piedade. Eu voltava ao meu lar, curtindo a tempestade, as gotas e as gotinhas, uma a uma e me molhando inteira. Se tinha treino de natação, então, eu adorava! Ali na piscina do Minas Tênis, a água ficava quentinha, meu treinador sumia e eu sentia aquele prazer extra nos treinos desregrados.

Chegar em casa depois disto tudo era muito bom. Minha avó me aguardava com a sua tradicional gemada quente, que ela preparava aos montes, para a família inteira. Ao mesmo tempo, o fusível do relógio queimava. Cada um que chegava no lar depois de um dia exaustivo, se entregava a impotência sobre qualquer produção. Que delícia: nada a fazer, cheiro de chuva, família juntinha, velas acesas, gemada quente...O melhor dos mundos.

Hoje, na falta ( de energia, ou de qualquer outra coisa), fico feito uma boba, procurando assunto na internet. Por sorte ( ou azar, nem sei!), tenho um "no break" que sustenta meu "modem" e o meu MAC, que por sua vez possui uma carga de bateria gigante. Porém, considerando as cores, os cheiros e os sons da contingência que são consequência de uma boa tempestade, eu busco as lembranças daquele tempo e fujo dos emails e do FB.

Nessa situação, encontrei um video sobre uma loja em Paris, que faz as artesanias que a minha avó fazia e faria. Claro que com os belíssimos tecidos da Liberty (aqui e imagem abaixo), inacessíveis à ela, mas certamente com a mesma inspiração dela, só pode!. Vejam só.

http://www.marieclaireidees.com/,video-la-boutique-une-fee-dans-l-atelier,2610272,53995.asp



De uma forma ou de outra, mesmo sem ter uma gemada à mão, em meio a tal tempestade, constatei: Margarida está por aqui. Ali, no vídeo, rodeada de tantas lembranças e belezuras, retornei ao melhor dos meus mundos.!

Bateria vencida, energia sumida. É hora de acender as velas, abrir um bom vinho e ir brincar com o meu fogão.

domingo, 9 de outubro de 2011

Estágio em fogão: Quenelles Lyonnaises

Estou eu aqui, às voltas com o meu novo fogão, fazendo um estágio de 20 hs, programado por mim mesma, para domina-lo perfeitamente. Este consiste em ler, buscar entender e experimentar as dicas fornecidas pelo fabricante do meu querido. E lá vou eu, me arriscando...e tentando...e apanhando... e acertando.

É assim que em dois dias, preparei nele uma focaccia 10, um frango assado com limão 10 (aqui), um ribeye 10 (aqui). Tudo isto realizado para o deleite e a avaliação das poucas pessoas que transitam por aqui. Sou uma chef Cláudia abandonada!Tudo bem, como são testes, estou preparada para reutilizar as deliciosas sobras em outras preparações incríveis.

Nesse contexto de reciclagem, farei quenelles de frango gratinadas. Tal inspiração surgiu ao receber da minha filha imagens da farra gastronomica que ela fez em Lyon, se encantando pelas quenelles, um típico prato lionês.

Trata-se de um bolinho feito com carne, ave ou peixe, condimentado, ligado com farinha de trigo, ovos batidos e manteiga. Com esta mistura obtém-se as "bolas,  que são cozidas em água fervente que nem os Nhoques italianos. As quenelles são servidas em sopas, ou gratinadas em vários molhos. Eu prefiro as gratinadas. Abaixo mostro imagem, feita pelo Gus, do prato saboreado por eles em Lyon.



Na minha versão, eu levo ao fogo 150ml de leite, 2 colheres de sopa de manteiga e um pouco de sal. Espero ferver e junto 3 colheres de sopa de farinha de uma só vez, mexendo bem até formar uma massinha homogênea. Deixo ela esfriar. Misturo nela, na batedeira, uma xícara rasa da carne desfiada , neste caso o peito de frango ao limão, que sobrou da minha outra preparação, acrescento 2 ovos um a um, batendo bem após cada adição. Junto um tanto de farinha, o suficiente para dar liga (pouca farinha, please, para não dar gosto),  corrijo o sal e coloco pimenta do reino moída na hora. Deixo a massa descansar na geladeira por 30 minutos. Com duas colheres de sopa em punho, vou fazendo os bolinhos, aproveitando a forma e o tamanho das colheres, e levo imediatamente a cozinhar na água fervente. Fica meio rústico, mas dá certo.

Em uma panela média com água fervente, temperada com sal, eu cozinho as quenelles, que estarão prontas ao subirem à tona, assim como nos nhoques. Escorro e coloco as "coisinhas" numa forma refratária para ir ao forno. Espalho sobre elas um molho de branco, preparado com cebola refogada, sal, pimenta do reino, noz moscada ralada, uma colher de farinha de trigo e uma xícara de leite. Junto uma xícara de creme de leite fresco até dar uma reduzida. Polvilho queijo parmesão ralado por cima e gratino em forno bem quente (usando o grill do meu novo forno espetacular).

Oportunamente insiro a imagem da minha preparação aqui. Inserido...



terça-feira, 4 de outubro de 2011

Estilo verão na cozinha

Nada como comemorar um aniversário de casamento para justificar o consumo frenético (útil e inútil).

É assim que comecei a minha semana de comemoração, encomendando à minha filha, que vem de fora, um blush ( Orgasm), um batom( Schiap) e um iluminador (Copacabana multiple) da Nars, marca que eu jamais experimentei, mas que sempre desejei, por saber de suas boniteza e bondade. São 3 clássicos da marca e bem rosinhas, cheios de ares de primavera verão para dar, humm!


Bem, dizem que a cor do make deste verão é o laranja. Como não caio nesta onda de modismos e já sei que o laranja em mim não rola, por meu excesso de brancura, a minha cor primavera verão será o rosa. É claro que não é nenhuma camisa de força e em sendo assim, jamais vou abandonar os meus blushs e batons escuros, sobretudo os vermelhos.

Faço uma pausa aqui para relatar a crítica que recebi de uma conhecida, sobre o uso do batom vermelho ( eu usava o Ruby Woo, Mac) na minha idade madura. Detestei a posição dela e achei bem careta, para não dizer outra coisa. Não adianta gente, todas podem achar um absurdo uma mulher como eu, de lábios passados da idade, usar batons berrantes. Mas euzinha vou usar e na maior elegância, mesmo estando longe da criança linda que porta o Ruby Woo na imagem abaixo.

Alessandra Ambrósio

Aproveito então para a passar a dica óbvia: usem tudo aquilo que gostam e que as faça sentir bem e à vontade; esqueçam as regrinhas bobas e os modismos tolos. Se houver excessos, podem acreditar que eles parecerão excentricidades e não cafonices.

Continuando com o meu momento consumo, encomendei um tal perfume da Hermès, que creio ser indispensável à realização do meu desejo de relembrar e sentir os aromas de Grasse. E ainda mais, encontrei, acidentalmente, na Sacks, a Lavanda espanhola Puig, minha velha conhecida de 12 anos atrás e que havia me abandonado, faz tempo. Mais uma lembrança européia.

Sei que é muita coisa, mas eu estava em privação e vocês sabem pelos meus escritos aqui: faz muito tempo que não me dedico ao consumo. Muiiiiiito mesmo!

Por necessidade, não parei por aí. Ao me deparar com a minha bolsa com seu fecho emperrado, não tive dúvidas, comprei uma nova (muiiiito perua, mas vou tentar),uma carteira (a minha estava rasgada) e um cinto. Precisava, mas não dos cremes adquiridos no mesmo dia. São, israelenses do Mar Morto, no qual me afoguei, com toda a minha futilidade mulherzinha. Socorro!

No dia do tal niver, é claro, adquiri o melhor de todos os presentes o giga útil fogão dos meus sonhos, bem profissa e gourmet. A minha necessidade de ter um fogão decente que valorizasse os meus preparos cuidadosos e curtidos era mais do que urgente, pois o meu velho e fiel Brastemp de 6 bocas tem mais de 20 anos. Convenhamos, ele não faz frente à realização das minhas idéias gastronômicas atuais. Assim, em breve estarei no melhor dos mundos, na minha cozinha, impregnada de cheirinho de verão e toda maquiada de rosinha, ah, ah, ah , ah!.

E à noite, relaxei e me esqueci dos apelos consumistas, preparando o meu velho conhecido Capeletti ao brodo (aqui). Delícia aconchegante, saborosa e leve, essa, ideal para tal momento. Ficou perfeito.
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